Dentre as inúmeras pragas que assolam os plantios de soja, os insetos sugadores conhecidos como percevejos certamente respondem por uma infinidade de danos a cultura. O Euschistus heros, também chamado de percevejo-marrom é figura responsável por prejuízos tanto quantitativos quanto qualitativos em grãos e sementes.
De ocorrência em todo ciclo da cultura, o percevejo marrom tem sua ação prejudicial potencializada no período de formação do legume até a maturação dos grãos. Corrêa-Ferreira e Panizzi (1999) colocam como pico populacional meses de novembro a abril, normalmente no período entre os estádios R5 a R7 da cultura.
Contudo, Corrêa-Ferreira (2005b) afirma que o percevejo marrom pode estar presente ainda na fase vegetativa da cultura, quando não há ocorrência de danos às plantas de soja com até oito percevejos por planta, não sendo afetada a produtividade, tão pouco a qualidade das sementes.
Danos e Prejuízos
Dentro da gama de injúrias causadas por E. heros, podemos citar algumas como: legumes e grãos chochos, abortamento das vagens, redução no peso dos grãos, queda de produtividade, além de que através da sua atividade sugadora para alimentar-se, o percevejo marrom acaba por causas danos que refletem-se em distúrbios fisiológicos, mais conhecido como “soja louca” e também servir indiretamente como porta de entrada de doenças fúngicas.
Os danos em lavoura de soja-grão, são sentidos na hora da venda. Em centrais de recebimento os grãos com danos decorrentes de ataque de pragas, tornam-se mais leves e deformados. Essa condição de dano impacta do lucro esperado ao final da safra.
A Instrução Normativa 11/2007 estabelece o Regulamento Técnico da Soja, definindo o seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade intrínseca e extrínseca, a amostragem e a marcação ou rotulagem.
Quando o assunto é lavoura de semente, o cuidado deve ser redobrado, o dano de percevejo marrom pode comprometer tanto o poder germinativo quanto o vigor da semente.
MS em alerta
No estado do Mato Grosso do Sul, a praga parece estar tomando maiores proporções, tem se observado um aumento da praga nesta safra, o que deve preocupar os produtores e instigá-los a um monitoramento mais intenso de sua lavoura. Devido ao seu posicionamento em locais de difícil acesso da calda de pulverização, sua alta capacidade de proliferação e seu dano em grãos e sementes, é que o monitoramento e o controle no inicio da infestação, com cerca de 0,5 no máximo 1 percevejo por m² deve ser feito.
Alguns trabalhos sobre o prejuízo causado por E. heros em soja
Em um trabalho feito por pesquisadores da FAMV, UPF e Embrapa, a campo buscou avaliar o efeito do tempo de permanência de uma população de Euschistus heros (12 adultos/m) no rendimento e na qualidade de sementes de soja, durante o estádio de grão cheio (R6). Os resultados podem ser observados nas tabelas abaixo:
É importante mencionar que no período em que foi conduzido o experimento ocorreu estiagem e a falta de água pode ter diminuído a taxa de acúmulo de matéria seca nos grãos (g/planta/dia), apressando a maturação, o que resulta na produção de grãos menores (FARIAS et aI., 2007). Isso pode ter influenciado o número de sementes nas categorias “danificada” e “muito danificada”, que foi pequeno e com grande variação entre parcelas, resultando em altos coeficientes de variação (Tabela 2).
As considerações feitas pelos autores sobre o trabalho realizado foram as seguintes:
Outro trabalho feito pela Embrapa através de seus testes inferiu que plantas de soja submetidas a uma população de 4 perc./m e 2 perc./planta, respectivamente, durante 15 dias, no período de enchimento de grãos (R5- R6), mostraram forte efeito da espécie no rendimento e especialmente na qualidade da semente (Fig. 9 ), sendo os maiores danos causados por adultos de P. guildinii e os menores pelo percevejo-marrom. Nas duas situações, o resultado do teste de tetrazólio indicou um aumento no percentual de sementes sugadas e não-viáveis quando as plantas foram infestadas com P. guildinii, chegando a ser cinco vezes maior em relação ao dano causado por E. heros (Corrêa-Ferreira e Azevedo, 2002).
Flutuação de percevejo marrom, monitoramento e controle
A seguir um esquema da presença do percevejo durante o ciclo da cultura da soja, a linha azul indica o número de indivíduos presentes.
Adaptada de: Manual de Identificação dos Percevejos na Soja
O monitoramento da praga e a atenção durante os manejos de colheita da cultura de inverno, manejo entre safra e dessecação para semeadura da soja, são medidas importantes para identificar a presença da praga e em que proporções a população da mesma se encontra, para posicionamento de produto para o controle.
O controle em geral é com moléculas químicas do grupos neonicotinóides, piretróides, carbamatos e organofosforados.
Bibliografia suporte: Percevejos da Soja Percevejos da Soja e seu Manejo
Elaboração: Daniela Moro – Equipe Mais Soja
Fonte: Mais Soja