14 maio de 2017
Brasil – Agricultura – Nutrição foliar de soja em plantio direto com solo trafegado por máquina e manejado com gesso

O objetivo do trabalho foi avaliar a interferência do tráfego de máquinas realizado a três anos nos teores foliares de nutrientes na cultura da soja manejado com gesso agrícola em sistema de plantio direto, na região Centro Oeste do Paraná.

Autores:Leandro Rampim1,Marcelo Marques Lopes Müller2, Cristiano Andre Pott2,  Marcelo Vicensi3, Felipe Carvalho4

Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.
Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.

Palavras-chave: rodados; compactação; condicionador de solo.

Na região Centro-Oeste do Paraná, com condições climáticas amenas, potencializa-se formação de matéria orgânica a partir da matéria seca residual das culturas, sendo importante avaliar a interferência do sistema plantio direto (SPD) assim como verificar a atuação em conjunto de gesso agrícola em locais que ocorre compactação pelo tráfego de máquinas.

 

A restrição de locais com compactação, sendo nos mesmos pontos ao longo dos anos e o restante da área com ausência de tráfego de máquinas, pode facilitar condução das áreas de cultivo para alcançar potencial produtivo das culturas comerciais, sem utilizar máquinas para descompactação mecânica.

A possibilidade de manter sistema de condução, sem revolver solo, mesmo com compactações pontuais pela realização de operações isoladas, logicamente com manejo adequado do SPD e com possível favorecimento com o uso do gesso, pode auxiliar produtores rurais e profissionais de assistência técnica da região Centro-Oeste do Paraná.

 

O objetivo do trabalho foi avaliar a interferência do tráfego de máquinas realizado a três anos nos teores foliares de nutrientes na cultura da soja manejado com gesso agrícola em sistema de plantio direto, na região Centro Oeste do Paraná.

O experimento foi realizado no Campus Cedetegda Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), em Guarapuava, Paraná, com altitude de 1.120 m. O solo da área foi identificado como Latossolo Bruno.

 

O experimento foi realizado em delineamento de blocos ao acaso em parcelas subdivididas, com dois níveis na parcela e três níveis na subparcela, e quatro repetições, totalizando 24 unidades experimentais. As parcelas mediram 16,0 x 6,4 m e consistiram de dois níveis de gesso (ausência e 9 t ha-1 aplicadas na superfície do solo), em 2009.

Em 2012, nas subparcelas foi adicionado três níveis do fator tráfego, sendo definido como: solo sem tráfego, solo com tráfego/rodado e zona de entre rodados. O tráfego foi estabelecido com solo na capacidade de campo, com trator modelo John Deere 110 cv, gerando massa final do conjunto de 6000 kg, sendo realizadas 15 passadas com o trator.

 

Em 2015, foi implantado a cultura da soja. Durante o desenvolvimento da cultura, foram coletadas, no início do florescimento, 30 folhas por subparcela, recém-maduras, sem pecíolo. Tais amostras foram analisadas, determinando-se teores de nitrogênio, enxofre, cálcio, magnésio, potássio e fósforo.

Os resultados foram submetidos à análise de variância, com auxílio do software Sisvar. Na ocorrência de efeito significativo para níveis de tráfego, a comparação foi realizada pelo teste de Tukey (p<0,05).

 

Os dados obtidos na análise do tecido foliar da cultura da soja possibilitaram constatar que o uso de gesso agrícola seis anos antes da condução do experimento, assim como o trafego realizado a três anos antes, não interferiram nos resultados dos teores de cálcio, magnésio, nitrogênio e fósforo. Por outro lado, houve efeito do tráfego de máquina para os teores de potássio e enxofre.

 

A ausência de trafego proporcionou valor superior de potássio no tecido foliar em relação aos valores obtidos no tecido foliar das plantas obtidas na zona entre rodados. Provavelmente, a ocorrência de compactação gerada pelo deslocamento do rodado do trator pode ter reduzido o desenvolvimento do sistema radicular das plantas próximas, mesmo longo período após trafego, que implicou em menor absorção do nutriente potássio, apresentando teor de 15,8 g kg-1, principalmente por apresentar teor de K no solo de 0,26 cmolcdm-3, abaixo do considerado ideal para a cultura da soja. O tratamento testemunha, em que não houve trafego do rodado do trator, apresentou valor superior de 17,7 g kg-1. A constatação de interferência apenas no cátion potássio, pode estar relacionado a maior especificidade na absorção iônica por cátions bivalentes, como cálcio e magnésio, os quais não sofreram interferência, mesmo com tráfego. Sendo que, a alteração nos teores de potássio, pode ser indicio da continuidade da interferência da compactação gerada pelo tráfego de rodado três anos antes, que pode ter diminuído a circulação de água no solo no entre rodados, devido faixas paralelas causadas pelos rodados paralelos do trator. Tal fato, sinaliza continuidade da atuação da compactação no desenvolvimento da cultura da soja, mesmo em situação em que tem-se manejo do solo em sistema plantio direto acrescido de gesso agrícola.

