17 dez de 2017
Brasil – Agricultura – Misturas em tanque de agrotóxicos podem ser normatizadas em 2018

Governo analisa propostas para aprovação de recomendações técnicas

Autor: Da Redação FEBRAPDP

A pujante agricultura nacional faz uso de agroquímicos em larga escala para controlar os mais variados problemas fitossanitários. Devido ao espectro segmentado de ação de cada produto químico, a mistura em tanque de agrotóxicos é a melhor alternativa também para reduzir o custo de produção e os danos ambientais. No Brasil, mesmo com as recomendações técnicas retiradas das instruções de uso dos produtos desde 1984, por orientação do Ministério da Agricultura, a prática permanece integrando o cotidiano na maioria das propriedades rurais.

 

Um estudo publicado em 2015, pelo pesquisador da Embrapa Soja, Dionísio Gazziero, ouviu 500 profissionais da área em 17 estados brasileiros e mostrou que 97 % dos entrevistados utilizam misturas em tanque. Dos quais 47% sempre misturam agrotóxicos, 48% utilizam com frequência e 2% raramente o fazem. O pesquisador considera a participação do governo fundamental para democratizar as informações de uso, e, de acordo com ele, a expectativa é que uma nova instrução normativa esteja disponível até o início de 2018.

 

“Esse assunto está sendo discutido, reivindicado, nós fazemos moções desde meados dos anos 1980, a gente percebe que existe uma sensibilidade dos Ministérios da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente em discutir e tentar regulamentar. Tanto que existem propostas sendo estudadas pelos três ministérios para que se faça uma instrução normativa conjunta para regulamentar o uso de misturas no Brasil”, afirma.

Outra iniciativa relevante com a qual Gazziero colaborou recentemente foi a composição da “Tabela de compatibilidades e incompatibilidades físico-químicas de misturas em tanque de agroquímicos e fertilizantes foliares para soja e milho”, publicada pela Revista AgroDBO. Patrocinado pelas empresas Máquinas Agrícolas Jacto e Microquímica, o trabalho foi conduzido pelo professor Dr. Rone Batista de Oliveira, da Universidade estadual do Paraná (UENP).

 

“A pesquisa foi realizada com a preocupação de replicar as práticas de campo quanto ao preparo de caldas e sistemas de pulverização, envolvendo fundamentos básicos essenciais tais como: tipos de formulações; cisalhamento da calda por sistemas de bombeamento e agitação, temperatura, PH, ordem ideal de misturas e conceitos de tecnologia de aplicação. O primeiro desafio foi desenvolver um equipamento ou simulador de misturas que atendesse estes pressupostos visando não perder a natureza da praticidade realizada em campo. O segundo desafio foi obter o máximo de combinações práticas de misturas em tanque para soja e milho”, conta Rone.

 

Rone analisa ainda os impactos do uso de misturas em tanque na propriedade frente à realidade nacional da pesquisa, tecnologia e extensão, desenvolvidas para sistemas de produção agrícola num território de dimensões continentais, clima tropical e alta diversidade de pragas, doenças e plantas que ameaçam todo o ciclo das culturas.

“Precisamos praticar mais agricultura de precisão e evoluir para cenários em que a máquina entra na área de interesse para realizar aplicação simultaneamente para diferentes agentes de danos. Fica para reflexão, de forma prática, a seguinte situação: Nesta atual data, especificamente na região Norte do Paraná, estamos com soja em campo com presença de diferentes plantas daninhas, pragas de início de ciclo e posicionamento técnico de produtos para prevenção da ferrugem.

 

O professor reitera os potenciais benefícios da mistura em tanque de agroquímicos e analisa os riscos da utilização da prática sem a devida orientação. Ele reafirma a importância de promover capacitações aos operadores do processo e intensificar as pesquisas na área para gerar evidências técnicas do que é seguro ou não.

“A mistura de múltiplos produtos, compostos de diferentes tipos de formulações, mostra uma re

alidade de caldas dentro do tanque que pode apresentar alta concentração e/ou diferentes condições, que exigirão cada vez mais dos pulverizadores e também dos profissionais. Quando realizada sem os devidos cuidados, a mistura pode gerar problemas, tais como de deposição no fundo do tanque (decantação), floculação, formação de grumos, separação de fases e insolubilidade. A consequência é geralmente a obstrução do sistema de pulverização, com entupimento das mangueiras, saturação dos filtros principais, filtros de linha, filtros de pontas e entupimento das pontas de pulverização, além de aumentar a desuniformidade durante o processo de pulverização”, orienta.

 

Fonte:  FEBRAPDP – Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação

 

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