16 fev de 2021
Brasil – Agricultura – Massa seca de milho consorciado com forrageiras em sistema de Integração Lavoura Pecuária

Autores: Leonardo Santiani¹; Igor Vortmann²; Renata Pizzatto Contini³; Miquéias Vinicius Fornari³; Otavio Bagiotto Rossato4

Introdução 

O sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) promove inúmeros benefícios e é caracterizado pela sucessão entre a produção de grãos e pastejo de animais em uma mesma área, permitindo a diversificação da produção, indução de rotação de culturas e ciclagem de nutrientes, além de melhorar a estrutura física do solo (KUNZ et al., 2013).

O uso do consórcio de milho e plantas forrageiras é uma alternativa interessante em razão da maior cobertura no momento da colheita e da ação do sistema radicular das culturas companheiras, que pode influenciar nas características físicas do solo podem ser preservadas/reestabelecidas, e contribuir para um maior nível de palhada na fase seguinte do sistema (AGNES et al., 2004).

O Feijão Guandu (Cajanus cajan) possui um sistema radicular profundo, que além de reciclar nutrientes, possibilita romper camadas compactadas e adensadas do solo, auxiliando na diminuição da resistência a penetração (FARIAS et al., 2013). A Urochloa ruziziensis é uma das gramíneas com maior potencial para promover melhorias à estrutura do solo em razão da quantidade, qualidade e distribuição de fitomassa radicular (CALONEGO et al., 2011).

Estudos envolvendo consórcio de culturas ainda são escassos na região Oeste Catarinense, desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade de massa seca de milho em consórcio com forrageiras ou em cultivo solteiro em Concórdia – SC.

Material e Métodos 

O experimento foi conduzido no Instituto Federal Catarinense, em Concórdia/SC. O solo da área experimental é classificado como Nitossolo Vermelho (SANTOS et al., 2018) de textura argilosa. A área experimental possuía o cultivo de milho para produção de silagem no verão e aveia preta (Avena strigosa Schreb) e azevém (Lolium multiflorum) no inverno, utilizados para pastejo animal. O delineamento foi de blocos ao acaso com quatro repetições, com os tratamentos: T1 – Milho solteiro; T2 – Milho + Feijão Guandu forrageiro; T3 – Milho + Urochloa ruziziensis; T4 – Milho + F. Guandu forrageiro + U. ruziziensis, T5 – F. Guandu forrageiro solteiro e T6 – U. ruziziensis solteira. Cada unidade experimental foi composta por 10 m de comprimento e 4,8 m de largura, totalizando uma área de 48 m²

A semeadura foi realizada no dia 07 de dezembro de 2018. Para o tratamento milho solteiro foram semeadas seis linhas, com 0,80m entre as linhas. O tratamento Feijão guandu solteiro foi implantado com seis linhas espaçadas a 0,80m. Nos tratamentos consorciados com Milho + Feijão guandu, a proporção de linhas foi 50% para cada cultura. Em todos os tratamentos com Urochloa ruziziensis cultivada de forma solteira foram adotados espaçamentos de 0,40m, totalizando doze linhas. A semente de U. ruziziensis foi misturada e semeada juntamente com o fertilizante. Determinou-se a densidade de semeadura de acordo com o valor cultural (V.C), utilizando 10 kg ha-1 para a U. ruziziensis (V.C. 85%), 40 kg ha-1 de F. Guandu, cultivar BRS Mandarim e 75.000 sementes ha-1 de milho híbrido. A adubação de base utilizada foi composta de acordo com resultados da análise de solo, sendo utilizados 300 kg ha-1 do formulado 09-33-12 e 150 kg ha-1 de N em cobertura, na forma de ureia. Foram coletados 3 metros lineares por parcela para estimativa da produtividade de massa seca no estádio recomendado para colheita para silagem que corresponde a 30-35 % de massa seca.

Avaliou-se a produtividade de massa seca (PMS) das forrageiras, com a coleta de 4 amostras de 3 m2 (3,0×1,0 m) dentro de cada unidade experimental. Em cada amostragem o material cortado foi pesado e as amostras colocadas em estufa de ventilação forçada de ar a 65°C até atingir massa constante, para a quantificação da PMS (kg ha-1). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo Teste Tukey (P<0,05), com o software SISVAR® (FERREIRA, 2011).

Resultados e Discussão 

Na PMS das culturas (Tabela 1) observou-se que a presença da U. ruziziensis não interferiu na PMS do milho, e ainda contribuiu proporcionando cobertura ou pastejo após a colheita do milho, estando de acordo com os resultados obtidos por (Freitas et al. 2013).

