12 ago de 2018
Brasil – Agropecuária – Queijos produzidos na Serra da Mantiqueira terão nome próprio

Embrapa apresentou os resultados do projeto envolvendo produtores de queijo de Minas Gerais

Os pecuaristas dos municípios das terras altas da Serra da Mantiqueira estão próximos de definir o nome do queijo que produzem. Já é quase certo que o queijo “tipo parmesão”, que deu fama ao lugar, passe a ter dois nomes: Alagoa e Mantiqueira de Minas. O primeiro denominará o queijo produzido no município de Alagoa-MG. Já Mantiqueira de Minas será o nome do produto dos municípios vizinhos (Aiuruoca, Baependi, Bocaina de Minas, Carvalhos, Itamonte, Itanhandu, Liberdade, Passa Quatro e Pouso Alto).

 

Apesar do produto dos diferentes municípios possuir semelhanças na forma e no sabor, Alagoa optou por um nome próprio. O queijo alagoense é mais tradicional. Fabricado artesanalmente desde o século XIX, o as queijarias do município ganharam ampla visibilidade no último ano devido às reportagens veiculadas na mídia nacional. Com 2.700 habitantes, a 447 quilômetros da capital mineira, Alagoa é conhecida como a “terra do queijo parmesão”. Tal designação, no entanto, é incorreta, já que Queijo parmesão é aquele produzido na região de Parma, na Itália e possui Denominação de Origem Protegida (D.O.P.), uma norma da Comunidade Europeia. “Por apresentar algumas similaridades com o queijo italiano, o produto das terras altas da Serra da Mantiqueira “lembra” o queijo parmesão, mas não pode ser chamado como tal”, diz a pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Nívia Maria Vicentin.

 

Denominação de origem

O fórum que propôs os nomes para os queijos foi o 1º Seminário Regional do Queijo Artesanal da Mantiqueira, ocorrido em julho. O Seminário reuniu cerca de 50 pessoas entre produtores, técnicos, pesquisadores e políticos das cidades envolvidas. Na ocasião, foram apresentados os resultados dos esforços da Embrapa Gado de Leite, Emater-MG e Instituto Mineiro da Agropecuária no sentido de caracterizar o queijo artesanal da região. O objetivo é obter uma indicação geográfica (indicação de procedência ou denominação de origem), semelhante ao queijo de Parma (Parmesão) ou a produtos como o Champanhe, vinho espumante da região de Champagne, no nordeste da França.

 

A Denominação de Origem implica em diversos fatores, incluindo até mesmo paisagem da região, como explicou a técnica da Emater Marciana de Souza Lima. Se dependesse apenas disso, o queijo já seria um sucesso, as terras altas da Serra da Mantiqueira ocupam o entorno do Parque Estadual da Serra do Papagaio, considerado um dos locais mais bonitos de Minas Gerais. Mas, além disso, é importante definir critérios técnicos, como processo de fabricação e tempo de maturação, conforme explicou o também técnico da Emater-MG, Júlio Cesar Seabra.

 

Há três anos a Embrapa Gado de Leite pesquisa o queijo da região. Durante o Seminário, a pesquisadora da instituição, Maria de Fátima Ávila Pires apresentou os resultados parciais do projeto que vem conduzindo. O projeto visa analisar, entre outras coisas, a qualidade da água e do leite, os processos de ordenha das vacas e a alimentação do rebanho. Segundo a pesquisadora, neste período, o estreitamento da relação entre pesquisa e produtor contribuiu para que os índices de qualidade do queijo da Mantiqueira se elevassem bastante.

 

Outro tema debatido no Seminário foi a legislação a respeito do queijo artesanal, que passa por mudanças estruturais, cujo objetivo é facilitar a comercialização do produto. O Brasil produz um milhão de toneladas de queijo por ano. Um quinto desse total é feito artesanalmente, com leite cru (que não passou pelo processo de pasteurização) e vendido informalmente. Resolvida a questão da legislação, e a caracterização estabelecida, a Serra da Mantiqueira terá, enfim, o seu produto terroir (palavra francesa que define a relação entre solo, microclima, ambiente e “o saber fazer” próprio de uma comunidade na fabricação de um produto de origem agrícola), como as regiões de Champagne e Parma.

 

Fonte: Embrapa Gado de Leite

 

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