23 jun de 2020
Brasil – Agropecuária – 10 medicamentos que não podem faltar na farmácia da fazenda

Em entrevista ao Giro do Boi nesta terça, 23, o médico veterinário e professor de produção animal da Unifacs, de Salvador-BA, Guilherme Vieira, falou sobre a importância de o pecuarista montar uma farmácia para primeiros socorros dos animais em sua fazenda e como esta farmácia deve ser composta. Vieira inclusive escreveu um livro sobre o assunto, intitulado “Como montar uma farmácia na fazenda e sua interação com o agronegócio”.

“Isso é muito comum, infelizmente (pecuarista não ter farmácia em sua fazenda). Eu, em 2010, lancei o livro “Como montar uma farmácia na fazenda”, fiz 90 palestras pelo Brasil todo e lá do Oiapoque até o Chuí eu vejo os mesmoS problemas, dez anos depois a gente observa os mesmos problemas. Porque não é uma cultura da fazenda brasileira de montar uma farmÁcia mínima que seja, com o mínimo de medicamentos”, lamentou.

Guilherme contou que em muitos casos os animais da fazenda, que vão desde diferentes categorias de bovinos até cavalos, vão a óbito por falta de primeiros socorros. Para ajudar o produtor, o veterinário listou os itens que não podem faltar na prateleira das farmácias nas fazendas.

“Vamos aí, pessoal, papel e lápis na mão. Vamos falar os dez produtos que jamais podem faltar numa fazenda de gado de corte”, anunciou. Veja na lista abaixo:

– Antibióticos;
– Anti-inflamatórios;
– Antiparasitários – vermífugos ou os endectocidas, que são as ivermectinas;
– Matabicheira;
– Pomadas, principalmente as terapêuticas;
– Produtos para tratamento de cascos;
– Mosquicidas;
– Carrapaticidas;
– Suplementos vitamínicos e minerais;
– Antitóxicos.

Vieira acrescentou à lista os antidiarreicos e produtos para tratamento de umbigo caso a fazenda seja de cria.

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“Esses são os produtos que jamais podem faltar numa farmácia numa fazenda. Iodo para curativos, tintura de iodo a 10%, e, principalmente, um jogo de agulhas e seringas veterinárias, que são diferentes da seringa de uso humano porque ela é uma seringa graduada, colorida, geralmente é verde ou vermelha. Ela tem que ser graduada e a caixa de agulhas, com todos os vários tipos de agulhas, tanto agulhas para injeções intramusculares como subcutâneas, lembrando que essas agulhas e estas seringas devem ser esterilizadas sempre, principalmente. Usou e ferva, dê uma fervida com água e sal por 30 minutos e você já está com ela bem esterilizada e aí pode acondicionar em caixas plásticas”, acrescentou.

O veterinário falou ainda da importância de manter os produtos separados por categoria dentro destas farmácias. “Uma dica aqui: você não pode, na mesma prateleira, armazenar inseticida, ivermectina, essas coisas, junto com os medicamentos porque interfere”, indicou. “Por cada compartimento, uma classe terapêutica de medicamento”, frisou.

O especialista também pedi atenção com prazos de validade e com boas práticas para conservação dos medicamentos, evitando deixar à exposição no curral, à luz solar e semi abertos, umas vez que isto pode deteriorar o produto. Entre as dicas, está olhar o produto, quando for injetável, por exemplo se ele está com aspecto turvo fora do normal ou se espuma quando chacoalhado, o que indica que já está estragado.

descarte dos produtos também deve seguir certos procedimentos, evitando jogar no piquete ou no curral os utensílios e frascos. O veterinário disse já ter encontrado agulha em traqueia de bezerro por descaso nesta etapa de descarte.

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Para evitar o desperdício, o veterinário disse que é recomendável o produtor fazer o controle de estoque com o princípio de que o primeiro produto a entrar deve ser o primeiro a ser utilizado, o famoso FIFO – First In, First Out. Além disso, salientou a necessidade de usar as doses dos produtos na íntegra conforme recomendação da bula e, caso haja restos de produtos, que eles também sejam descartados.

Vieira citou também que é recomendável que haja um profissional dentro da fazenda que seja capacitado a manipular estes medicamentos, saber suas recomendações de uso e prestar primeiros socorros em urgências, na falta do veterinário ou até a chegada deste profissional à propriedade.

“Nada substitui o médico veterinário, mas o bom é você ter um colaborador treinado, se possível com um médico veterinário, a partir de quatro passos. Primeiro, essa pessoa tem que ser alfabetizada porque ela precisa saber ler a bula e saber medir, fazer a diluição correta. O colega tem que dar noções de higiene para este colaborador, como lavar as mãos […] desinfetar as mãos. Treinar este colaborador para utilizar a seringa correta, não botar aquela seringa no curral, acondicionar esta seringa. Outra coisa é treinar este profissional para saber pelo menos funções básicas, passar um termômetro para aferir a temperatura e olhar as mucosas para saber qual a coloração. E aí o colega vai indicar o primeiro socorro até ele chegar ou indicar outro colega. Tudo isso salva a vida dos animais”, salientou.

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Veja a entrevista completa e mais dicas com Guilherme Vieira no vídeo a seguir.

Fonte: Giro Rural

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