Os juros para a agricultura familiar devem ficar mais altos quando o Plano Safra entrar em vigor no mês de julho. Por esta razão, entidades ligadas ao agronegócio acreditam que o acesso ao crédito ficara mais difícil.
A maior preocupação é o possível aumento das taxas aplicadas nas operações de custeio e investimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Atualmente, os juros cariam entre 2,5% e 5,5%, mas o governo já sinalizou que pretende fixar o índice em 5,5% em todos os contratos. A Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) que juros mais baixos, assim como a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“O governo retira uma grande parte do recurso do orçamento da União para equalização dos juros, dos empréstimos, colocando isso na conta dos bancos, com o processo dos recurso livres. Com certeza, isso prejudicaria o acesso da agricultura família ao crédito rural” , aponta o secretário de Politica Agrícola da Contag, Antoninho Rovaris.
O setor também pede manutenção do volume de crédito ofertado na safra passada, R$ 30 bilhões. Outra reivindicação é o aumento dos limites de financiamento de alguns programas, como o de crédito fundiário. A CNA quer que o limite, que hoje é de R$ 80 mil por CPF, suba até R$ 500 mil. A Contag pede, pelo menos R$ 200 mil. O governo deve subir os limites para até R$ 150 mil.
“Se nós considerarmos algumas atividades da agricultura familiar, como avicultura e suinicultura, em estados como o de Santa Catarina, você não consegue adquirir um hectare de terra por valores inferiores a esse”, diz o assessor da CNA Jonas Jochims.
Outros assuntos de interesse de agricultores familiares, mas que, ao contrário do Plano Safra, já foi anunciado é o inicio efetivo das atividades da Agencia Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). O governo anunciou nesta semana um projeto piloto que deve levar o serviço a 10 mil famílias de nove unidades da federação, a partir deste mês. São R$ 30 milhões a serem repassados às Emateres estaduais.
O projeto vai qualificar mil novos extensionistas e 200 gestores. A ideia é que, a partir de maio, o plano se estenda para mais 120 mil famílias, com novos investimentos de R$ 125 milhões em todo o país.
“Sabemos que quele agricultor que recebe uma assistência técnica de qualidade e em um momento certo tem uma renda até quatro vezes maior do que aquele que não recebe. O extensionista terá que estar perto do agricultor na tomada de decisões. Ele deverá levar para o agricultor quais são as opções que ele tem pra decidir e sobre qual cultura plantar, qual atividade a ser desempenhada. Em algumas situações o extensionista terá que estar semanalmente na propriedade do agricultor”, completa o presidente da Anater, Valmisoney Jardim.
Tribuna 1