18 jun de 2017
Brasil – Agricultura – Aplicação na linha de semeadura de Calcário em Diferentes Estratégias Físicas de Manutenção do Sistema Plantio Direto

O objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos da combinação da aplicação de biorreguladores com a melhoria física do solo na semeadura.

Autores: Céser Fernando Teloken(1); David Peres Da Rosa(2); Caroline Ribeiro Xavier(3); Diego Fincatto(1); Rodrigo Zeni(1)

Trabalho Disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.
Trabalho Disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.

RESUMO: Com o uso do sistema plantio direto surgiu com o tempo uma camada compactada superficialmente, a qual está reduzindo o desenvolvimento das plantas, resultando no declínio da produtividade. O objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos da combinação da aplicação de biorreguladores com a melhoria física do solo na semeadura. O experimento foi conduzido a campo, através do delineamento de blocos ao acaso em esquema fatorial de (2×5), considerando como fator primário o sulcador de fertilizante (melhoria física) e secundário uso de biorreguladores. Como fator primário: solo sob sistema de plantio direto com a haste sulcadora da semeadora atuando a 7 cm (SPD7), como testemunha, e atuando a 11 cm (SPD11), como estratégia de melhoria física. Como fator secundário: sem aplicação de biorregulador, como testemunha, Nobrico® no tratamento de semente; Nobrico® no tratamento de semente + Aminolom® no florescimento; Nobrico® no tratamento de sementes + Aminolom® no florescimento e no enchimento de grãos; Nobrico® no tratamento de sementes + Aminolom® no florescimento e mais 2 x no enchimento de grãos (R1 e R3). Na avaliação da interação entre a combinação da estratégia de redução da compactação com os biorreguladores no índice de velocidade de emergência, massa seca do sistema radicular e da parte foliar, não houve. A estratégia de melhoria física, o SPD11, resultou em maior massa de 1000 grãos, 144g contra 136 g da testemunha, e, isso resultou em maior produtividade, sendo 3618,24 Mg.m-3 contra 3457,17 Mg.m-3 do SPD7, contudo, essa diferença não foi suficiente para gerar diferença significativa nesse parâmetro. Com relação a parte biológica, não houve alteração significativa nos parâmetros avaliados, fato relacionado as excelentes condições climáticas da região para o desenvolvimento da soja na região.

Termos de indexação: Sulcador, soja, manejo biológico

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a área cultivada com soja tem aumentado consideravelmente, mas ainda está longe do seu real potencial. Isso ocorre devido desequilíbrio nutricional, condições climáticas e/ou problemas de compactação do solo. Segundo dados da CONAB a safra de soja 2014/2015 deve gerar uma produtividade 93,58 milhões de toneladas dessa cultura, o que indicando um aumento de mais 8% em relação ao ano anterior.
No cultivo dessa planta, o sistema manejo mais empregado no país é o sistema de plantio direto (SPD), o qual trouxe inúmeras vantagens para melhorar as formas de manejar o solo, mas em contrapartida, ao longo dos anos, o solo vem demostrando problemas de compactação física do solo.

Em face da compactação, o agricultor vem empregando implementos de mobilização do solo tais como escarificadores e/ou subsoladores, que caracteriza o manejo como cultivo mínimo. Nesse sentido estudos de Rosa et al. (2008) apontam para a redução da compactação do solo com emprego desse implemento, contudo, mantém pouca parte da palha sobre a superfície, quando empregado subsoladores sem disco de corte de palha (convencionais). A camada compactada nesse sistema de manejo está entre 0,07-0,15m (Reichert et al., 2008), camada que é conseguida ser atingida quando no emprego de haste sulcadora de adubo na semeadora, contudo, tal técnica é pouco estudada e conhecida no Brasil.

Outra estratégia de aumento das raízes frente essa camada compactada está no emprego de biorreguladores, que alteram a fisiologia e o desenvolvimento das plantas. Estes são oriundos de compostos orgânicos que, em quantidades extremamente pequenas, promovem, inibem ou modificam qualitativamente processos fisiológicos envolvidos no desenvolvimento da planta (Floss, 2004). Segundo (Vieira & Castro, 2004), através da aplicação de tais substâncias pode-se interferir nos processos fisiológicos, dentre eles: a germinação das sementes, o vigor inicial das plântulas, o crescimento e o desenvolvimento radicular e foliar, e a produção decompostos orgânicos. Tal interferência pode ocorrer via aplicação no tratamento de sementes, ou via foliar. Contudo, cuidados na dose necessitam serem tomados, bem como, o momento de aplicação, conforme relata Moterle et al. (2008).
Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos da combinação da aplicação de biorreguladores com a melhoria física do solo na semeadura, bem como, os momentos de aplicação do biorregulador.

