“A pastagem em si, seja ela adubada ou seja em uma área de alta fertilização, como as área de soja, são capazes de praticamente dobrar a quantidade de carbono que tem no seu solo, trazendo para a gente argumentos extraordinários para pautar a sustentabilidade da pecuária brasileira”, acrescentou.
Bruno respondeu se a implantação do sistema é proporcionalmente dispendiosa para o pecuarista. “Dizer que é caro… É difícil a gente botar essa palavra para definir isso. Eu diria para você que é um sistema que requer um pouco mais de investimento, sim. É um sistema em que o custeio é um pouco maior, sim. Mas quando a gente fala em margem, a gente fala que é uma pecuária mais lucrativa. A gente fala que é uma pecuária que é capaz de produzir mais naquela mesma área de terra que você tem. Então você tem que levar em conta o quanto você vai produzir nela, quanto custaria essa terra que você teria que comprar para produzir esse mesmo tanto de carne que a gente está produzindo hoje numa área bem menor”, ilustrou.
Entretanto, Bruno comentou uma estimativa que aponta que o retorno sobre o investimento em integração para o produtor é de até R$ 4,00 para cada R$ 1,00 aplicado no sistema (relembre no link abaixo). “A gente quer acreditar que essa é mais ou menos a base de cálculo que a gente tem. E os projetos precisam ser muito bem feitos. Esse é um ponto. Eu acho que uma das dificuldades que a gente tem é ganhar maturidade nesse processo da integração, é o produtor conhecer o potencial de produtividade da terra dele para ele ter noção do quanto ele pode investir, do quanto ele vai retornar. Mas os números são sempre positivos e sempre encorajadores”, valorizou.
Carneiro ponderou que para o produtor de gado é sempre mais complicado sair de uma atividade de baixo risco para outra modalidade, mas sugeriu algo que pode tranquilizar o “coração de pecuarista”.
“O coração pecuarista é um coração de menos risco, de uma atividade de médio para longo prazo. Eu venho de casa de pecuaristas, eu sei como pecuarista pensa, como pecuarista de quarta geração que sou em casa. A gente nunca quer entrar numa atividade que traga risco rápido e quando você fala de uma safra de soja, a gente está falando de 100, 110 dias, 105 dias, dependendo do ciclo dessa cultura. No milho vai para 150 dias. Então é uma coisa que pode dar errado num prazo muito curto quando a gente compara com o prazo de engordar um boi, que seja por 18 meses nos dias de hoje. Então em relação ao boi, a lavoura, sim, traz essa atividade de risco um pouco maior. A floresta nem tanto, porque o prazo é maior, mas você não sabe por quanto vai vender, tem as dificuldades do plantio, nem sempre ele sai como você gostaria. Então eu diria que para gerenciar tudo isso o que você precisa é de uma boa assistência técnica, de um bom projeto montado”, indicou.
Bruno salientou a importância de um bom projeto de investimento. “A gente precisa saber aonde está indo porque para quem não sabe para onde vai qualquer caminho serve. Mas desde que o projeto esteja montado, os riscos sejam entendidos, você enquanto agropecuarista vai ser capaz de minimizá-los, de usar ferramentas, de buscar atender às exigências técnicas que sejam capazes de manter essa integração lavoura-pecuária ou lavoura-pecuária-floresta dentro das margens aceitáveis. No final do dia, estamos todos numa indústria a ceu aberto. Não tem muito o que fazer. Se chove, se não chove, a gente tem o impacto direto no sistema e isso é diferente na lavoura, por exemplo, do que é na pecuária. Então a gente precisa de um bom planejamento, de uma boa assistência para fazer com que esse negócio aconteça”, frisou.
O especialista ainda fez mais uma recomendação para encorajar os produtores a buscarem os sistemas integrados de produção. “Eu diria que a gente precisa conversar mais com os amigos, a gente precisa visitar as fazendas que têm feito isso para buscar montar sistemas de produção que se adequem ao seu sistema. […] Eu acho que o grande desafio para o futuro é cada pecuarista entender que o seu sistema é único e que ele precisa visitar outras fazendas, ele precisa ir aos dias de campo, ele precisa se informar mais para construir na sua cabeça o que é melhor para você. Nós estamos falando aqui do Oiapoque ao Chuí. Qual é o seu ambiente, oque você tem na sua região, qual é a logística, qual é o mercado? Para que você não passe para um sistema que você viu em Mato Grosso, mas talvez no Mato Grosso do Sul não sirva exatamente igual. Para que você adeque o seu sistema ao melhor integrado que você possa ter e, com isso, os frutos aconteçam, a rentabilidade chegue e a gente consiga trazer sustentabilidade para nossa agropecuária brasileira”, concluiu.
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