01 ago de 2018
Brasil – Agropecuária – Construir cercas ficou mais fácil

Bate-estacas criado por produtor permite instalar mourões em solos úmidos, mesmo na estação chuvosa

Foto: Savigny Sauáia.

Por Marina Salles

Fincar mourões para construção de cercas em solos muito úmidos não é tarefa simples, devido à dificuldade de se escavar o terreno e manter os postes firmes. Na Agropecuária Boca do Cercado, em São Mateus do Maranhão, que fica em plena região amazônica, na divisa do Maranhão com o Pará, o produtor de búfalos Savigny Sauáia encontrou uma solução para esse problema. Ele criou um modelo manual de bate-estacas que facilita o trabalho dos peões e viabiliza a instalação dos mourões, mesmo durante a estação chuvosa, que vai de dezembro a maio, e registra precipitação anual de 1.800 a 2.000 mm.

 

Sauáia está dividindo seus 7.000 ha de pastagens para montagem de módulos de pastejo rotacionado e isso exigirá a construção de grande quantidade de cercas – mais de 400 km até 2020. “Estamos implantando um sistema de pastejo Voisin intensivo, com piquetes de 5 ha cada, para alojar cerca de 10.000 cabeças em um prazo de dois anos. De 2016 para cá, já construímos 200 km de cercas”, diz o proprietário da Boca do Cercado, que hoje tem rebanho de 5.600 búfalos de corte.

Como funciona

Antes de chegar ao modelo atual, o produtor elaborou vários protótipos, com materiais diferentes, mas acabou optando por confeccioná-lo em ferro e aço. Esses materiais são resistentes e garantem impacto suficiente para fincar os mourões no solo a mais de 1 m de profundidade, em terrenos de várzea. Simples, o equipamento é composto pelas seguintes peças: um tubo central, que é encaixado no mourão que se deseja fincar; dois canos de ferro, que funcionam como “braços” para manuseio; e uma placa de aço, instalada no topo do tubo, contra a qual os operadores batem os postes (veja ilustração). O diâmetro do tubo central pode variar conforme as necessidades da fazenda.

A operação de fixação dos postes demanda duas pessoas, que se posicionam uma em frente à outra, seguram os “braços” do bate-estacas e fazem um movimento de vai-e-vem (para cima e para baixo), batendo no mourão e enterrando-o no solo. Segundo Sauáia, é importante que a chapa de aço seja reforçada, pois tanto o tubo central quanto os “braços” são relativamente leves. A força maior é exercida sobre a chapa de aço. Para facilitar a penetração do mourão no solo, sua ponta é previamente afinada com um facão.

Inspiração que vem de fora

Mundo afora, diferentes equipamentos têm sido criados para facilitar a montagem de cercas, uma tarefa que demanda bastante tempo e mão de obra nas fazendas. Em Madison, no Estado da Virgínia, EUA, a empresa Extreme Driver, por exemplo, criou uma máquina que automatiza a colocação dos mourões. A foto ao lado mostra um modelo instalado sobre um triciclo, com duas rodas maiores atrás e uma menor à frente, que permitem transportar o equipamento pela fazenda.

Outros modelos da empresa são motorizados ou contam com engate para acoplagem no trator. Uma vez definido o local onde será instalado o mourão, a máquina se ajusta à altura dele, graças a uma peça móvel que desce e se encaixa em sua porção superior. Com o mourão bem preso, a máquina começa a exercer pressão sobre o poste até enterrá-lo no chão.

Para colocar e retirar mourões

Outra ideia criativa colocada em prática por produtores brasileiros é o “arrancador de postes” da foto ao lado, criado a partir de um macaco simples de caminhão. Preso a um segundo suporte de ferro idêntico ao do macaco, que se prende no lado oposto do mourão, o equipamento abre e fecha graças a uma correia que une as duas partes. Sem muito esforço, uma única pessoa é capaz de arrancar um mourão do chão em menos de um minuto.

Todas as soluções apresentadas nesta matéria podem ser vistas em funcionamento no vídeo abaixo. Assista:

*Matéria originalmente publicada na edição 453 da Revista DBO. 

 

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