16 jul de 2017
Brasil – Agricultura – Cultivo de milho sobre diferentes coberturas e formas de descompactação do solo, em plantio direto

O objetivo desse estudo foi avaliar a produção de biomassa de milheto e crotalária cultivadas sobre diferentes formas de descompactação do solo e correlacionar com produtividade do milho cultivado em sucessão, em duas safras agrícolas (2013/14 e 2014/15) em uma área em SSD.

Autores:  Amanda Yamada Tamburús, José Luiz Rodrigues Torres, André Luis Benaventana Leal Junior, Venâncio Rodrigues e Silva, Ricardo de Oliveira Parolini

Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.
Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.

Palavras-chave: semeadura direta; biomassa; compactação.

O milho (Zea mays L.) tem se destacado como um dos principais cereais produzidos no mundo e tem o Brasil como um dos principais produtores, que ocupa a terceira posição no cenário mundial, contudo ainda tem produtividade considerada de média a baixa, de apenas 5,3 t ha-1. Este rendimento insatisfatório está relacionado a vários fatores, dentre eles pode-se destacar o manejo inadequado do solo, correção da acidez e da fertilidade do solo. Com relação ao manejo, o principal problema tem sido o agravamento dos problemas em relação à compactação do solo, que alteram a dinâmica do ar e da água, que prejudicam o desenvolvimento das plantas.

 

Mesmo em área sob sistema de semeadura direta (SSD) alguns estudos têm evidenciado a alteração da qualidade estrutural do solo à medida que os cultivos vão se sucedendo, principalmente problemas de compactação do solo, da mesma forma que ocorre no sistema de semeadura convencional (SSC), pois as características texturais e estruturais do solo continuam as mesmas, pois enquanto no SSC o revolvimento periódico promove o reorganização das partículas e dos agregados, no SSD ocorre uma acomodação das mesmas na camada superficial, que pode ser amenizada pela cobertura vegetal e pela ação benéfica das raízes das plantas cultivadas. O objetivo desse estudo foi avaliar a produção de biomassa de milheto e crotalária cultivadas sobre diferentes formas de descompactação do solo e correlacionar com produtividade do milho cultivado em sucessão, em duas safras agrícolas (2013/14 e 2014/15) em uma área em SSD.

 

O estudo foi conduzido no município de Uberaba-MG, localizado entre as coordenadas 19°39’19”S e 47°57’27’’W, a cerca de 795 m de altitude, numa área que apresentava um histórico de mais de 10 anos onde a vegetação espontânea vinha se desenvolvendo naturalmente. O solo foi caracterizado como LATOSSOLO VERMELHO Distrófico, textura media. A precipitação, temperatura e umidade relativa do ar média anual são de 1.600 mm, 22,6 °C e 68 %, respectivamente. O clima é classificado como Aw, tropical quente, segundo Köppen, com inverno frio e seco.

 

O delineamento utilizado foi de blocos casualizados em esquema fatorial (2 x 5 x 2) com parcelas subdivididas. Foram avaliadas as produções de duas coberturas de solo: 2 – Braquiária (B) (Urochloa brizantha cv marandú); 2 – Milheto ADR 500 (M) (Pennisetum glaucum L.); Cinco formas de descompactação: 1 – Sem preparo; 2 – Escarificador 30 cm; 3 – Escarificador 50 cm; 4 – Subsolador 30 cm; 5 – Subsolador 50 cm; Em dois anos seguidos: 1 – 2014; 2 – 2015, com quatro repetições em parcelas de 50 m² (5,0 x 10,0 m).

A amostragem da biomassa seca (BS) foi em 2 pontos por parcela, numa área de 2,0 m2, que foram secas, pesadas e os resultados expressos em kg ha-1. Após esta amostragem, as coberturas foram dessecadas aplicando-se 1440 g ha-1 de glifosato+ 600 g ha-1 de Paraquat.

A densidade do solo (Ds), umidade volumétrica do solo (Uv), macroporosidade (Ma), microporosidade (Mi) e Porosidade total (PT), resistência mecânica penetração (RP) foram avaliadas nas profundidades de 0,00-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,30 e 0,30-0,40; 0,40-0,50 e 0,50-0,60 m), com 3 repetições, em parcelas de 4,0 x 5,0 m.

 

Para avaliar a RP utilizou-se um penetrômetro de impacto modelo IAA/Planalsucar, com ângulo de ponteira cônica de 30°. Os dados de campo foram obtidos em números de impactos (dm-1), transformados em kgf cm-2 através da equação R (kgf cm-2) = 5,6+6,98 N, depois multiplicados pela constante 0,098 e transformados em MPa (ARSHAD et al., 1996). A Ds foi determinada pelo método do anel volumétrico. A avaliação da Uv foi realizada no momento da avaliação da RP e nas mesmas profundidades. A distribuição de poros por tamanho foi determinada em amostras com estrutura indeformada. A Ma, PT e Mi foram determinadas segundo Embrapa (1997). A produtividade do milho foi avaliado nas duas linhas centrais de cada parcela. Os dados foram submetidos à análise de variância, utilizando-se o programa SISVAR. Aplicou-se o teste F para significância e as médias comparadas pelo t de Student (p < 0,05).

