13 fev de 2018
Brasil – Agricultura – Avaliação de herbicidas para controle de Amaranthus palmeri em plantas com mais de 25 cm de altura

No Brasil, a ocorrência da espécie de caruru: Amaranthus palmeri é recente (encontrado no MT em 2015), porém em importantes produtores de soja e milho, como Argentina e Estados Unidos, é uma das principais plantas daninhas registradas.  Assim, o Portal Mais Soja traz o relato de um experimento realizado na Argentina avaliando herbicidas para o controle de plantas de caruru.

 

Titulo: Avaliação de alternativas de controle químico Amaranthus palmeri maior que 25 cm de altura

Por: Juan Carlos Papa e Daniel Tuesca, disponível no Portal do Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (Inta) da Argentina.

 

O Caruru, Amaranthus palmeri, é uma espécie originária do hemisfério norte, foi detectado, como um grande problema durante o 2011-2012 no sudoeste da província de Córdoba e desde então tem se espalhado pela Argentina.

Esta espécie têm atributos biológicos que o tornam uma erva daninha extremamente agressiva e difícil de controlar com herbicidas, especialmente, em estágios avançados de sua ciclo.

 

A. palmeri é uma espécie anual, dióica, nativa no Noroeste do México, Sul da Califórnia, Novo México, México e Texas. A taxa de crescimento pode atingir até 4 cm por dia e produz 600 mil sementes por planta, é altamente tolerante ao estresse ambiental ou causado por tratamentos de herbicidas não eficientes, recuperando-se rapidamente

No cultivo de milho pode causar perdas entre 11 e 91% (Massinga et al., 2001) e em soja entre 17 e 79% (Klingaman & Oliver 1994). Na Argentina, já foi detectado a existência de biótipos resistentes ao glifosato e aos herbicidas inibidores de ALS (Tuesca et al., 2016).

 

Por este motivo, é altamente recomendável que em áreas onde começam a se registrar a presença desta espécie as estratégias destinadas ao controle considerem as populações resistentes e evitem tratamentos com esses grupos de herbicidas, desta forma, se evitarão falhas nos tratamentos e consequente aumento da densidade populacional.

 

O objetivo deste experimento foi avaliar a eficácia de diferentes tratamentos de herbicidas destinado ao controle de plantas de A. Palmeri em estágio avançado de desenvolvimento (25-35 cm de altura e início do estado reprodutivo).

Materiais e métodos:

O experimento foi realizado em um campo de produção agrícola da cidade de Totoras, Santa Fé, durante a safra 2016/2017. Foram avaliados tratamentos em uma única aplicação e em aplicação sequencial (tratamentos números 8,9 e 10). No momento da realização do primeiro tratamento, as plantas de A. palmeri estavam com 25 a 35 cm de altura e 45% dos indivíduos no início de floração.

 

Os tratamentos são detalhados na Tabela 1.

A primeira aplicação foi realizado em 11 de janeiro de 2017 com temperatura de 29º C e uma umidade relativa de 65% e a segunda aplicação foi realizada em 11 de fevereiro de 2017 com temperatura de 33º C e umidade relativa de 40%.

 

No momento da realização do segundo tratamento, as plantas de A. palmeri estavam significativamente afetadas como resultado do primeiro tratamento.

Os sintomas observados foram uma redução em seu crescimento, clorose leve e deformações nas folhas e caules, mas 25% dos indivíduos estavam começando para rebrotar.

 

O equipamento de aplicação usado foi  com compressão de CO2, equipada com uma barra de 4 bocais com bicos Teejet 8001 que aplicavam um fluxo de 100 l/ha a uma pressão de 2,0 Bar e a uma velocidade de 4,5 Km/h. As avaliações foram feitas visualmente, avaliando-se a porcentagem de controle sobre a testemunha sem aplicação.

 

As avaliações de controle foram feitas 30 e 60 dias após a aplicação. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, transformação anterior para arco seno da raiz quadrada de valor e depois re-transformado para apresentação no gráfico.

Resultados e Discussão:

Aos 30 dias após a aplicação, os tratamentos que receberam uma unica aplicação, em todos os casos, tinham um desempenho relativamente baixo com valores de controle que não chegavam a 80% de eficiência; neste grupo, melhor controle foi alcançado com a combinação de paraquate e 2,4 D, seguido pelo tratamento correspondente ao glifosato com piraflufeno-etil e 2,4 D.

 

Um detalhe a destacar é que, em geral, tratamentos com uma única aplicação que incluíam herbicidas “hormonais” destacaram-se. No entanto, em uma única aplicação não são capazes de alcançar um controle satisfatório.

Na avaliação realizada aos 60 dias após a aplicação, os tratamentos apresentaram rebrote e diminuíram os percentuais de controle em relação à primeira avaliação. A exceção para isso correspondeu à combinação de glifosato com glufosinato de amônio e 2,4 D que manteve os valores de controle inicial.

 

A melhor performance corresponde aos tratamentos com aplicações sequenciais de paraquate, glufosinato de amônio e por saflufenacil, nesta ordem de eficácia. Esta aplicação sequencial já tem sua eficácia comprovada em diversos trabalhos, sendo importante para controle de outras espécies daninhas em porte mais avançado, como: Conyza bonariensis (Cortés e Venier, 2012; Ustarroz e Rainier 2012) e Gomphrena perennis (Ustarroz, 2014).

Embora as aplicações sequenciais tenham se mostrado uma técnica eficaz para controle de plantas em fase adiantada do ciclo, destaca-se que esta técnica não deve ser aplicada rotineiramente, pois as indicações de controle são em plantas com menor porte.

Conclusão:

Para as condições em que o experimento foi realizado, podemos concluir que os tratamentos simples tiveram um desempenho insatisfatório, com exceção da combinação de paraquate com 2,4D, que forneceu um  controle regular (próximo a 70%).

 

Os melhores resultados corresponderam a tratamentos sequenciais, pois apresentam baixo índice de rebrote.

Fonte: INTA Argentina

Sobre os Autores:

Juan Carlos Papa -Pesquisador da área de Proteção Vegetal do Inta, EEA Oliveros.

Daniel Tuesca–  Professor de Plantas Daninhas  da Faculdade de Ciências Agrárias de Rosário, Zavalla, UNR

Tradução/adaptação:  Equipe Mais Soja

 

Para saber mais Sobre esta importante Planta Daninha no Brasil, confira:

Texto originalmente publicado em:
Inta Oliveros
Autor: Juan Carlos Papa e Daniel Tuesca
Fonte: Mais Soja
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