A exemplo do impacto causado por percevejos, no caso do percevejo marrom, considerando uma população de um percevejo por metro, tem-se uma população de 22.222 percevejos/ha-1 para a soja cultivada com espaçamento entre linhas de 45 cm. Supondo um período de interferência de 15 dias durante o enchimento de grãos que é o período onde o percevejo causa maiores danos à soja, tem-se uma perda de produtividade de 26,6 Kg.ha-1. Além disso, segundo FRANÇA-NETO et. al, (2007), os danos causados por percevejos nas sementes de soja são irreversíveis, prejudicando em muitas vezes atributos fisiológicos da sementes como germinação e vigor, acarretando em perda de qualidade das sementes (figura2).
Figura 2. Dano causado por punctura de percevejo em sementes de soja, visualizados com auxílio do teste de tetrazólio.
Adaptado: FRANÇA-NETO et. al, (2007).
Logo, o controle dessa praga é imprescindível para diminuir perdas de produtividade e qualidade da soja. Conhecer o ciclo de desenvolvimento da cultura auxilia na tomada de decisão e na escolha da forma de controle, sendo fundamental para o correto manejo da área de cultivo e sustentabilidade da lavoura (tabela 1).
Tabela 1. Parâmetros biológicos e tempo de duração em dias das principais fases dos desenvolvimento dos percevejos Euschistus heros, Nezara viridula e Piezodorus guildinii.
Adaptado: CORRÊA-FERREIRA & PANIZZI (1999).
Para melhor entendimento, as figuras 3, 4 e 5 ilustram as fases do desenvolvimento desses percevejos, trazendo valores médios de duração das fases em dias e imagens dos do percevejo nas diferentes fases.
Figura 3. Ciclo de desenvolvimento do percevejo marrom (Euschistus heros).
Fonte: Mais Soja
Figura 4. Ciclo de desenvolvimento do percevejo verde (Nezara viridula).
Fonte: PANIZZI et. al, (2012).
Figura 5. Ciclo de desenvolvimento do percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii).
Figura 5. Ciclo de desenvolvimento do percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii).
Mas quais alternativas de manejo posso utilizar para o controle dos percevejos?
Dentre as alternativas de controle para os percevejos, as mais utilizadas e eficazes são o controle químico e o controle biológico.
O controle químico consiste na aplicação de inseticidas para controlar a praga. São várias as opções de inseticidas disponíveis no mercado, conduto, no momento da escolha, deve-se priorizar inseticidas seletivos, permitindo que inimigos naturais das pragas resistam a aplicação.
Quanto as formas de controle biológico, segundo CORRÊA-FERREIRA & PINIZZI (1999), os principais agentes desse controle são os parasitoides dos ovos de percevejo, sendo Trissolcus basalis e Telenomus podisi os principais agentes. Já quando em ninfas e percevejos adultos o parasitismo ocorre pelas moscas do gênero Tachinidae e himenópteros do gênero Encyrtidae. Nesse caso, a mosca deposita seus ovos sobre o corpo do percevejo, quando eclodem as larvas penetram no corpo do percevejo e alimentam-se dos seus órgãos internos e fluidos, causando sua morte. O uso de microrganismos como os fungos Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. e Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok também diminuem a população de percevejos, contudo há pouca incidência desses microganismo nos ambientes de cultivo, sendo necessárias condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento para aumento da usa população.
O uso de rotação de culturas e manejo de plantas daninhas nas entressafras da soja também auxilia no controle dos percevejos, diminuindo e presença de plantas daninhas hospedeiras e a população remanescente de percevejos. Várias são as opções para o controle de percevejos na soja, contudo a principal prática de manejo necessária é o monitoramento das áreas, interferindo quando necessário para o controle da praga seguindo as recomendações técnicas para a cultura.
Referências:
CORRÊA-FERREIRA, B. S; AZEVEDO, J. D. SOYBEAN SEED DAMAGE BY DIFFERENT SPECIES OF STINK BUGS. Agricultural and Forest Entomology, p. 145-150, 2002.
CORRÊA-FERREIRA, B. S; PANIZZI, A. R. PERCEVEJO DA SOJA E SEU MANEJO. Embrapa, Londrina, Circular Técnica n. 24, 45p. 1999.
FRANÇA-NETO et. al, TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE – SÉRIE SEMENTES. EMBRAPA, Londrina, PR, Circular Técnica n.40, mar., 2007.
PANIZZI, A.R. et al. INSETOS QUE ATACAM VAGENS E GRÃOS. In: HOFFMANN-CAMPO, C.B.; et al. Soja: manejo integrado de pragas e outros Artrópodes-pragas. Brasília: EMBRAPA, 2012. Cap.5. p.335-420.
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