10 jul de 2018
Brasil – Agricultura – Análise de produção do milho safrinha

A semeadura do milho segunda safra é altamente dependente da velocidade da colheita da soja, tendo em vista que, na grande maioria dos estados, o cultivo é feito em sucessão. O atraso no início do plantio da soja postergou a época de colheita da oleaginosa e encurtou a janela ideal de semeadura do milho, fazendo com que parte da safra fosse semeada fora da janela ideal de plantio.

 

Os baixos preços, no momento da tomada de decisão do produtor, trouxeram duas consequências para a oferta do cereal. A primeira foi a redução na área semeada, agora estimada em 11,5 milhões de hectares, redução de 4,2% frente à temporada 2016/17. A segunda foi a decisão do produtor, nos principais estados, em reduzir o pacote tecnológico utilizado na cultura, sobretudo no quesito sementes e nutrição, que combinado com a instabilidade hídrica, levou a uma importante redução nos níveis de produtividade, visto que a cultura teve seu potencial produtivo bastante afetado.

 

Apesar de a temperatura não ter alcançado valores tão elevados ao longo de junho, o deficit hídrico foi bem relevante no Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, em parte de Minas Gerais, Goiás e nas regiões produtoras do Maranhão, Piauí e Tocantins, que reduziu a
produtividade média nacional em 12,8% em relação à última safra. A estimativa neste levantamento é que o país colha, em média, 4.850 kg/ha nessa safra, ante aos 5.564 kg/ha, na safra 2016/17.

 

Na Região Norte permanece a estimativa de diminuição na área plantada, agora em 4,8%, comparada com o ocorrido na safra passada. A produtividade média deve sofrer um recuo de 2,6% nessa safra, estimada em 4.144 kg/ha, resultando numa produção de 1,58 milhão de toneladas.

Em Roraima, o plantio da safra 2017/18 foi finalizado nas áreas de produção empresarial, sendo confirmados 9,6 mil hectares cultivados, superando em 26,4% a área de 2016/17. O aumento na área empresarial tem relação com a alta dos preços e também pelo fato de que incorporou áreas com cerca de três anos produzindo soja.

 

Em Rondônia, a área cultivada está estimada em 151,4 mil hectares, com produtividade aproximada de 4.586 kg/ha, resultando na produção de 694,3 mil toneladas. Atualmente o estádio da cultura é de 5% em enchimento de grãos, 63% maturação e pronto para ser colhido, 32%.

Na prática os produtores tendem a deixar o milho no campo e colher mais adiante, pois a probabilidade de ocorrência de chuva reduz à medida que o tempo passa e este tende a perder umidade.

 

No Pará, que apresentou redução na área plantada e instabilidade do clima, o milho segunda safra, plantado no polo de Paragominas deverá começar a ser colhido a partir de julho. Em Tocantins, a expectativa inicial era de uma redução expressiva na área cultivada com milho na segunda safra devido ao atraso do plantio da soja. Porém, com as boas condições pluviométricas no final de fevereiro e março, os produtores alimentaram a esperança de que essa condição perdurasse até a fase de enchimento de grãos.

 

Assim, o plantio foi realizado até um pouco mais tarde da janela ideal para o estado, sendo este fato registrado em praticamente todas as regiões produtoras do estado. Como a situação envolve um risco maior, houve por parte dos produtores, redução de investimentos em insumos e aumento no registro de utilização de semente própria. O decréscimo dos volumes de chuva, a partir da segunda quinzena de abril, e a quase completa ausência delas em maio, comprometeram os índices de produtividade da cultura
de milho.


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A Região Nordeste também registrou redução na área semeada, agora estimada em 5,3%, quando comparada à safra anterior. Com produtividade média de 2.405 kg/ha, a produção deve ser de 1,81 milhão de toneladas.

No Maranhão permanecem inalteradas as previsões quanto à possibilidade de perdas significativas nas produtividades desse cereal, tanto na área plantada que deve apresentar redução de 13,3% em relação à safra anterior, diminuindo de 198,9 mil hectares para 172,4 mil hectares cultivados.