 

É possível que ausência de interferência do gesso nos teores foliares pode estar relacionado ao tempo que foi realizado a aplicação, se passando seis anos, de forma que o tráfego ocorreu após três anos da aplicação do gesso. Neste contexto, a conhecida atuação do gesso em profundidade pode ter minimizado possíveis atuações como condicionador de solo nas camadas superficiais, visto que devido sua alta solubilidade e rápida descida no perfil do solo, provavelmente havia baixo resíduo da aplicação nas camadas superficiais passados três anos. Consequentemente, tal fato, também refletiu em ausência de efeito de gesso nos teores foliares de enxofre. Sobretudo, o tratamento com trafego de rodados proporcionou maior teor de enxofre, podendo estar relacionado à maior quantidade de partículas do solo oriunda da compactação superficial.

A constatação de teores de nitrogênio semelhantes em todos os tratamentos pode estar relacionado ao fato de que o fornecimento de nitrogênio às plantas de soja ocorre por fixação biológica de nitrogênio, que ocorre restritamente nas camadas superficiais do solo, nas raízes que estão mais superficiais, fornecendo nitrogênio em quantidade adequada e equitativa ao desenvolvimento da parte aérea, que está relacionado ao desenvolvimento do sistema radicular, ou seja, mesmo com possibilidade de menor desenvolvimento das plantas, o teor de nitrogênio pode estar em níveis adequados e sem sofrer interferência.

 

No caso do fósforo, o caso de ocorrer absorção prioritária por difusão pode ter minimizado constatação de efeitos do tráfego, pois, caso ocorra compactação da camada superficial do solo, tem-se condição de continuar disponibilizando fósforo para o desenvolvimento das plantas; e quanto ao gesso, conhecida a baixa atuação do mesmo nos níveis de fósforo no solo, de fato é reduzida a possibilidade de alterar níveis de fósforo no tecido foliar, seis anos após a aplicação.

 

Sobretudo, é necessário enfatizar que a utilização de sistemas de cultivo que incrementam matéria orgânica, como o sistema plantio direto, pode contribuir para aumento da estabilidade de agregados e, consequentemente, para melhoria da qualidade física do solo (Bhattacharyya et al., 2009), condizente com o uso do sistema plantio direto na região Centro-Oeste do Paraná, proporcionando condições para reduzir efeitos da compactação do tráfego de máquinas tanto no desenvolvimento de raízes como na manutenção do potencial produtivo, fato que possibilita menor interferência nos teores foliares dos nutrientes da cultura da soja.

Com os resultados, foi possível constatar ausência de interferência da aplicação de gesso agrícola realizada seis anos antes do experimento nos teores foliares de nutrientes na cultura da soja. Por outro lado, ainda constata-se que o tráfego de máquinas realizado a três anos atua nos teores foliares de nutrientes na cultura da soja mesmo em Latossolo Bruno manejado em sistema de plantio direto, na região Centro Oeste do Paraná.

AGRADECIMENTOS: Fundação Araucária, SETI/PR, CNPQ, CAPES. 

REFERÊNCIAS

BHATTACHARYYA, R.; PRAKASH, V.; KUNDU, S.; SRIVASTVA, A. K.; GUPTA, H. S. Soil aggregation and organic matter in a sandy clay loam soil of the Indian Himalayas under different tillage and crop regimes. Agriculture, EcosystemsandEnvironment, v. 132, p. 126–134, 2009.

Informações dos autores:

1Professor Adjunto, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO);

2Professor Adjunto, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO);

3Doutor, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO);

4Estudante de Agronomia, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO). 

Disponível em: Anais XX Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água – RBMCSA. Foz do Iguaçu, PR. 2016.

 

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