11 jun de 2017
Brasil – Agricultura – Estudo mostrando o impacto da domesticação de feijão nas interações com o microbioma da rizosfera é destaque no ISME Journal/Nature

Um grupo de pesquisadores de diversas nacionalidades, que integram os estudos sobre a ecologia microbiana da rizosfera de plantas, acaba de publicar um artigo no ISME Journal, uma das revistas do Nature Publishing Group, com fator de impacto 9,328.

O artigo “Vinculando a composição de microbioma de rizosfera de feijão selvagem e domesticado (Phaseolus vulgaris) a características genotípicas e fenotípicas radiculares” (doi:10.1038/ismej.2017.85) tem como primeiro autor o colombiano Juan Pérez Jaramillo, do Instituto de Ecologia (NIOO-KNAW), da Wageningen University, e que também integra o Instituto de Biologia da Universidade de Leiden, na Holanda.

 

Parte das investigações de Juan Pérez foi desenvolvida em 2015, na Embrapa, sob a orientação de Rodrigo Mendes, chefe adjunto de Pesquisas e Desenvolvimento da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP).

Além de Juan Pérez e Rodrigo Mendes, também assinam o artigo, como co-autores, Víctor Carrión, Jos M Raaijmakers e Mattias de Hollander, do Department of Microbial Ecology, do Netherlands Institute of Ecology; Mirte Bosse, do Department of Animal Ecology, do Netherlands Institute of Ecology; Luiz Ferrão e Antonio Garcia, do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) e Camilo Ramírez, do Instituto de Biologia, da Universidade de Antioquia, Medellín, Colômbia.

 

A domesticação das plantas pode ser encarada como um marco importante na história da humanidade, contudo, esse processo acarretou uma evidente redução no padrão de diversidade genética de espécies de culturas melhoradas, em comparação a seus ancestrais selvagens.

A forma como a diversidade genética reduzida afetou as relações de plantas e microrganismos no solo só recentemente vem sendo desvendada e é sobre essas questões que se dedicaram os pesquisadores, que trabalham na fronteira do conhecimento científico, buscando entender com mais clareza esse processo.

 

As investigações nesse estudo permeiam a relação genética, os traços fenotípicos da raiz e a composição da comunidade de rizobactérias de exemplares selvagens e modernos de feijão cultivados em solo agrícola nos Andes colombianos, reconhecido centro de diversidade de feijão comum.

Na trajetória de domesticação do feijão, ou seja, no caminho percorrido entre o estado selvagem para o moderno, os resultados apontados evidenciaram uma diminuição gradual da abundância relativa de Bacteroidetes, principalmente Chitinophagaceae e Cytophagaceae.

 

Por outro lado, também apontou um aumento na abundância relativa de Proteobactérias e Actinobactérias, sobretudo Nocardioidaceae e Rhizobiaceae.

De modo geral, os resultados apontaram uma evidente relação entre domesticação de feijão comum, traços morfológicos específicos da raiz e montagem da comunidade de rizobactérias.

Os resultados observados, as mudanças na composição dos microbiomas, que se estabelecem nas condições de crescimento e sanidade do feijoeiro, serão objeto de novos estudos.

 

As pesquisas buscarão determinar respostas como, se a domesticação vegetal foi capaz de comprometer os efeitos benéficos do microbiomada rizosfera, aumentar o entendimento acerca da divergência na comunidade de rizobactérias ou mesmo propiciar novos conhecimentos sobre como as interações de micróbios e plantas estão entrelaçadas.

 

Conforme ressaltou Rodrigo Mendes, o estudo do microbioma de plantas é extremamente importante, já que essas informações poderão auxiliar na manipulação dessas comunidades, visando a melhorar o desempenho das plantas, seja quando atacadas por patógenos ou até mesmo para incrementar a produtividade agrícola de modo sustentável. “Assim como em humanos, as plantas dependem de seu microbioma para diversas funções, como por exemplo, defesa contra patógenos ou nutrição, assumindo que o processo de domesticação minou a interação entre o microbioma e seu hospedeiro, a busca pelos “microrganismos perdidos” é um meio deresgatar funções do microbioma que foram negligenciadas ao longo do processo de domesticação das plantas cultivadas,” explicou Mendes.

 

Marcos Vicente (MTbE 19.027/MG)
Embrapa Meio Ambiente

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