 

No Piauí ocorreu um aumento de área na ordem de 28,4% em relação à safra passada, totalizando uma área de 63,2 mil hectares. Conforme previsto, o plantio se iniciou a partir de 15 de fevereiro nos municípios de Uruçuí e Baixa Grande do Ribeiro e no final de fevereiro e início de março nos demais municípios.

O plantio se estendeu até o final de março na maior parte das áreas, com exceção de algumas regiões no município de Baixa Grande do Ribeiro, onde o plantio avançou até o início de abril. As últimas chuvas que ocorreram na região, com boa intensidade e de abrangência geral, foram ainda na primeira quinzena de abril, após isso, apenas chuvas isoladas e de baixíssimo volume, o que prejudicou o desenvolvimento da cultura, diminuindo, consequentemente a produtividade devido ao estresse hídrico.

 

A colheita se iniciou no final de junho em 5% da área plantada. A expectativa de produtividade é de 2.236 kg/ha, correspondendo a uma redução de 5,4% em relação à safra passada.

A Região Sudeste apresentou incremento de 5,1% na área plantada, com os produtores animados com os preços em franca recuperação por ocasião do plantio. Uma combinação de elevadas temperaturas com ausência de chuvas, em períodos críticos da lavoura, comprometeu os níveis de produtividades, afetando a produção.

 

Em Minas Gerais, a área está estimada em 341,9 mil hectares, menor em 4,4% em comparação com a safra anterior em razão dos altos custos de produção e principalmente pelo atraso da colheita das culturas de verão. O clima não favoreceu as lavouras plantadas a partir de meados de março, cujo desenvolvimento ficou comprometido em razão de prolongado período sem chuvas após a semeadura.

 

Em algumas situações, os produtores destinaram as lavouras para silagem por não considerar viável a colheita. A colheita foi iniciada em alguns municípios, mas é ainda incipiente, podendo se estender até setembro em razão das diversas fases de desenvolvimento.

Com a produtividade média estimada em 5.238 kg/ha, a produção poderá atingir 1.790,9 mil toneladas. Em São Paulo, grande parte do plantio do milho segunda safra é realizado na região sudoeste do estado, que foi bastante prejudicado pela ausência de chuvas em estágios importantes das lavouras, obrigando o uso intensivo de pivôs para garantir níveis de produtividades aceitáveis.

 

Nas demais regiões do estado, onde o plantio é realizado quase que exclusivamente em áreas de sequeiro, está previsto, em função do quadro climático descrito, maiores comprometimento das lavouras, esperando-se acentuada redução na produtividade, quando comparada com o exercício anterior.  Aproximadamente 20% da área já foi colhida.

Na Região Sul, o baixo desempenho da lavoura foi afetado pela combinação da redução na área plantada com os efeitos climáticos no Paraná, a colheita está iniciando no Estado, sendo que da área de 2.131.648 ha plantada, 2% está colhida. Porém, a colheita ganhará volume a partir da metade do mês de julho, podendo se estender até setembro.

 

A produtividade é de 4.285kg/ha, o que representa uma redução de 21,5% em relação à safra anterior. Esta redução se deve à estiagem no plantio e durante o desenvolvimento vegetativo da planta. Com a chuva ocorrida em junho, algumas lavouras tiveram uma pequena melhora, mas não foi o suficiente para recuperar o potencial produtivo delas, que estão sendo consideradas regulares.

Outro fator climático que prejudicou algumas lavouras foi o vento forte, que resultou em acamamento de aproximadamente 30% das lavouras do oeste do Paraná e poderá prejudicar o ganho de peso dos grãos.

 

Estima-se que 20% da produção já esteja comercializada pelos produtores. A menor oferta prevista para este ciclo, devido às condições climáticas tem dado sustentação às cotações do produto.

Fonte: Conab

Fonte: Boletim de Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos CONAB

Texto originalmente publicado em:
Boletim de Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos CONAB
Autor: Conab
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