Por Antônio Oliveira*

Aproximadamente 37% dos postos de trabalho no Brasil estão relacionados ao agronegócio, o que significa dizer que de um a cada três brasileiros que trabalham como empregados estão envolvidos com a  agropecuária porteira adentro e afora.

O Produto Interno Bruto (PIB) do setor representa mais ou menos 25% do PIB total do País, ultrapassando R$ 1 trilhão.

Num país que vive uma crise econômica cada vez mais se agravando, os setores produtivos rurais e toda a sua cadeia comercial, industrial e de serviços respondem por mais de 40% do saldo positivo da balança comercial brasileira. Ele, o agro, acumula constantes superávits, enquanto os demais setores da economia são deficitários. A título de mais um exemplo, nos números do ano passado, o saldo positivo, não obstante a retração das exportações de certos produtos agropecuários, foi de mais de US$ 4 bilhões.

O agronegócio não é apenas o que se vê no campo – plantações e criações  de soja, milho, algodão, arroz, frutas, cana-de-açúcar; gado, frangos de corte, ovinos, caprinos, suínos, etc. Muitos menos apenas o que se vê porteira afora – o agronegócio propriamente visto -, ou seja a comercialização, industrialização e exportações de produtos agropecuários.

Muito mais do que isto, completando o setor, é tecnologia de ponta em suas diversas nuances, onde uma gama de produtos, serviços, pesquisas e validações dessas. Todo um complexo que busca sempre o aumento da produção e produtividade; qualidade e sanidade dos produtos; agregação de valor; entrelaçamento entre o campo e a cidade e entre o campo e as academias. A preservação do meio ambiente, em tempos de conscientização e exigências das comunidades internacionais, é outro foco neste contexto.

Este é apenas um pequeno resumo do agronegócio no Brasil e no mundo.

Durante cinco dias, entre 14 e 18 deste mês, este editor, representando  Cerrado Rural Agronegócios, em suas versões site e impresso e, via de regra, na condição de veículos de comunicação, a região do MATOPIBA, visitou algumas empresas rurais das cadeias da pecuária de corte e do peixe, uma associação nacional e um complexo de faculdades focadas no agronegócio e ainda participou do encerramento do Simpósio Internacional sobre o novo “Compêndio de Requerimentos Nutricionais para Bovinos de Corte”, promovido pela Phibro Saúde Animal, que pretende lança-lo, com exclusividade, no Brasil, até abril deste ano.

Posso dizer, com toda certeza, que vi um mundo de altas  tecnologias a serviço da qualidade, da produtividade, do aumento da produção para alimentar o Brasil e o mundo, e da sanidade animal.

A organização do evento, chamado de “Road Show para  jornalistas de agronegócio 2016”, foi, como ocorre a  mais de 10 anos (esta foi a 9º edição), da Texto Comunicação Corporativa, uma empresa que assessora 30 grandes empresas brasileiras, 20 das quais ligadas diretamente ao agronegócio. Nesta edição, a empresa reuniu 17 jornalistas de agronegócio de 9 estados e de diferentes regiões e biomas brasileiros.

Foi um show e, plagiando velho bordão de conhecido repórter/apresentador brasileiro, Goulard de Andrade, “Vem comigo” nesta série de reportagens para este site e depois reunidas num só caderno na edição de abril da nossa versão impressa.

Vamos começar pela visita a Merial Saúde Animal.

Líder em saúde animal

Com sede administrativa em Campinas (SP) e planta industrial em Paulínia, a empresa foi criada em 1997, assumindo os negócios da Rhodia-Merieux.  Presente em mais de 120 países, é líder nas principais atividades agropecuárias e em animais de companhia, os chamados pets.

Uma das empresas do Grupo Sanofi, recentemente investiu R$ 190 milhões em uma unidade industrial de vacinas contra a febre aftosa, que está, segundo a empresa, praticamente concluída e na expansão da unidade de fabricação de NexGard, tablete mastigável para o controle de parasitas de pets.

Neste ano ela está comemorando dez anos do lançamento de um dos seus principais produtos, o Vaxxitek, vacina contra a marek e gumboro, duas das principais doenças das aves. O processo de aplicação desta vacina é revolucionário: é aplicado diretamente no ovo, ainda no incubatório.

Focada na inovação, tecnologia e interação com o público consumidor de seus produtos, a Merial colocou em prática, no ano passado, projetos que aprofundam o seu contato com instituições de ensino e pecuaristas em todo o Brasil. Entre esses projetos está a “Caravana da Produtividade” que levou conhecimento e capacitação a 10 mil pecuaristas espalhados por 12 diferentes estados do Brasil.

Em 2014, as vendas da Merial no Brasil para os mercados externos representaram 30% dos negócios da empresa no país, “levando a qualidade da indústria nacional para os mais exigentes mercados em todos os continentes”, conforme ela.

No leque dessas exportações, destaque para antiparasitários para bovinos e pets e a vacina contra a febre aftosa, destinada aos países vizinhos da América do Sul.

Um encontro de informações

A visita a sua luxuosa sede, em Campinas (SP), marcou o início do Road Show. Lá os jornalistas de agronegócio e a equipe da Texto Comunicação foram recebidos pelo presidente da empresa no Brasil, Paraguai e Bolívia, o carioca Jorge  Espanha e por seus executivos, Claudia  Barros, gerente de Comunicação da empresa;  Luiz Fernando Cantarelli, diretor da Unidade de Negócios Avicultura e por Pedro Bacco, diretor de Grandes Animais.

