31 out de 2016
Brasil – Agricultura – Abrapa lança SBRHVI para o mercado externo e realiza reuniões com tradings que comercializam algodão brasileiro

O Algodão do Brasil está na Europa, na Inglaterra, que já foi centro mundial dos negócios de algodão, para lançar o programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) e debater com clientes os resultados da safra 2015/2016 e as perspectivas para a próxima. A comitiva da Abrapa está desde quarta-feira (19), em Liverpool (Inglaterra), onde participou de rodadas de reuniões para tratar dos avanços na cultura do algodão, desenvolvidos pelo Brasil. O algodão brasileiro já é reconhecido, internacionalmente, e os dirigentes da Abrapa, nestas reuniões com a Omnicotton, Cargill Cotton, Ecom, CFCO Agri, OLAM, Reinhart, Glencore, Dreyfus e CGG Trading avaliaram os resultados da safra que se encerra e as perspectivas para a nova safra, quando o programa SBRHVI estará em operação e contribuirá para que a qualidade da pluma produzida no Brasil tenha um patamar diferenciado de credibilidade e transparência perante o mercado. Atualmente, o Brasil é o maior produtor de algodão com responsabilidade socioambiental do mundo, sendo o maior fornecedor de algodão BC.

Abrapa realiza reuniões com tradings que operam no Brasil durante o ICA Trade Event 2016

Na reunião com a Omnicotton Agri Comercial Ltda, Miguel Faus, sócio da empresa, destacou a qualidade do algodão, nesta safra. A Abrapa, através do seu presidente, ressaltou que as perspectivas para a próxima safra são ainda melhores em termos de qualidade e quis saber como o mercado vê a criação do programa SBRHVI. Para o trader, a iniciativa tem apoio porque o algodão brasileiro passará a ter uma classificação oficial nos mesmos moldes do produto norte americano. Ele afirmou que com esse novo programa, haverá uma melhoria da imagem do algodão produzido, no Brasil, o que resultará em mais credibilidade para o produto no mercado internacional. “O programa SBRHVI é muito importante e segue uma linha de credibilidade e qualidade para o algodão brasileiro como aconteceu quando houve o licenciamento BCI”, afirmou Faus.

Outro assunto tratado foi o panorama do mercado internacional com as expectativas de safras dos países concorrentes do Brasil. A Austrália foi citada com uma expectativa de ter um volume maior a ser ofertado na próxima safra. Os estoques chineses foram outro ponto discutido. Miguel Faus destacou que eles venderam, recentemente, um volume que gerou um comportamento positivo por parte do mercado. Já sobre a safra dos Estados Unidos, o comentário foi de um volume sem surpresas e que não afetou negativamente o algodão brasileiro.

O presidente Jacobsen chamou a atenção dos presentes para os números divulgados pela Conab e disse que a safra deve ficar em torno de 1.2 milhão de toneladas. Porém, segundo Faus, as exportações não devem ultrapassar 600 mil toneladas.

O presidente da Abrapa ressaltou o momento ruim pelo qual passa o Brasil com reflexos diretos na indústria têxtil. O consumo de têxteis, no Brasil, diminuiu em função da crise econômica. “A situação só não está pior, porque o dólar tem ajudado”, disse ele.

Outro destaque do encontro foi a impressão causada pelas missões internacionais de compradores promovidas pela Abrapa, nos últimos anos. Segundo Faus, o profissionalismo visto nas fazendas brasileiras mostra a eficiência e compromisso do produtor com a qualidade em padrões semelhantes e, algumas vezes, até superior aos dos grandes produtores mundiais.

Abrapa debate o resultado da safra 2015/16 com a Cargill Cotton

Na reunião com a Cargill, a empresa ressaltou a importância do programa SBRHVI. Segundo Robin Pigot, merchandandising manager da empresa, o produto brasileiro tem um desconto no preço final, no exterior, não porque tenha menos qualidade e sim porque o processo de aferir essa qualidade é diferente. “Quando o Brasil tiver o programa SBRHVI funcionando, a confiança no algodão produzido no Brasil irá refletir no valor final pago a ele nos mercados internacionais”, disse ele.

