21 nov de 2017
Brasil – Agricultura – Efeito do tratamento de sementes no controle de larvas da Bicheira-da-raiz, Oryzophagus oryzae, em arroz irrigado

Este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar diferentes doses dos inseticidas Standak 250FS, Gaucho 600FS e Cruiser Opti 247,5FS, via tratamento de sementes, no controle de larvas de O. oryzae.

Autores: Jaime Vargas de Oliveira1; Carlos Eduardo M. De Souza2; Ricardo Machado Kroeff3; João Batista dos Santos4

Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.

Palavras-chave: Inseticidas, avaliações, danos.

INTRODUÇÃO

A bicheira-da-raiz, Oryzophagus oryzae, é um dos insetos-praga mais importante do arroz irrigado, pois ataca todos os anos atingindo altos níveis populacionais e causando redução no rendimento de grãos (ALMEIDA et al., 2015). Na última safra ocorreu uma alta infestação de bicheira-da-raiz, nas regiões da Depressão Central, Planície Costeira Externa e Planície Costeira Interna, preocupando os produtores e causando perdas significativas.

 

Os maiores danos são causados pelas larvas, que são visualizadas na lavoura a partir dos 20 dias da irrigação, com ciclo médio de 28 dias, provocam atraso no desenvolvimento das plantas reduzindo o rendimento de grãos de 10 a 18% (MARTINS et al., 2007; OLIVEIRA et al., 2016).

No Estado, a importância deste inseto-praga foi determinada por estudos de diversos pesquisadores mostrando que a maior parte dos trabalhos estão relacionados ao controle químico (MAFFINI et al.,2011; HICKEL et al., 2011).

 

As recomendações da pesquisa para o Sul do Brasil, determinam que a coleta de amostras de larvas devem ser feitas com um amostrador, que é cano de 10cm de diâmetro por 15cm de comprimento. A cada larva/amostra, em média é esperada uma redução de 1,1 a 1,5% na produtividade. O controle tardio de larvas após a diferenciação da panícula não evita perdas de produtividade (SOSBAI, 2016).

Este estudo foi realizado com o objetivo de avaliar diferentes doses dos inseticidas Standak 250FS, Gaucho 600FS e Cruiser Opti 247,5FS, via tratamento de sementes, no controle de larvas de O. oryzae.

 

MATERIAL E MÉTODOS

 

O experimento foi instalado a campo em lavoura comercial no município de Barra do Ribeiro, no ano agrícola 2016/2017. O preparo do solo foi no sistema do cultivo mínimo, sendo semeada a cultivar IRGA 424 RI, na densidade de 90 kg ha-1, adotando-se o espaçamento de 17 cm entre as linhas. O delineamento experimental foi de blocos casualizados, com 4 repetições. A área de cada parcela foi de 1,5m x 5m, com o total de 7,5 m2. A adubação de base foi realizada conforme a interpretação da análise do solo.

 

As sementes de arroz foram tratadas com diferentes doses de 3 inseticidas comerciais, um dia antes da semeadura: Standak 250FS (Fipronil): 120 e 160 mL/100kg, Gaucho 600FS (Imidacloprido): 500 e 600 mL/100kg e Cruiser Opti 247,5FS (Thiametoxam + Lambdacialotrina): 400 e 500 mL/100kg. Também fez parte do estudo uma testemunha não tratada. A irrigação do estudo foi realizada aos 21 dias após a irrigação sendo colocada uma lâmina de água elevada, em torno de 15 cm de profundidade, durante os 15 primeiros dias, para favorecer a infestação do inseto.

 

Para determinar o número de larvas e a eficiência de controle de O. oryzae, foram realizadas, contagens de larvas aos 28 e 38 dias após o início da irrigação, sendo as coletas obtidas com um amostrador de cano PVC com 10cm de diâmetro por 15cm de comprimento. Em cada parcela foram retiradas quatro amostras, com o amostrador colocado sobre as plantas e introduzido no solo até uma profundidade superior a 8cm. As plantas coletadas foram colocadas em um balde com água e agitadas. O solo desprende-se das raízes e as larvas aparecem na superfície da água sendo feita a contagem. O número médio de larvas por amostra nas parcelas da testemunha foi de 20 na primeira avaliação e 17 na segunda.

 

O número de larvas/amostra foi transformado pela equação √(x+0,5) e submetido à análise de variância pelo teste F, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância. O rendimento de grãos foi obtido pela colheita de 4 m2 de área útil de cada parcela, sendo os resultados expressos em t/ha e a umidade corrigida para 13%.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O principal parâmetro avaliado foi o número médio de larvas de Oryzophagus oryzae, obtido nas duas avaliações conforme Tabela 1.

