13 nov de 2017
Brasil – Agricultura – O problema de abastecimento de milho em SC continua

Por Ivan Ramos – diretor executivo da Fecoagro/SC

O problema de abastecimento de milho em SC deve continuar. Em que pese às afirmações que se trata de um bom problema, uma vez que se falta milho é porque temos um parque industrial que transforma em proteína animal a produção primária de grãos, agregando valor, quem depende do milho está sempre em estado de apreensão, ou pela falta do produto ou pela elevação dos preços. Se consumimos o dobro do que produzimos, não existe alternativa senão trazer de outras regiões. O que pesa é o custo da logística. Sempre dependemos de outros estados ou países.

 

Antes trazíamos do Paraná que estava perto. Com a ampliação da atividade pecuária naquele Estado, começou a faltar ou ficar caro. Avançamos ao Mato Grosso. E depois ao Paraguai. No ano passado já tivemos que trazer da Argentina e dos Estados Unidos. Isso tudo vai agravando, os custos das agroindústrias e, por consequência, a ponta consumidora das carnes, que nem sempre é suportada pelo mercado.

 

Diversas propostas de solução desse problema estão em estudo, mas todas batem nos custos. A alternativa de trazer milho do Paraguai via Argentina, que reduziria a distância é uma saída, mas vem sendo questionada por agentes de mercado. Argumenta-se que além da falta de infraestrutura rodoviária, com pontes, asfalto e alfândegas ágeis, existe a questão geográfica. O milho procedente do Paraguai vem do Norte do País e não dos locais próximos da Argentina e de SC, e o mercado acha que o impacto nos custos do transporte desde a zona de produção terá pouca expressão.

 

Trazer milho do Mato Grosso também começa a ser questionado. O secretário Nacional de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, a exemplo do ministro Blairo Maggi que é produtor de milho naquela região, esteve em Florianópolis em reunião na Fiesc e com as lideranças das cooperativas, foi enfático: “esqueçam a viabilidade econômica de trazer milho do Mato Grosso para SC na atual situação de transporte. O milho vai ser exportado pelo eixo Norte dos portos, e não virá mais para o Sul”, disse o secretário.

 

Temos que resolver nosso problema de forma regional. O transporte ferroviário poderia ser a solução, para reduzir os custos do transporte, mas essa alternativa, se houver, será de longo prazo e até lá não se sabe como ficaria o processo agroindustrial no Sul. Milho de outros países tem custo mais elevado. Portanto, enquanto isso ficam as medidas paliativas. Programas de incentivo ao aumento da produção e produtividade; importação do Paraguai e ficar na dependência da Argentina.

 

Uma realidade dura, que poderia ser minimizada se os consumidores de milho, especialmente se as agroindústrias adotassem políticas de compras antecipadas e garantia de remuneração compatível aos custos de produção, mas pelo que parece, a intenção continua sendo a mesma adotada até agora, de comprar da mão pra boca. Não se preocupando em antecipar abastecimento, nem com estocagem. Dessa forma o problema tende a continuar. Espera-se, entretanto, que isso não signifique subsídios oficiais a quem menos precisa, em detrimento àqueles que efetivamente correm os riscos; dos preços e do tempo: os produtores de milho. Pense nisso.

 

Fonte: Portal do Sistema Fecoagro

 

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