10 ago de 2017
Brasil – Agricultura – Desempenho de culturas cultivadas em sucessão à soja tratada com diferentes herbicidas residuais

Objetivou-se com este trabalho avaliar o desempenho agronômico das culturas de crambe, feijão-azuki, milheto e capim-xaraés cultivadas em sucessão na cultura de soja tratada com herbicidas residuais e a contribuição destes herbicidas no controle de plantas daninhas nas culturas de safrinha.

Autores: SOUSA, J.B.1; MARTINS, D.A.2; TEIXEIRA, M.B.2; JAKELAITIS, A.2; OLIVEIRA, J.G.2

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização dos autores.

Introdução

Na região Centro-Oeste do Brasil, é comum ter duas safras agrícolas no mesmo ano devido à adequada condição ambiental. A soja é plantada normalmente como cultura principal, devido à sua maior rentabilidade em comparação com demais culturas, e, nos últimos anos, têm surgido algumas outras culturas que tem mostrado potencial para cultivo em sucessão à soja.

 

Dentre as culturas cultivadas no Cerrado brasileiro em sucessão destaca-se o milheto, pois o seu cultivo tem se expandido, devido à sua rusticidade, ao crescimento acelerado, à adaptação a solos de baixa fertilidade e à própria capacidade de produção de biomassa vegetal. Como outra possibilidade, além do milheto tem-se as forrageiras como o capim xaraés, cuja principal característica é possuir alto potencial de produção de forragem na entressafra em sucessão à soja. Com o advento da produção do biodiesel, o crambe é uma oleaginosa que se tornou opção bastante interessante por apresentar vantagens como precocidade, tolerância à seca e a geadas, baixo custo de produção e boa produtividade.

 

Outro sucessor à soja é o feijão azuki, uma espécie originária da China, onde é cultivada há séculos e vem ganhando espaço na culinária brasileira, sendo produzido, sobretudo, pelos colonos japoneses.

 

Entre os problemas que afetam a produtividade das culturas, destaca-se a interferência das plantas daninhas. O uso de herbicidas é o método de controle mais utilizado e eficiente na agricultura mais tecnificada, porém, a disponibilidade atual de herbicidas registrados no Brasil e informações sobre a seletividade para aplicação após a emergência destas culturas ainda é pequena. E, dentre as estratégias para otimizar a eficácia do controle de plantas daninhas, incluem-se a utilização de herbicidas que possuem atividade residual no solo.

 

Neste contexto, partindo da hipótese de que herbicidas com efeito residual, aplicados na pós-emergência do cultivo da soja no verão, não afetam o desenvolvimento e produtividade das culturas de safrinha, objetivou-se com este trabalho avaliar o desempenho agronômico das culturas de crambe, feijão-azuki, milheto e capim-xaraés cultivadas em sucessão na cultura de soja tratada com herbicidas residuais e a contribuição destes herbicidas no controle de plantas daninhas nas culturas de safrinha.

 

Material e Métodos

 

Quatro ensaios foram conduzidos de novembro de 2014 a julho de 2015, na área Experimental do Instituto Federal Goiano-Campus Rio Verde, Rio Verde, GO. O solo da área foi identificado como Latossolo Vermelho distroférrico, sendo que a temperatura média anual do local variou de 20 a 35°C e as precipitações pluviais oscilaram de 1200 a 1500 mm anuais.

 

O delineamento experimental foi em blocos completos ao acaso, com quatro repetições, sendo testados os herbicidas: imazethapyr na dose de 1,0 L ha-1 de Zethapyr® (T1), imazethapyr na dose de 1,5 L ha-1 de Zethapyr® (T2), chlorimuron na dose de 60 g ha-1 de Classic® (T3), chlorimuron na dose de 90 g ha-1 de Classic® (T4), fomesafen na dose de 1,0 L ha-1 de Flex® (T5), fomesafen na dose de 1,5 L ha-1 de Flex® (T6), chloransulan methyl na dose de 47,6 de g ha-1 de Pacto® (T7) e chloransulan methyl na dose de 71,4 de g ha-1 de Pacto® (T8) representando as doses comerciais e 50% acrescidos da dose comercial.

 

Tratamento 9 foi testemunha sem herbicida mantida sob capina, totalizando, dessa forma, 36 parcelas cada ensaio. A aplicação dos herbicidas foi em pós-emergência, no período de 25 dias após a emergência (DAE) da soja.

As parcelas experimentais constituíam 8 fileiras de soja, espaçadas em 0,45 m entre si, com 5,0 m linear de comprimento, totalizando 18,0 m2. A área útil para amostragens e avaliações possuíam 4 linhas centrais, descartando–se as bordaduras e 0,50 m de cada extremi dade. A variedade de soja utilizada foi a Nidera Intacta RR2 PROTM (NS 7337 IPRO) para plantio em período de safra, sendo que os ensaios tiveram como culturas sucessoras o feijão- -azuki, o crambe (FMS Brilhante), o milheto (cultivar ADR 300) e o capim xaraés (Urochloa brizantha cv Xaraés).