Tabela 1. Tratamentos, doses, número de larvas, percentagem de controle, rendimento degrãos, da bicheira-da-raiz, Oryzophagus oryzae, em arroz irrigado. IRGA, Barra do Ribeiro,RS, 2017.

Na primeira avaliação, aos 28 dias após a irrigação, os resultados mostram que o inseticida Cruiser Opti 247,5FS, na dose de 500mL/100kg de semente, foi superior aos demais tratamentos químicos, com 100% de controle, demonstrando a ótima eficiência deste produto em larvas deste gorgulho aquático. Os produtos químicos, Standak 250FS, na dose de 160 mL/100kg de semente, o Gaucho 600SC, nas doses de 500 e 600 mL/100kg de semente, apresentaram controle de 95 e 97,5% respectivamente, não diferindo estatisticamente do inseticida com melhor controle, logo alta eficiência.

 

Na segunda avaliação aos 38 dias após a irrigação, o inseticida Gaucho 600SC, nas doses de 500 e 600 mL/100kg de semente, apresentou ótima eficiência, sendo estatisticamente superior aos demais tratamentos químicos, com 100% de controle. Também se destacaram, os produtos químicos, Standak 250FS, 160 mL/100kg de semente e o Cruiser Opti 247,5FS, na dose de 500 mL/100kg de semente, que apresentaram controle de 94 e 97% respectivamente, demonstrando boa eficiência nas doses testadas.

 

Quanto ao rendimento de grãos, não ocorreram diferenças estatísticas entre os tratamentos dos inseticidas e a testemunha, no entanto todos os tratamentos apresentaram produtividade superior à testemunha. Os resultados mostram que em alguns tratamentos, a produção foi superior 350 Kg ha-1, em relação à testemunha, demonstrando a eficiência do tratamento das sementes para o controle desta importante praga do arroz irrigado. Durante a realização dos tratamentos não se verificou efeito fitotóxico dos inseticidas nas plantas de arroz irrigado.

 

CONCLUSÃO

 

Nas condições em que foi realizado o estudo, conclui-se que os inseticidas, Gaucho 600SC, nas doses de 500 e 600 mL/100kg de semente, Cruiser Opti 247,5FS, na dose de 500 mL/100kg de semente e o Standak 250FS, 160 mL/100kg de semente, apresentaram excelente controle de larvas de bicheira-da-raiz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, D; SCHOENFELD, R; OLIVEIRA J.V. de; Pragas mais danosas das lavouras irrigadas. A granja, Porto Alegre, n.793, p.89-91, 2015.

 

HICKEL, E.R; EBERHARDT, D. S; BIZZI, F. A. Eficiência do inseticida chlorantraniliprole (Altacor) no controle da bicheira-da-raiz, em arroz irrigado, sistema de cultivo pré-germinado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 7. Balneário Camboriú, SC, 2011. Anais…Itajaí: Epagri/Sosbai, 2011. p.706-708.

MAFFINI, F. S; CORTE, G. D; BRAGA, M; STEFNELLO, M. T; UEBEL, J. D; PINTO, F. F. Tratamento de sementes com inseticidas no controle de Oryzophagus oryzae em arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 7. Balneário Camboriú, SC, 2011. Anais…Itajaí: Epagri/Sosbai, 2011. p.670-673.

MARTINS, J. F. da S. et al,. Efeito de doses de inseticidas aplicadas às sementes de arroz no controle do gorgulho-aquático Oryzophagus oryzae. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, 5. Pelotas, 2007. Anais…Pelotas, Embrapa Clima Temperado, 2007. p.45-47.

OLIVEIRA, J.V. DE; ALMEIDA, D; FIUZA, L.M; SIQUEIRA, P.L.P. Pragas do arroz: monitorar e manejar. Cultivar, Pelotas, nº 207, p.6-8, 2016.

SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO. 2016. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Pelotas: SOSBAI. 197 p.

Informações dos autores:     

Mestre em Agronomia, Instituto Rio Grandense do Arroz;

Extensionista, Instituto Rio Grandense do Arroz;

3 Extensionista, Instituto Rio Grandense do Arroz;

4 Extensionista, Instituto Rio Grandense do Arroz;

Disponível em: Anais do  X Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado – CBAI, Gramado-RS, Brasil.

 

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