01 dez de 2016
Brasil – Agricultura – Expectativa de queda no preço do milho não preocupa produtores

Com o clima a favor das lavouras, a safra 2016/2017 promete ser cheia e cobrir os custos dos produtores, dando margem para aumento de área

 Oferta de milho deve crescer em 2017

“Com a soja plantada na janela ideal e as chuvas se estendendo um pouco, a expectativa é plantar 4,3 milhões de hectares de milho em Mato-Grosso”, afirma o presidente da Aprosoja-MT, Endrigo Dalcin. O número divulgado em outubro pelo Imea é igual ao do ano passado, com a diferença de que o clima bom e uma produtividade média de 91,5 sacas/ha poderão render produção de 23,297 milhões de toneladas após a safrinha, 23,24% a mais do que no ciclo anterior. Mas o que esse incremento na oferta em Mato Grosso, e outros fatores (veja reportagem recente do Portal DBO), podem fazer com o preço do milho?

De acordo com o produtor Rodrigo Pozzobon, de Sorriso, uma certeza que se tem é de que a expectativa de preço para o ano que vem não chega perto do que se praticou esse ano. “A gente gostaria que o preço fosse o mesmo, mas não será. Então, o que o produtor precisa fazer é travar seus custos o quanto antes”, diz.

Ele mesmo não vai deixar de investir no milho e já tem as sementes e os insumos comprados para plantar uma área de 1.800 hectares, 200 ha a mais do que na última safra. Pesquisando o mercado, Pozzobon conta ter encontrado propostas de entrega para setembro com cotação da saca a R$ 17. “Esse preço ainda cobre nossa margem, então é possível plantar milho. E o produtor que quiser, depois de garantir as despesas, pode esperar e se aventurar com a fatia que corresponde ao seu lucro”, diz. Esse ano, Pozzobon espera trabalhar com uma produtividade média de 115 sacas/ha. No ano passado, ele havia negociado sua produção à média de R$ 22/saca e teve produtividade de 100 sacos/ha.

E se o produtor mato-grossense acredita no milho, certamente, não está sozinho. Com fazendas no Norte, Centro-Oeste e Sul do país, a produtora de commodities SLC Agrícola vai aumentar em 14% sua produção do cereal nesta safra. Frederico Logemann, gerente de relações com os investidores da empresa, afirma que  a área plantada deve chegar a 76.267 hectares, tendo sido de 66.975 no ciclo 2015/2016.

Sobre o preço do milho, a previsão de Logemann é de queda apenas na entrada do segundo semestre de 2017. “A nossa visão é de que o preço do milho vai continuar bastante volátil, e ainda alto, até a metade do ano que vem. Porque a saca está sendo negociada no Brasil com um prêmio maior do que no mercado internacional”, afirma. A principal justificativa seria a escassez do insumo no mercado interno, o que, segundo Logemann, vai levar algum tempo para se resolver. “A partir de fevereiro, março, fica disponível a nova safra de verão, mas só no meio do ano chega o volume maior, que vem da safrinha”, explica. A partir daí, ele acredita que seria possível que o ágio – que mantém o milho cotado hoje a R$ 36,49/saca em Campinas, de acordo com o Cepea – sofresse alteração.

“Estamos trabalhando com a perspectiva de que com a entrada do milho safrinha no mercado em 2017 o preço em Campinas possa cair para R$ 25, R$ 26, estando nesse patamar também no Paraná e Rio Grande do Sul; e podendo chegar a R$ 16, R$ 17, R$ 18 em Mato Grosso”, diz o gerente da SLC, lembrando que isso depende também do câmbio.

Dalcin, da Aprosoja-MT, concorda e vê sendo praticado, para entrega em agosto, um patamar de preços em torno de R$ 17 a R$ 18 a saca no médio norte de Mato Grosso. “ Agora, se o dólar subir, isso pode ficar na casa dos R$ 23, R$ 24 ou R$ 25/ saca”, diz. “Diante de uma oferta grande, é normal que os preços deprimam, mas a aquisição do governo, a reposição dos estoques oficiais da Conab, pode ajudar”.

Armazenagem – Para o presidente da Aprosoja-MT, o problema, na verdade, é a questão do armazenamento no Estado. “Com uma safra deste tamanho vamos ver milho a céu aberto novamente”. Segundo ele, a capacidade de armazenamento da Conab é de 34 milhões de toneladas de grãos, enquanto a produção de soja deve ser de 30 milhões de toneladas e a de milho de 26 milhões de toneladas em Mato Grosso. Mesmo com a soja sendo exportada um pouco antes, no período em que as duas culturas concorrem por espaço nos armazéns, o déficit de capacidade chega a 22 milhões de toneladas. “O que nós esperamos do governo federal é que acelere os programas de financiamento nesse sentido, que evoluíram mas não na velocidade necessária”, completa Dalcin.

Fonte: Portal DBO
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