02 set de 2020
Brasil – Agricultura – Agricultores catarinenses congelam pomares de frutas de caroço para protegê-los da geada

Estimativas da Epagri indicam que produtores de frutas de caroço (ameixa, pêssego e nectarina) da região do Alto Vale do Rio do Peixe podem ter perdido cerca de 50% de sua safra com as geadas que atingiram a região. Contudo, os prejuízos não alcançaram os agricultores que congelaram seus pomares. Sim, é preciso congelar a planta para protegê-la do frio.

A técnica é chamada de controle de geada por aspersão. André Kulkamp de Souza, gerente da Estação Experimental da Epagri em Videira, explica que o investimento é alto, mas importante para os pomares da região, onde a geada acontece com mais frequência e atinge principalmente as variedades precoces. O sistema é constituído por aspersores que vão promover uma “chuva” no pomar na iminência da geada.

Com o tempo propício à geada, o fruticultor que usa o sistema fica atento. Quando a temperatura do ambiente chega a 1°C, com tendência de queda, é hora de ligar os aspersores. A proposta é criar uma boa lâmina de água sobre as plantas para que elas congelem quando a temperatura chegar a 0°C. E permaneça assim até que a temperatura do ar retorne a patamares positivos.

André explica que os danos começam a surgir em frutos quando a temperatura chega a -1°C. No caso das flores, a temperatura mínima suportada é de até -3°C. Quando a planta está completamente congelada, ela se mantém na temperatura de 0°C, independente do frio que faz no ambiente.

Cada hectare congelado demanda cerca de 30 mil litros de água por hora de aspersão

É o caso dos irmãos Marcelo e Giovane Suzin, produtores de frutas de caroço em Videira. “Nesta última geada o sistema foi acionado durante três noites: a primeira noite funcionou sete horas, na segunda foram 15 horas e na terceira foram seis horas de funcionamento”, relata Marcelo. Os irmãos têm 16 hectares cultivados com frutas de caroço, sete dos quais contam com sistemas de controle a geada por aspersão. O investimento é alto, mas evita danos nas flores, como é o caso desse pomar que não conta com a tecnologia.

Além da água, o valor de instalação pode ser um limitador para a adoção do sistema. Marcelo explica que, na propriedade que mantém com o irmão, tem três sistemas implantados, cada um com demandas diferentes de investimentos. “Têm sistemas que necessitam de maior quantidade de tubulações e bombas maiores, aumentando o custo da implantação”, descreve o agricultor.

Marcelo relata que o pagamento do investimento se dá em vários anos, pois a vida útil do sistema é longa quando as manutenções são bem feitas, podendo durar mais de oito anos.

Os irmãos Suzin captaram financiamento para implantação de alguns de seus sistemas, com oitos anos para pagar e subsídio do Programa Menos Juros da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural (SAR). Uma alternativa seria acessar o Projeto Irrigar, também da SAR, mas este está sem verbas no momento.

Mas, para quem adota, os resultados são positivos. “Nas áreas com aspersão não tivemos perdas nesta última geada”, afirma Marcelo, complementando que, nos pomares onde ainda não implantou o controle, houve perdas significativas que ainda não puderam ser avaliadas.

Fonte: Epagri

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