24 jan de 2019
Brasil – Agricultura – Mofo branco e sua relação com a rotação de culturas

Já a algum tempo estamos convivendo com a presença do mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) em nossos campos de produção agrícola, e mais recentemente este problema vem se acentuando em solo brasileiro. Nas lavouras de soja, especialmente depois da implementação das cultivares de hábito indeterminado em algumas áreas tem se observado uma série de problemas. Além das cultivares de hábito indeterminado, o plantio de soja sobre soja, conhecido como monocultura, que ocorre devido ao atrativo rendimento da cultura, tem agravado o problema mofo branco.

Tendo em vista o custo da entrada do controle fitossanitário para manejo desta doença e a condição de ocorrência da doença em períodos de chuva frequente, o que acaba dificultando a entrada dos equipamentos para aplicação e com isso a doença se prolifera e aumenta o seu dano na cultura. Além disso, um outro fator que preocupa é a disseminação de inóculo com equipamentos que nem sempre recebem a limpeza necessária, chamando atenção para o emprego de máquinas terceirizadas, além da redução do escalonamento entre culturas, que possibilita sobrevivência do esporo na lavoura. Estes e tantos outros itens podem tornar os produtores a técnicos a refletir sobre para que caminho estamos levando esta doença, e como faremos para remediá-la a longo prazo.


Leia: Mofo branco – Como manejar esse inimigo silencioso?


Visando fomentar as informações a respeito da intensidade do mofo branco, pesquisadores da UNOESC e Faculdades IDEAU, desenvolveram um trabalho teve por objetivo avaliar a incidência da doença em lavouras comerciais do cultivar de soja BMX Ativa, em sistema de semeadura direta em rotação a milho ou monocultura de soja. O trabalho está disponível nos Anais do Congresso Brasileiro da Soja.



Os resultados obtidos com a realização deste trabalho demonstram a importância da rotação de culturas, onde a incidência de mofo branco nas lavouras conduzidas em rotação com milho variou de 0 % até 15 %, com média de 4 %. Diferindo estatisticamente da incidência em monocultura de soja, que foi de 31%, com variação de 10 % até 49 % (Figura 1).

Nas lavouras visitadas neste levantamento, a ocorrência de mofo branco foi de 100% nas lavouras conduzidas em monocultura de soja, e 90% nas lavouras conduzidas em rotação com milho.

A menor incidência de mofo branco em lavouras conduzidas em rotação de cultura pode ser explicada pela redução da fonte de inóculo. A longevidade de escleródios de S. sclerotiorumna superfície do solo é de aproximadamente 12 meses, devido às condições edafoclimáticas da Região Sul do Brasil, fazendo com que a rotação de culturas com espécies vegetais não suscetíveis reduza o banco de escleródios no solo e consequentemente a incidência de mofo branco na próxima safra (BRUSTOLIN et al., 2016).

Em estudo sobre a influência da rotação de culturas na produção de apotécios de S. sclerotiorum em escleródios, Gracia-Garza et al., (2002) relataram uma redução de 47% a 80% no número de apotécios formados, corroborando com os dados obtidos neste trabalho.

O dano obtido da incidência de mofo branco é de 26,8 kg ha-1 (2,7 %) em áreas de rotação com milho e 207,7 kg ha-1 (20,8 %) em áreas de monocultura para cada 1.000 kg ha-1 de expectativa no rendimento de grãos. O que representa 87% de redução no dano pela prática da rotação de cultura com milho.


Leia mais: Eficiência de fungicidas para controle de mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum) em soja, na safra 2017/18


Medidas culturais contra o mofo branco:

  • Monitoramento de áreas,
  • Formação de palhada com gramíneas,
  • Uso de sementes sadias e tratadas,
  • Aumento do espaçamento entre linhas,
  • Reduzir a população de plantas nas cultivares com bom engalhamento e porte maior,
  • Uso de cultivares de hábito determinado,
  • Emprego de Trichoderma spp. (Leia sobre o uso de Trichoderma: Trichoderma versus Mofo branco;
  • Utilização do controle químico preventivo (embora ainda custoso).

Lembre-se o mofo branco embora Silencioso, mas feroz merece atenção dos produtores, técnicos e instituições de fomento a pesquisa. O aporte de medidas que contribuam para amenizar e diminuir em grande escala este problema são necessária se bem-vindas, são problemas como este que prejudicam a expansão da cultura da soja.


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Fonte: Mais Soja

 

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