 

Na área em estudo observou-se a presença de uma camada compactada na profundidade entre 0,10 a 0,30 m. Foi possível observar que a resistência à penetração (RP) atingiu valores de 3,35 e 3,27 Mpa, que foram maiores (p < 0,05) quando comparados às outras profundidades. Com relação à Ds, os valores variaram entre 1,64 a 1,71 MPa, enquanto que para a Uv variaram entre 0,15 a 0,19 cm3 cm- 3. Observou-se uma tendência de diminuição destes valores de Ds e Uv em maiores profundidade. Em geral, valores de RP em torno de 2,5 MPa são considerados baixos, ao passo que valores em torno de 3,5 a 6,5 MPa, são considerados como capazes de causar problemas para o desenvolvimento radicular de Fabáceas e Poáceas (TORRES; SARAIVA, 1999). Entretanto vários autores aceitam que 2,0 MPa de RP no solo é o limite crítico para o desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea das plantas (SILVA et al., 2008). Para a Ds, Araujo et al. (2004) registram os valores críticos de 1,65 kg dm-3 para solos arenosos e 1,45 kg dm-3 para argilosos.

 

A produção de BV de milheto variou entre 27,1 a 39,1 t ha-1 no ano de 2013/14 e 25,9 a 37,7 t ha-1, que foram significativamente maiores quando comparado a crotalária, que variou de 10,9 a 16,3 t ha-1 em 2013/14 e DE 37,5 a 53,6 t ha-1 no ano de 2014/15. Com relação a BS na safra 2013/14, a produção foi significativamente maior para crotalária (5,3 t ha-1) na área sem preparo, enquanto que para o milheto, o mesmo ocorreu para a área sem preparo (11,4 t ha-1), com escarificação a 30 (12,3 t ha-1) e a 50 cm (12,4 t ha-1) de profundidade, quando comparado aos outors tratamentos. No ano 2014/15, a produção de BS variou entre 9,9, 8,4 a 13,4 t ha-1 para o milheto e de 13,1 e 20,6 t ha-1, sem ter ocorrido diferenças significativas entre os tratamentos.

A produtividade de milho variou entre 8,66 e 9,67 Mg ha-1, sem ocorrer diferenças (p < 0,05) entre os tratamentos, enquanto que em 2014/15 variou entre 8,57 e 9,97 Mg ha-1, sendo os valores significativamente maiores (p < 0,05) nos tratamentos 3, 4 e 5, quando comparados a 1 e 2. Para os parâmetros peso da palha, do sabugo e dos grãos do milho não observados diferenças significativas (p < 0,05) em nenhum dos dois anos avaliados.

Neste estudo pode-se observar que o solo encontra-se com maior RP na camada entre 0,10 a 0,30 m de profundidade. A produção de BS da crotalária foi maior na área sem preparo, enquanto que o mesmo ocorreu no milheto na área sem preparo e escarificadas. A produtividade do milho não foi influenciada pelos tratamentos avaliados.

Referências

ARAÚJO, M.A. et al. Efeitos da escarificação na qualidade física de um Latossolo Vermelho distroférrico após treze anos de semeadura direta. R. Bras. Ci. S., 28: 459-504, 2004.

ARSHAD, M.A.; LOWERY, B.; GROSSMAN, B. Physical tests for monitoring soil quality. In: DORAN, J.W.; JONES, A.J., eds. Methods for assessing soil quality. S. Sc. Soc. of Am. Jour., p.123-141, 1996.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa Agropecuária de Solos (Rio de Janeiro). Manual de Métodos de análise de solo. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1997. 212p.

SILVA, G.J.; VALADÃO JÚNIOR, D.D.; BIANCHINI, A.; AZEVEDO, E.C.; MAIA, J.C.S. Variação de atributos físicohídricos em Latossolo Vermelho do cerrado Mato-grossense sob diferentes formas de uso. R. Br. Ci. S., v. 32, p. 2135-2143, 2008.

TORRES, E.; SARAIVA, O.F. Camadas de impedimento do solo em sistemas agrícolas com a soja. Londrina: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Circular Técnica, 23).1999. 58p.

Informações dos autores:

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba, Bolsista, Uberaba – MG 

Disponível em: Anais XX Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água – RBMCSA. Foz do Iguaçu, PR. 2016.

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