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

O trabalho foi realizado em Nitossolo Vermelho (EMBRAPA, 2006) da área experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Câmpus Sertão, sendo que a área é conduzida em sistema de plantio direto há mais de 20 anos. Como cultura em análise, foi utilizada a cultivar de soja Agroeste® 3570 RR2 PRO.

Tratamentos

Os experimentos foram conduzidos a campo empregando o delineamento de blocos ao acaso em esquema fatorial de (2×5), considerando como fator primário o sulcador de fertilizante (melhoria física) e fator secundário o uso de biorregulador. Como fator primário, teve: sulcador da semeadura atuando há 7 cm de profundidade (SPD7), este como testemunha, e o sulcador a 11 cm de profundidade (SPD11) como estratégia de melhoria física do solo. Como fator secundário o uso de biorreguladores em diferentes estágios e formas de aplicação, sendo: sem aplicação, esse como testemunha; nobrico® no tratamento de semente; nobrico® no tratamento de semente + aminolom® no estágio V5; nobrico® no tratamento de sementes + aminolom® no estágio V5 e no R1; nobrico® no tratamento de sementes + aminolom® no estágio V5, R1 e R3.

 

Máquinas empregadas

A semeadora empregada era dotada de 7 linhas equipadas com sulcador do tipo guilhotina, configurada em espaçamento de 45 cm entre linhas. As aplicações de biorreguladores foram efetuadas com um pulverizador costal dotado de motor elétrico e barra de 4 bicos.

Parâmetros coletados

Foi avaliado o índice de velocidade de emergência (IVE), a produtividade (avaliando 6 m2), a massa de mil grãos, a massa seca de raiz e da parte foliar, para verificar o efeito dos tratamentos no desenvolvimento da soja. O IVE foi realizado através da contagem diária das plântulas emergidas, perfazendo a leitura até que não alterasse o valor por 3 dias consecutivos. A massa do sistema radicular foi avaliada segundo a metodologia proposta por Hanway (1963), a qual a planta é seccionada na base e lavada as suas raízes em água corrente, logo após são secas em estufas com circulação de ar forçado à 65 ºC até chegar a massa constante. Para esse parâmetro foram coletadas aletoriamente 5 plantas por parcela no estádio R6, contendo grãos verdes preenchendo as cavidades da vagem de um dos quatro últimos nós do caule e com folha completamente desenvolvida (FEHR et al.,1971). A parte foliar restante da separação das raízes foi utilizada para mensurar a massa da parte aérea.

 

Análise estatística

Após a obtenção dos dados, os mesmos foram organizados em planilha eletrônica para após passarem pela avaliação estatística realizada pelo programa estatístico Assistat 7.7 BETA (Silva & Azevedo, 2009), constando de análise de variância (ANOVA), teste de normalidade e comparação de médias através do teste Tukey ao nível 1% e 5% de probabilidade de erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados de índice de velocidade de emergência (IVE), massa seca de plantas (MSp), massa seca do sistema radicular (MSr), massa de mil grãos (M1000) e produtividade estão apresentados na Tabela 1. Não houve interação entre o manejo biológico com o mecânico na semeadura em nenhum dos parâmetros em análise, bem como, não houve variação significativa da aplicação dos biorreguladores. Tal fato pode estar vinculado a condições climáticas, que na região foram excelentes para o desenvolvimento da planta . Corroborando a isso, em soja, Moterle et al. (2008) encontraram aumento da área foliar quando realizado tratamento com biorregulador na semente e com aplicação de 211 mL.ha-1 via foliar no estádio, isso no primeiro ano, já no segundo ano agrícola, os autores não encontram diferença significativa (p > 0,05) entre os tratamentos na produtividade, embora os dados alcançados foram superiores aos obtidos no primeiro ano, as condições climáticas foram boas, apontando assim que dentre os princípios básicos para melhorar a eficácia do biorregulador na cultura da soja é a condição climática adversa.

 

Tabela 1. Índice de velocidade de emergência (IVE), massa seca de plantas (MSp), massa seca do sistema radicular (MSr) da soja, massa de mil grãos (M1000) e produtividade (Prod.) da soja sob os tratamentos em estudo.