A Abrapa esclareceu que esse programa está sendo trabalhado há 8 anos, pois envolvia construção do laboratório de referência, além da estruturação do sistema de T.I. e preparação dos laboratórios que operam no Brasil para participar da iniciativa. Para os representantes brasileiros, esse programa trará confiança e tranquilidade a todos os envolvidos na cadeia produtiva do algodão. Outro esclarecimento feito durante a reunião foi que o laboratório central, localizado em Brasília (DF), não é o único investimento feito. Além de Brasília, todos os estados que possuem laboratórios de análise do algodão estão passando por modificações e qualificações técnicas para um trabalho conjunto com um resultado que expresse confiança e, acima de tudo, credibilidade em todo o processo de certificação. Para Robin, as práticas do mercado não mudam e o importante é haver diálogo entre a Abrapa e os clientes no sentido de que todos aceitem e respeitem os resultados como oficiais. Jacobsen destacou que na safra 2016/2017 o SBRHVI estará em pleno funcionamento. Ele ainda informou que a transparência será o fator que consolidará a credibilidade porque todos os dados estarão disponíveis no sistema que operará integrado em rede com os laboratórios participantes do programa.

Marcio Guimarães, gerente comercial de algodão Brasil, reforçou o compromisso do produtor brasileiro com a transparência do processo. Para ele, o que está sendo preparado no Brasil demonstrará o que já se sabe, que a qualidade brasileira está no mesmo patamar e, em alguns casos, é superior à fibra produzida pelos principais concorrentes. “O problema do produto brasileiro não é a qualidade, porque essa sabemos que existe. A dificuldade, muitas vezes, está na forma como o produto fica estocado e as condições a que fica exposto. “Estamos fazendo um rigoroso trabalho de ponta-a-ponta para que a qualidade testada seja comprovada quando o carregamento chega as mãos do comprador final”, ressaltou Jacobsen.

Abrapa e ECOM avaliam os resultados das missões compradores

Na reunião com a ECOM, as discussões ficaram em torno do resultado da safra atual e das missões de compra e venda. Um dos pontos tratados com relação à safra foi o cuidado a ser tomado de não realizar mistura dos lotes de algodão. Tal fato, muitas vezes, prejudica o relacionamento com o comprador, pois nem sempre se consegue garantir a uniformidade de lote adequada. Para Marco Antônio Aluísio, existe mercado para todo tipo de algodão, por isso é necessário honrar o que será entregue e acordado para cada tipo de venda. Segundo ele, a qualidade do algodão produzido no Brasil é reconhecida, mas o produto deve ser entregue exatamente com a mesma qualidade que foi negociado.

Outro ponto destacado, na reunião, foi a necessidade de ter rapidez e eficiência na hora de dispor os lotes do produto. Esses fatores aliados ao cuidado com a embalagem e a etiqueta influenciam na percepção de confiança gerada pela rastreabilidade. Todos esses pontos foram destacados como necessários para que o programa SBRHVI tenha a credibilidade tão esperada pelo produtor brasileiro.

Sobre as missões, a ECOM concordou com a Abrapa que elas são importantes, mas ressaltou que saber escolher os clientes e fazer um bom trabalho para que conheçam todo o processo produtivo, no Brasil, é o fator que colocará o país num novo patamar aos olhos do mundo.

Abrapa e CFCO Agri discutem qualidade e início das operações do CBRA

A reunião com CFCO Agri teve como ponto principal a evolução da qualidade do algodão produzido, no Brasil. Marcio Kitabayashi, Brazilian Trading Manager, começou o encontro destacando o desenvolvimento do programa SBRHVI e a construção do Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA). Ele ressaltou o valor agregado que o SBRHVI trará para o algodão brasileiro, mas lembrou que esse é o final do processo. Pontuou que a preocupação com a qualidade começa na lavoura. “O laboratório só vai atestar o trabalho que o produtor faz”, disse ele. O padrão exigido na compras feitas pelos asiáticos serviu como referência, nas discussões, para exemplificar a forma de produzir e vender o algodão brasileiro. Para Kitabayashi, produzir abaixo deste padrão implica diretamente em perda de valor.

OLAM e Abrapa debatem cenário do mercado do algodão para 2017

A reunião com representantes da OLAM também teve como tema principal a qualidade do algodão produzido no Brasil. Matthew John Robbins, business head da empresa, destacou que a qualidade da pluma entregue nesta safra, é superior à da safra passada. Segundo ele, o sentimento dos compradores foi de satisfação com a qualidade, apesar de problemas ainda existentes com relação à uniformidade do produto. Um fator que ajudou o Brasil, neste ano, ainda segundo Matthew, foi a queda na oferta do algodão no mercado mundial.

Durante o encontro, países como Austrália e China foram avaliados. No caso dos australianos, a expectativa é de ser este país o maior concorrente do Brasil na próxima safra. Já no caso da China, a impressão entre os participantes da reunião é que haverá um aumento das importações, o que deverá favorecer o produto brasileiro. Apesar desse diagnóstico, a estimativa é que além dos australianos, os Estados Unidos e a Índia também devem competir com o algodão brasileiro. Para os representantes da OLAM, a competividade do Brasil estará na uniformidade do produto a ser entregue. Esse fator irá tornar o País mais atraente e competitivo.

