18 nov de 2016
Brasil – Agricultura – Indústria quer cota para importação de café, mas enfrenta resistência dos produtores

O Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, pode acabar importando café em grãos. O assunto é polêmico, já que de um lado a indústria de café solúvel tenta encontrar medidas para o déficit no mercado interno. De outro lado, os produtores rechaçam qualquer proposta que permita trazer cafés de fora e prejudicar preços e sanidade no mercado brasileiro.

Atualmente, o Brasil também é líder na exportação de café solúvel e atende a 130 países do mundo. A base desta produção é formada por 80% de café conilon e 20% de café arábica, no entanto, a quebra de quase metade da safra no Espírito Santo, maior produtor da variedade no país, gerou escassez de produto e recordes de preço. Foi a primeira vez na história que o preço do café conilon ultrapassou R$ 540 por saca. Com o cenário de cotações em alta e oferta em baixa, a indústria busca medidas para garantir o abastecimento no mercado de solúvel.

Na edição de Mercado&Cia desta quinta-feira, dia 17, conversei com o diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Café Solúvel (Abics), Aguinaldo José da Silva, que garantiu ser a importação a última alternativa diante da crise de oferta de café.

“A importação é a última medida e seria importação em regime de drawback, ou seja, o café entra no país e é obrigado a ser processado e exportado. Não fica no mercado interno. A grande questão é que, na falta de café, como vamos realizar as vendas de café solúvel? Hoje a necessidade é para suprimento. Cada cliente que a indústria de solúvel perder, o produtor de conilon também vai perder. Se sairmos um ano do fornecimento, vai ser muito difícil recuperar depois o mercado internacional’, explicou.

Veja entrevista completa com o diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Café Solúvel:

Os cafeicultores já sinalizaram que não vão aceitar que o Brasil tenha nenhum tipo de importação. Segundo o produtor e presidente da Cooperativa de Cafeicultores do Cerrado, Ricardo Bartholo, o que a indústria quer é reduzir preços.

“Certamente o que a indústria quer é obter cafés a melhores preços do que os vigentes hoje para o conilon do Espírito Santo, que teve quebra realmente maciça. Na minha opinião, isso é uma covardia em relação ao produtor que precisa do preço melhor para, pelo menos, pagar sua conta. O que a indústria quer é reduzir esse preços para níveis que não nos deem margem de trabalho. Nós, da produção, quando sofremos com problemas climáticos precisamos da melhoria de preços para nos mantermos de pé na atividade”, esclarece.

Veja a entrevista completa com o presidente da Cooperativa de Cafeicultores do Cerrado:

Para o representante da indústria, o setor deve fazer um acordo e uma das medidas ventiladas é a adoção de cotas para importação de café.

“Entendendo o lado do produtor e tentando traçar um caminho do meio, pode-se definir um volume mensal [de importação] que não pressione os preços e consiga manter o comércio internacional sem perder o cliente. Se não perdemos o cliente, mantemos a demanda para o café nacional”, sugere a Abics.

Para produtores, o risco da importação supera as questões econômicas e envolve também questões sanitárias.

“O outro lado é que a importação de grãos traz o risco de novas doenças virem junto para o nosso mercado e temos dificuldade sempre para aprovação de novas moléculas”, enfatiza Ricardo Bartholo.

O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, perguntado sobre a autorização para importação de café no Brasil, afirmou: “Não vamos tomar nenhuma posição sem conversar com o setor”.

 

 

Blogs Canal Rural

 

Parceiro do site ioeste:irriga-tv

77 9 9926-6484 / 77 9 9979-1856