De acordo com Jorge Espanha, a empresa no Brasil registrou, em 2015, um crescimento de 14%, dos quais, 6% foi no setor de vacinas, uma ligeira retração em relação a anos anteriores. No Paraguai e Bolívia, dois dos países que mais se destacam entre na atuação do Grupo no mundo,  o crescimento foi de 34%. Ainda de acordo com ele, a pauta da empresa no Brasil, “que tem o mais completo leque de produtos de controle de parasitas”, é de investimentos na ampliação e melhoria da qualidade de seus serviços.

Pela ordem, o faturamento da empresa nestes três países da América do Sul está nas áreas de ruminantes (bovídeos e equídeos), pets, avicultura e suinocultura.

Na condição de uma das lideres em vacinas para aves, a Merial inovou neste processo, com a vacinação in ovo por meio de uma máquina – a Ovojector –  fabricada no Brasil para este fim. Este processo consiste na vacinação, com o Vaxxitek, diretamente no ovo, ainda no incubatório. No oeste da Bahia, uma de suas duas avícolas, a Mauricea, já trabalha com esta tecnologia.

Os resultados, ainda conforme ele, surpreende sempre. Esta vacina é responsável pela imunização de 60% da produção de frangos de corte no Brasil. Líder mundial, ela está presente em 75 países.

Os ovos são vacinados ao completar 18 dias, ocorrendo a eclosão 3 dias depois. Com esse método continua ele,  muitas granjas produtoras de ovos fazem apenas a sexagem. Antes dessa inovação, a vacinação era feita após a eclosão dos ovos, perdendo-se muito tempo.

Jorge Espanha lembrou que um dos maiores problemas em aves no mundo é a doençainfluenza aviária.

– Mas, no Brasil, pelas nossas boas condições sanitárias nunca registramos um caso dessa doença, razão pela qual conquistamos mercados externos para a exportação da nossa carne de frango – disse ele.

A “boa nova” da Merial, anunciada com certo orgulho por Jorge Espanha aos jornalistas, foi o lançamento, no Brasil, do LongRange, endectocida de liberação estendida, para tratamento e controle de parasitas internos e externos de bovinos. Segundo explicou, juntamente com sua equipe, a aplicação de uma única dose do medicamento gera dois “picos” de liberação do produto em períodos diferentes, garantindo a eficácia estendida e seu longo espectro de ação.

Pedro Bacco, da divisão de Grandes Animais, deu mais explicações sobre este novo produto:

– É um produto à base da exclusiva molécula eprinomectina e marca mais um avanço da empresa no controle e proteção dos bovinos contra parasitas – disse.

A dinâmica deste medicamento foi iniciada pela Ivomec – um dos carros-chefes da empresa – há mais de 30 anos.

Já o executivo Luiz Cantarelli, diretor de Avicultura e Suinocultura da empresa, comentou, com os jornalistas, sobre o Vaxxitek, vacina contra marek e gumboro, duas doenças que acometem as aves. Neste ano, conforme ele, a Merial comemora os dez anos de lançamento do produto.

Ainda conforme ele, o medicamento é responsável pela imunização de 60% da produção de frangos de corte no Brasil. Líder mundial, é referência de mercado e está presente em mais de 70 países.

Enfim, para a empresa, ainda segundo Jorge Espanha, entender as necessidades de mercado e adiantar-se a elas é marca do sólido investimento do Grupo Sanofi, com origem na França, em novas tecnologias. A empresa, segundo seus diretores, é reconhecida pelos investimentos na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, além de ter marcas fortes, oferecer serviços customizados e manter sólida parceria com os seus clientes.

Em conversa direta com este repórter, Jorge Espanha expôs a confiança que o Grupo Sanofi deposita no Brasil, mesmo com esta crise, e disse ver o MATOPIBA como “muito importante” para a produção de alimentos no Brasil e no mundo.

Após mais de uma hora em reunião de informações com os jornalistas do Road Show, a Merial ofereceu um delicioso almoço e luxuoso restaurante vizinho ao seu complexo administrativo.

Foi um encontro muito cordial e de um intercâmbio de informações muito grande.

Mais sobre a Merial

Braço de Saúde Animal do Grupo Sanofi, a empresa está presente em mais de 150 países. O Brasil é o seu terceiro maior mercado mundial. Em todo mundo, gera mais de 6.5 mil empregos diretos em 17 fábricas e 13 centros de pesquisas e desenvolvimento.

Em 2015, faturou, em todo o mundo, mais de 2 bilhões de euros.

Entre seus produtos destacam-se, além dos já supracitados neste texto, o Frontline, Eprinex, Topline, Circovac, Previcox, Eqvalan, Recombitek, SprintVac, Aftobov, Gallimune e Rabisin.

Próxima matéria da série

Na próxima matéria estaremos reportando nossa segunda visita: aos dois complexos da cadeia do peixe, com foco exclusivo na tilápia. Por lá, nada se perde, tudo se ganha, em qualidade, sanidade, culinária e tecnologia para os mercados nacionais e internacionais.

* Antônio Oliveira viajou a convite da Texto Comunicação

 

Cerrado Editora

 

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