Abrapa e Reinhart avaliam o cenário do algodão brasileiro em 2017

O encontro entre a Reinhart e a Abrapa teve a presença do vice-presidente da Reinhart, André Paratte. As discussões ficaram em torno das expectativas para o comércio do produto no próximo ano. Apesar do cenário projetar grandes desafios quando o assunto é atingir o maior número de compradores internacionais, as expectativas quanto ao algodão brasileiro foram boas.

Outro ponto favorável ao Brasil, segundo os presentes, é o crescimento no uso do algodão brasileiro pela indústria internacional. O atual cenário para a fibra brasileira é de uma boa reputação. Como o preço está competitivo em comparação ao norte americano, a expectativa é de crescimento nas vendas. Esses fatores combinados, segundo os presentes, ajudarão o Brasil nesta e na próxima safra.

O Brasil ainda tem a seu favor o lançamento do programa SBRHVI. Essa novidade aliada aos cenários traçados deverá ajudar o produto brasileiro. Essa foi a opinião corrente dos que estavam na reunião. “Estamos empenhados na transparência do nosso processo de produção e a rechecagem e divulgação dos resultados de HVI, via sistema, de forma ágil, será determinante para ajudar no crescimento das vendas”, ressaltou o presidente da Abrapa, João Jacobsen.

A Reinhart fez questão de afirmar a importância do Brasil para eles. “Os produtores têm feito um trabalho fantástico apesar dos desafios financeiros e ambientais”, pontuou André Paratte. Ele ainda agradeceu o empenho da Abrapa e seus associados na busca da qualidade através da conscientização do produtor brasileiro.

Por fim, os representantes da Reinhart destacaram que há boas perspectivas para o comércio de algodão do Brasil. A Ásia deverá, no próximo ano, aumentar as compras do produto nacional. Apesar de ser um trabalho ainda em curso, os especialistas afirmaram que é visível, nas conversas e reuniões que eles têm com compradores internacionais, o aumento da percepção da qualidade do algodão produzido no Brasil.

Glencore

Na reunião com a Glencore, o foco foi a preocupação da empresa com o impacto do programa Standard Brasil HVI no preço final da pluma produzida no Brasil. Jacobsen esclareceu que não há intenção ou expectativa de aumento estantâneo de preços, mas sim de melhoria do basis, uma vez que o Brasil entregará mais transparência em relação aos resultados de HVI. O investimento feito irá aumentar o reconhecimento da qualidade do produto nacional e, assim, a expectativa é de um aumento da comercialização.

Dreyfus e Abrapa conversam sobre as expectativas para a safra 2016/2017

A Abrapa se reuniu também com a Louis Dreyfus Company, uma das empresas com maior volume de algodão brasileiro comercializado nesta safra, para troca de opiniões a respeito do mercado de commodities, principalmente as expectativas em relação aos países produtores de algodão. A China dominou boa parte da reunião pelas vendas realizadas em 2016 e a tendência de ser novamente um grande comprador de algodão do mundo. A opinião comum, no encontro, foi de que o planeta precisará de mais algodão até 2019.

Os cenários discutidos levaram em conta os outros países produtores e, em todos os comentários, o Brasil é visto com boas perspectivas de crescimento. Apesar disso, o representante da Dreyfus, Joe Nicosia, global sênior platform head, destacou que se a fibra, no Brasil, fosse um pouquinho mais longa, a venda com base no HVI seria ideal e muito mais fácil. Já o presidente da Abrapa, João Jacobsen, admitiu que o trabalho a ser realizado com a pesquisa de novas variedades que possam proporcionar uma fibra mais longa é importante, mas vê com otimismo o caminho que já está sendo percorrido pelo algodão brasileiro.

CGG destaca parceria dos produtores brasileiros numa safra de desafios

A última reunião realizada pela Abrapa, em Liverpool (Inglaterra), nesta quarta-feira (19), foi com a CGG Trading. Os assuntos, no encontro, levaram em conta o bom relacionamento que a CGG tem com os produtores de algodão – cerca de 90 clientes – e foco nas operações de pequeno e médio porte. Só, neste ano, a CGG deve operar comercialmente 50 mil toneladas de algodão. Apesar momento econômico vivido, em especial, no Brasil, a empresa fez questão de demonstrar seu compromisso em manter a forma de trabalhar para superar o atual cenário e continuar apostando na cotonicultura brasileira.

Fonte: Abrapa

 

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