25 mar de 2020
Brasil – Agricultura – Quantos dias vive um percevejo ?

No sistema de produção da soja, assim como doenças, os insetos praga interferem na produtividade da lavoura, muitas vezes causando danos irreversíveis para a cultura, diminuindo a qualidade dos grãos e produtividade da lavoura. Dos insetos de ocorrência na soja, os percevejos destacam-se pela sua capacidade em causar potenciais danos à cultura, interferir negativamente na produtividade e servirem como vetor de doenças.

Para o correto manejo da cultura e controle de pragas é necessário conhecer de cada praga seu ciclo, interferência na cultura, sintomas de ocorrência, danos e meios de controle. No caso dos percevejo não é diferente e conhecer essas características pode auxiliar no controle da praga. Os três principais percevejos que atacam a cultura da soja são: o percevejo marrom (Euchistus heros), o percevejo verde (Nezara viridula) e o percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii), sendo essas três espécies de maior ocorrência em áreas de cultivo de soja, seus danos podem der visualizados na figura 1, onde um percevejo marrom por metro consome 0,08 g/dia, dois percevejos verdes por m² consomem 0,16 g/dia e três percevejos-verde-pequenos consomem 0,21 g/dia.

Figura 1. Consumo médio diário de soja pelos percevejos marrom, verde e verde-pequeno respectivamente.

A exemplo do impacto causado por percevejos, no caso do percevejo marrom, considerando uma população de um percevejo por metro, tem-se uma população de 22.222 percevejos/ha-1 para a soja cultivada com espaçamento entre linhas de 45 cm. Supondo um período de interferência de 15 dias durante o enchimento de grãos que é o período onde o percevejo causa maiores danos à soja, tem-se uma perda de produtividade de 26,6 Kg.ha-1. Além disso, segundo FRANÇA-NETO et. al, (2007), os danos causados por percevejos nas sementes de soja são irreversíveis, prejudicando em muitas vezes atributos fisiológicos da sementes como germinação e vigor, acarretando em perda de qualidade das sementes (figura2).

Figura 2. Dano causado por punctura de percevejo em sementes de soja, visualizados com auxílio do teste de tetrazólio.

Adaptado: FRANÇA-NETO et. al, (2007).

Logo, o controle dessa praga é imprescindível para diminuir perdas de produtividade e qualidade da soja. Conhecer o ciclo de desenvolvimento da cultura auxilia na tomada de decisão e na escolha da forma de controle, sendo fundamental para o correto manejo da área de cultivo e sustentabilidade da lavoura (tabela 1).

Tabela 1. Parâmetros biológicos e tempo de duração em dias das principais fases dos desenvolvimento dos percevejos Euschistus heros, Nezara viridula e Piezodorus guildinii.

Adaptado: CORRÊA-FERREIRA & PANIZZI (1999).

Para melhor entendimento, as figuras 3, 4 e 5 ilustram as fases do desenvolvimento desses percevejos, trazendo valores médios de duração das fases em dias e imagens dos do percevejo nas diferentes fases.

Figura 3. Ciclo de desenvolvimento do percevejo marrom (Euschistus heros).

Fonte: Mais Soja

Figura 4. Ciclo de desenvolvimento do percevejo verde (Nezara viridula).

Fonte: PANIZZI et. al, (2012).

Figura 5. Ciclo de desenvolvimento do percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii).

Figura 5. Ciclo de desenvolvimento do percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii).

Mas quais alternativas de manejo posso utilizar para o controle dos percevejos?

Dentre as alternativas de controle para os percevejos, as mais utilizadas e eficazes são o controle químico e o controle biológico.

O controle químico consiste na aplicação de inseticidas para controlar a praga. São várias as opções de inseticidas disponíveis no mercado, conduto, no momento da escolha, deve-se priorizar inseticidas seletivos, permitindo que inimigos naturais das pragas resistam a aplicação.

Quanto as formas de controle biológico, segundo CORRÊA-FERREIRA & PINIZZI (1999), os principais agentes desse controle são os parasitoides dos ovos de percevejo, sendo Trissolcus basalis Telenomus podisi os principais agentes.  Já quando em ninfas e percevejos adultos o parasitismo ocorre pelas moscas do gênero Tachinidae e himenópteros do gênero Encyrtidae. Nesse caso, a mosca deposita seus ovos sobre o corpo do percevejo, quando eclodem as larvas penetram no corpo do percevejo e alimentam-se dos seus órgãos internos e fluidos, causando sua morte.  O uso de microrganismos como os fungos Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. e Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok também diminuem a população de percevejos, contudo há pouca incidência desses microganismo nos ambientes de cultivo, sendo necessárias condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento para aumento da usa população.

Veja também: Água, evapotranspiração, déficit hídrico e produtividade da soja.

O uso de rotação de culturas e manejo de plantas daninhas nas entressafras da soja também auxilia no controle dos percevejos, diminuindo e presença de plantas daninhas hospedeiras e a população remanescente de percevejos. Várias são as opções para o controle de percevejos na soja, contudo a principal prática de manejo necessária é o monitoramento das áreas, interferindo quando necessário para o controle da praga seguindo as recomendações técnicas para a cultura.

Referências:

CORRÊA-FERREIRA, B. S; AZEVEDO, J. D. SOYBEAN SEED DAMAGE BY DIFFERENT SPECIES OF STINK BUGS. Agricultural and Forest Entomology, p. 145-150, 2002.

CORRÊA-FERREIRA, B. S; PANIZZI, A. R. PERCEVEJO DA SOJA E SEU MANEJO. Embrapa, Londrina, Circular Técnica n. 24, 45p. 1999.

FRANÇA-NETO et. al, TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE – SÉRIE SEMENTES. EMBRAPA, Londrina, PR, Circular Técnica n.40, mar., 2007.

MAIS SOJA. CICLO DO DESENVOLVIMENTO DO PERCEVEJO MARROM, Info, disponível em: https://www.facebook.com/maissoja/posts/1536511546430596/, acesso em 23/03/2020.

PANIZZI, A.R. et al. INSETOS QUE ATACAM VAGENS E GRÃOS. In: HOFFMANN-CAMPO, C.B.; et al. Soja: manejo integrado de pragas e outros Artrópodes-pragas. Brasília: EMBRAPA, 2012. Cap.5. p.335-420.

Fonte: Mais Soja

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