 

A colheita da área de soja foi feita manualmente e realizada avaliações de rendimento: peso de 1000 grãos e determinação de umidade de cada parcela experimental. Após a colheita, uma semeadora tratorizada sulcou e demarcou as linhas dos 4 ensaios sucessores (feijão azuki, crambe, milheto e do capim xaraés), cujas parcelas experimentais foram constituídas por 6 fileiras espaçadas em 0,45 m com 5 m de comprimento linear, numa área total de 13,5 m2. A semeadura foi manual nas parcelas anteriormente tratadas com herbicidas residuais, e os tratamentos foram definidos.

 

Avaliou-se: – a produção da cultura da soja no período de safra em função dos herbicidas residuais aplicados em pós-emergência; – os efeitos dos herbicidas sobre a comunidade de plantas daninhas avaliadas na cultura da soja e na emergência das culturas subsequentes; – a biometria, o acúmulo de massa seca e a produção nas culturas de feijão azuki, crambe, milheto e capim xaraés cultivadas após a soja tratada com herbicidas residuais.

 

Todos os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F (p ≤ 0,05), e em casos de significância, as médias foram comparadas entre si pelo teste Scott-Knott (p ≤ 0,05), utilizando-se o programa estatístico ASSISTAT® versão 7.7 beta (SILVA; AZEVEDO, 2009).

Resultados e Discussão

De forma geral não houve efeito da toxicidade dos herbicidas usados na soja sobre o crescimento e produção das culturas cultivadas em sucessão, bem como ausência de contribuição destes no controle de plantas daninhas nas culturas sucedâneas. Para Inoue et al. (2011) as diferenças entre os herbicidas podem ser atribuídas às características físicas e químicas específicas de cada produto e que lhes permitem persistir no solo por certos períodos de tempo. Tais características incluem, em especial, os valores da solubilidade em água e da partição octanol: água, que influenciam os processos de dissipação destes compostos no ambiente. Além disso, outros fatores, como as condições ambientais, os atributos do solo e o manejo da cultura, entre outros, afetam a dinâmica de herbicidas no solo. Particularmente, nesta pesquisa o excesso de precipitação ocorrida durante o ciclo da soja pode ter contribuído para degradação mais rápida ou descida dos herbicidas abaixo da profundidade efetiva do sistema radicular das culturas de safrinha. A atividade residual dos herbicidas não foi longa o suficiente para causar perdas da produtividade da cultura.

 

Aos 30 DAA dos herbicidas verifica-se o efeitos positivos no controle da comunidade de plantas daninhas, manifestada pela atividade residual dos herbicidas, se comparado à testemunha, que foi capinada até o fechamento da cultura da soja. Mesmo não havendo efeitos significativos entre herbicidas e doses nota-se baixa densidade de indivíduos e de acúmulo de massa seca da comunidade infestante nos quatro ensaios aos 30 DAA. E estes efeitos perduraram durante o ciclo da soja, apresentada pelas produtividades da cultura em todos os tratamentos e ensaios (Tabela 1).

 

Tabela 1. Densidade e massa seca da comunidade de plantas daninhas avaliadas aos trinta dias após a aplicação (DAA) dos herbicidas aplicados em pós-emergência na soja e aos 20 dias após a emergência (DAE) dos cultivos de milheto, feijão azuki, crambe e pastagem de Urochloa brizantha cv Xaraés cultivada em sucessão a soja.

Conclusão

Os herbicidas nas doses testadas foram eficazes no controle de plantas daninhas na cultura da soja e não afetaram seu rendimento; Não houve contribuição dos herbicidas aplicados na soja no controle de plantas daninhas nas culturas cultivadas em sucessão à soja; A atividade residual dos herbicidas não afetou o desempenho das culturas sucessoras, exceto o uso do chloransulan no feijão azuki.

Referências

INOUE, M. H.; SANTANA, C. T. C. ; OLIVEIRA JÚNIOR, R. S. ; POSSAMAI, A. C. S. ; Santana, C. ; ARRUDA, R. A. D. ; DALLACORT, R. ; SZTOLTZ, C. L. Efeito residual de herbicidas aplicados em pré-emergência em diferentes solos. Planta Daninha, v. 29, p. 429-435, 2011.

SILVA, F. A. S.; AZEVEDO, C. A. V. Principal components analysis in the software Assistat-Statistical Attendance. In: WORLD CONGRESS ON COMPUTERS IN AGRICULTURE, 7., 2009, Reno-NV-USA. Proceedings… St Joseph: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2009.

Informações dos autores:

1ESALQ/USP – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”: Avenida Pádua Dias, 11, C.P. 9, CEP 13.418-900, Piracicaba-SP;

2Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde

Disponível em: Anais da XXXVI Reunião de Pesquisa de Soja. LONDRINA – SC, Brasil.

 

 

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