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Assim como Moterle et al. (2008), a matéria seca das raízes e da parte área foi maior nos biorreguladores, chegando a um aumento de até 19%, quando aplicado o nobrico® via semente e aminolon® via foliar no estágio V5, contudo tal incremento não foi significativo, corroborando para a constatação das condições climáticas.
Avaliando o efeito isolado do manejo mecânico nos tratamentos, houve diferença no IVE e na M1000, sendo que no segundo parâmetro, o SPD11 apresentou 144,50 g contra 136,50 g do SPD7 (Testemunha), isso irá acarretar em aumento de produtividade, porém, nesse quesito, não ocorreu diferença significativa.
A alteração fisiológica dos biorreguladores resultaram em incremento da produtividade, de 144,2 Mg.ha-1, testemunha contra nobrico®, indo até 342,88 Mg.ha-1, testemunha contra nobrico® no tratamento de semente e aminolom® no florescimento, no entanto, não foi suficiente para gerar diferença significativa, apontando novamente para a necessidade de condições climáticas adversas para o bom funcionamento de tais biorreguladores.

 

CONCLUSÕES

A combinação entre a estratégia de redução da compactação na semeadura com biorreguladores não teve interação nas características agronômicas da soja, apontando que as condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da soja reduziram o efeito de tal combinação.
O emprego de sulcador mais fundo resulta em maior massa de grãos de soja, mesmo em boas condições hídricas para a planta.

AGRADECIMENTOS

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) Câmpus Sertão pela cedência da bolsa de iniciação tecnológica, a área e os insumos para pesquisa.

REFERÊNCIAS

AFZALINIA, S.; ZABIHI, J. Soil compaction variation during corn growing season under conservation tillage.Soil Tillage & Research, 137: 1–6, 2014.

CASTRO, P. R. C. et al. Análise da atividade reguladora de crescimento vegetal de tiametoxam através de biotestes. Revista UEPG, 13: 25-29, 2007.

EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: EMBRAPA, 2006, 412 p.

FEHR, W. R.; CAVINESS, C. E; GURMOOD, D. T.; PENNINGTON, J. S. Stage of development description for soybean, Glycine max (L.) Merrill. Crop Science, Madison, v. 11, p. 929-931, 1971.

FLOSS, E. L. Fisiologia das plantas cultivadas: o estudo que está por trás do que se vê. 2. ed. rev. ampl. Passo Fundo: UPF, 2004. 536 p.

HANWAY, J. J. Growth stages of corn (Zea mays, L.). Agronomy Journal, 55: 487-492, 1963.

MOTERLE, L.M.; SANTOS, R.F.; BRACCINI, A.L.; SCAPIM, C.A.; BARBOSA, M.C. Efeito da aplicação de biorregulador no desempenho agronômico e produtividade da soja. Acta Scientiarum. Agronomy, 30: 701-709, 2008.

ROSA D. P.; REICHERT J. M.; SATLLER A.; REINERT D. J.; MENTGES M. I. VIEIRA D. A. Relação entre solo e haste sulcadora de semeadora em Latossolo escarificado em diferentes épocas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 43: 395-400, 2008.

SILVA, F. de A.S.; AZEVEDO, C.A.V. de. Principal Components Analysis in the Software Assistat-Statistical Attendance. Anais…In: WORLD CONGRESS ON COMPUTERS IN AGRICULTURE, 7, Reno-NV-USA: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2009.

VIEIRA EL & CASTRO PRC. Ação de bioestimulante na germinação de sementes, vigor de plântulas, crescimento radicular e produtividade de soja. Revista Brasileira de Sementes, 23:222-228, 2001.

VILA, M.R.; BRACCINI, A.L.; SCAPIM, C.A.; ALBRECHT, L.P.; TONIN, T.A.; STÜLP, M. Bioregulator application, agronomic efficiency, and quality of soybean seeds. Scientia Agricola, v.65, n.6, p.567-691, 2008.

Informações dos autores:

(1)Acadêmico do curso Bacharel em Agronomia; Bolsista BICTES-IFRS Câmpus Sertão; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Câmpus Sertão; Sertão, RS;

 (2)Professor e pesquisador.

Disponível em: XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo. O Solo e Suas Múltiplas Funções, Natal, Rio grande Do Norte, 2015

 

 

 

 

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