21 dez de 2016
Brasil – Agricultura – Tecnologia ajuda a prever produção em função do clima

Algoritmo considera impacto das chuvas no desempenho da cana e da soja na lavoura, como se a planta tivesse um modelo virtual

Imagine uma planta virtual, que vai crescendo dentro do computador e têm seu desempenho medido conforme os reflexos do clima. Se chove, a máquina diz quanto essa planta cresceu em relação ao ano anterior ou, se houve encharcamento, em que medida isso deve impactar o desenvolvimento de raízes, caule e folhas. A analogia ajuda a explicar como funciona o sistema Tempo Campo, criado pelo pesquisador Fabio Ricardo Marin, da Esalq-USP. Lançada em agosto, a ferramenta trazia até o momento boletins com perspectivas mensais para a cana e, a partir desta quarta-feira, 21, passa a disponibilizar informações também para a soja.

A variação do desempenho, no entanto, acontece apenas em função do clima, não sendo possível prever impactos de um ataque de pragas, aparecimento de doenças ou realização de adubações no potencial produtivo.

Felipe Gustavo Pilau, que trabalhou ao lado de Marin para colocar no ar a solução para a soja, reforça que não trata-se de um indicador que mostra apenas se choveu mais ou menos do que no ano anterior e como isso pode afetar a produção. “Ele considera em que época choveu – porque tem diferença se choveu uma vez, se choveu distribuído, se ocorreu no período que precisa ocorrer – e como isso reflete no desenvolvimento da planta”, explica. “É como se, de fato, você estivesse monitorando uma planta no computador, só que o que está por trás é um algoritmo”, diz.

Nas palavras de Pilau o índice, Coeficiente de Produtividade Climática (CPC), que é a base do Tempo Campo, quantifica como a condição meteorológica está influenciando a produção de determinada cultura este ano em função da safra passada. Na prática, sua leitura se faz da seguinte forma: Se você tem uma parte em vermelho no mapa, com CPC menor do que um – de 0,9, por exemplo – isso indica que naquela área a produção tende a ser 10% menor do que na safra anterior.

Já se o mapa está em azul, e tem o índice de 1,15, ela seria 15% maior. o número 1, explica o pesquisador, aponta para um desempenho potencial igual ou muito similar ao do último ciclo. “Agora isso não é garantia de que você vai produzir o mesmo tanto, mas de que respeitadas as mesmas condições de manejo, o potencial, baseando-se somente no clima, é semelhante”, diz Pilau.

A ferramenta projeta ainda cenários otimistas, pessimistas e mais prováveis, adotando a proporção dos resultados 25% melhores, 25% piores e 50% intermediários. De acordo com Pilau, a ideia é que o produtor tenha um termômetro para avaliar com mais precisão os impactos do clima na lavoura.

A ferramenta também pode ser acessada via aplicativo, que traz os mesmos recursos da versão desktop, ou seja, mapas das principais regiões produtoras de cana e soja do Brasil. “Nos próximos meses, o objetivo é lançarmos um modelo para assinantes, que aí sim permitirá ao produtor ter a previsão específica de acordo com a sua localidade”, completa Pilau, que conta com a ajuda do estagiário Gustavo Felipe Onistoignez para colocar a tecnologia à disposição de usinas e produtores. O próximo passo, é lançar também boletins para o milho.

Confira o primeiro boletim da soja publicado nesta quarta-feira, 21, clicando aqui.

Fonte: Portal DBO
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