13 mar de 2018
Brasil – Agricultura – Plantio direto pode reduzir em 85% a infestação por plantas daninhas

Um experimento realizado pela Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) comparou o sistema de produção de plantio direto com o sistema convencional, no que se refere ao controle de plantas daninhas no plantio de tomate entre duas culturas de grãos, no caso, milho e soja.

O resultado demonstrou que, no sistema de plantio direto, houve uma redução de 85,9% na infestação de plantas daninhas na lavoura de tomate rasteiro para processamento industrial.

 

“Os produtores costumam utilizar o plantio direto no cultivo de grãos, em especial de soja, mas quando entram com o tomate na área, optam pelo sistema convencional, com aração e gradagem. Esse ensaio mostrou que há grandes benefícios quando se mantém o plantio direto também no cultivo de tomate em sucessão”, explica a pesquisadora Núbia Correia, responsável pelo experimento.

De acordo com ela, em termos estatísticos, o tomate não apresentou diferença de produtividade entre os dois sistemas de produção. Contudo, devido à redução de plantas daninhas na área com palhada de milho, houve menor necessidade de aplicação de herbicidas, o que se traduz em ganhos econômicos e ambientais para o agricultor.

 

“Na condução dos dois sistemas de produção, nós utilizamos herbicida somente quando necessário. No plantio direto, uma única aplicação foi suficiente para manutenção do controle, mas no sistema convencional, foram necessárias quatro aplicações de herbicida, sendo duas de ‘latifolicida’ e duas de ‘graminicida’”, quantifica Núbia ao comentar que é substancial a diferença que se reflete no custo de produção.

Ela opina que, apesar do controle químico ser a principal estratégia de manejo de plantas daninhas nas culturas agrícolas, ele não pode ser o único e que a adoção de outras práticas agrícolas como a manutenção de cobertura morta sobre o solo podem trazer vantagens para todo o sistema produtivo.

 

Milho gerou 10 toneladas de palhada por hectare

 

Conduzido desde novembro de 2016, em área irrigada por pivô central, o experimento teve início com a semeadura do milho que, quando colhido em abril de 2017, deixou sobre o solo cerca de 10 toneladas de palhada por hectare. Em seguida, na área com o preparo convencional, foram realizadas três gradagens e, no plantio direto, a palhada ficou disposta sobre o solo.

Em maio de 2017, o tomate foi plantado para se verificar a influência da palhada de milho na dinâmica de infestação por plantas daninhas. “Além de formar uma barreira física e melhorar a fertilidade do solo, a palhada de milho pode ter liberado substâncias químicas que inibiram diretamente a germinação das sementes de plantas daninhas, ou seja, houve um efeito alelopático da palhada como um herbicida natural”, explica a pesquisadora. Por outro lado, no sistema de produção convencional, a infestação de tiguera de milho foi muito alta em virtude das operações para o preparo do solo que favoreceu a disseminação e germinação das sementes de milho.

 

A equipe de pesquisa pretende fazer outros experimentos, inclusive com consórcio de milho e braquiária, porque quanto mais palha, menor a incidência de planta daninha. “O tomate ganha e a soja que entrará em seguida também se beneficiará”, pondera. Após a colheita do tomate em setembro, o ensaio teve continuidade com o plantio de soja em novembro, que se aproxima agora da colheita. “Na próxima etapa, vamos avaliar a produção e o controle de plantas daninhas na soja”, adianta.

Geralmente, o setor produtivo costuma adotar essa ordem de sucessão de milho-tomate-soja, ou então soja-tomate-soja, porém não é habitual manter a palhada durante o cultivo do tomate. Logo, a proposta dessa pesquisa é incentivar o plantio direto também durante o ciclo da hortaliça.

 

A palhada de milho traz mais benefício, com rendimento de 10 t/ha de palhada e alta relação carbono/nitrogênio, que está associada à decomposição mais lenta da palhada. Já a palha da soja rende bem menos, cerca de 2 t/ha, e tem rápida decomposição. “O milho é uma cultura muito importante nos sistemas de produção de tomate rasteiro, pois mais de 50% das áreas de tomateiro são ocupadas anteriormente por milho”, contextualiza Núbia.

 

Validação em área de produtor

 

O sistema de plantio direto no tomate para processamento industrial em sucessão com culturas de grãos pode ser aplicado em todas as regiões produtoras dessa hortaliça. “É importante os produtores saberem o impacto positivo que a adoção do plantio direto tem para a redução do uso de herbicida no plantio de tomate”, sinaliza a pesquisadora. Na segunda fase do experimento, ela espera prospectar agricultores para validar os dados na região produtora de tomate para processamento industrial do município de Cristalina, em Goiás.

Por Paula Rodrigues, Embrapa Hortaliças

Fonte: disponível no Portal da FEBRAPDP – Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação

 

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