U. ruziziensis e o F. Guandu em cultivo solteiro, obtiveram PMS superior se comparado ao seu cultivo em consórcio, explicado pela dificuldade de estabelecimento e o efeito da competição interespecífica e sombreamento que o milho exerce sobre as forrageiras. O sombreamento ocasionado nessas condições faz com que as plantas de U.ruziziensis tornem enfraquecidas, apresentando crescimento lento, principalmente por possuírem metabolismo C4 de fixação do CO2, tornando-as muito exigentes por luz (PORTES et al., 2000). As produtividades do milho em consórcio com F.Guandu foram inferiores devido ao esquema de plantio, onde somente 50% da área era composta por milho, e os demais 50% por F.Guandu, tendo assim um menor estande de plantas quando comparado ao milho solteiro e o consórcio com U.ruziziensis.

Conclusão 

O consórcio de milho com U.ruziziensis se mostra favorável pois não altera a produtividade do milho em consórcio, proporcionando ainda um residual de massa que pode ser utilizado para pastejo ou cobertura do solo.

Referências 

AGNES, E. L.; FREITAS, F. C. L.; FERREIRA, L. R. Situação atual da integração agricultura pecuária em Minas Gerais e na Zona da Mata Mineira. In: ZAMBOLIM, L.; SILVA, A. A.; AGNES, E. L. Manejo integrado: integração agricultura-pecuária. Viçosa-MG: 2004. p. 251 267.

CALONEGO, J. C.; BORGHI E.; CRUSCIOL C.A.C. Intervalo hídrico ótimo e compactação do solo com cultivo consorciado de milho e braquiária. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 35, n.6, p. 2183-2190, 2011.

FARIAS, L. do N.; BONFIM-SILVA, E. M.; PIETRO-SOUZA, W.; VILARINHO, M. K. C., SILVA T. J. A. da; GUIMARÃES, S. L. Características morfológicas e produtivas de feijão guandu anão cultivado em solo compactado. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 17, n.5, p. 497-503, 2013.

FERREIRA, D.F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, v. 35, n.6, p. 1039- 1042, 2011.

FREITAS, RJ de; NASCENTE, A. S.; SANTOS, FL de S. População de plantas de milho consorciado com Urochloa ruziziensisPesquisa Agropecuária Tropical, v. 43, n. 1, p. 79-87, 2013.

GARDNER, F.P.; PEARCE, R.G.; MITCHELL, R.L. Physiology of crop plants. Ames: Iowa State University, 1985. 327p.

KUNZ, M.; GONÇALVES, A. D. M. de A.; REICHERT, J. M. GUIMARÃES, R. M. L. REINERT, D. J. RODRIGUES, M. F. Compactação do solo na integração soja-pecuária de leite em latossolo argiloso com semeadura direta e escarificação. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 37, n. 6, p.1699-1708, 2013.

PORTES, T. D. A., CARVALHO, S. I. C. D., OLIVEIRA, I. P. D., & KLUTHCOUSKI, J. Análise do crescimento de uma cultivar de braquiária em cultivo solteiro e consorciado com cereais. Pesquisa Agropecuária Brasileira., v. 35, n. 7, p. 1349-1358, 2000.

SANTOS, H. G. dos; JACOMINE, P. K. T.; ANJOS, L. H. C. dos; OLIVEIRA, V. A. de; LUMBRERAS, J. F.; COELHO, M. R.; ALMEIDA, J. A. de; ARAUJO FILHO, J. C. de; OLIVEIRA, J. B. de; CUNHA, T. J. F. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 5. ed., rev. e ampl. − Brasília: Embrapa, 2018. 353p.

Informações sobre os autores:

  • 1 Mestrando em Ciência do Solo, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC),

    Lages/SC. E-mail: santiani-ls@hotmail.com

  • 2 Engenheiro Agrônomo, Granja Vortmann, Itá/SC. E-mail: igorvortmann15@gmail.com

  • 3 Acadêmico do Curso de Agronomia, Instituto Federal Catarinense (IFC), Concórdia/SC. E-mail: re.contini@hotmail.com e miqueias_fornari@hotmail.com

  • 4 Professor do Departamento de Agronomia, Instituto Federal Catarinense (IFC), Concórdia/SC. E-mail: otavio.rossato@ifc.edu.br

Fonte: Mais Soja

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