06 jan de 2017
Brasil – La Niña enfraquecido: chuva demais no Sul e de menos no Nordeste

Condições climáticas são tão instáveis que podem fazer um vizinho bater recorde de produção enquanto o outro tenha de enfrentar uma quebra forte

As chuvas que vêm ocorrendo em todo o Brasil estão muito irregulares. E isso tem preocupado muito os produtores, pois os volumes estão muito variados dentro de uma mesma microrregião. Tem propriedades que já ultrapassaram as médias e outras vizinhas que ainda estão com volumes inferiores ao esperado.

Além da irregularidade no regime de chuvas em uma mesma região, vem ocorrendo uma grande variabilidade, ora as pancadas estão ocorrendo na metade sul do país e em outro momento sobre o norte, ocasionado, assim, períodos de estiagem e até mesmo de excesso de dias chuvosos.

Esse padrão meteorológico tem um culpado: o La Niña. “O enfraquecimento do fenômeno já com uma tendência de neutralidade mantém esse padrão meteorológico, que deverá ser observado até o final da safra, ainda mais agora, que a tendência para esse verão é de um clima próximo à neutralidade, sem a influencia do La Niña”, diz o agrometeorologista do Agroclima Marco Antônio dos Santos.

Segundo ele, não podemos descartar a possibilidade de novos veranicos e, no período seguinte, excesso de chuvas. Esse padrão manterá uma grande apreensão junto aos produtores e mercado, pois possíveis perdas de produtividade poderão ser registradas em todas as culturas.

Os prejuízos vão depender muito da fase fenológica que as lavouras se encontram e, sobretudo, o nível tecnológico empregado nelas. Desse modo, é possível que alguns produtores tenham produtividades recordes em uma propriedade ou talhão e na área vizinha perdas bastante significativas, seja por déficit ou por excedente hídrico.

As altíssimas temperaturas também favorecem a perda de umidade, já que, sem a presença do La Niña, as temperaturas tendem a ficar acima da média.

Para os produtores de soja do Mato Grosso e do Paraná que já iniciaram a colheita, as condições serão ideais, pois, mesmo com a previsão de chuvas, essas serão na forma de pancadas, o que não impedirá a realização, apenas deverão ocorrer paralisações momentâneas.

Para os produtores que estão com suas lavouras em fase de desenvolvimento, as condições também não são ruins, já que há previsão para chuvas para esses próximos 15 dias.

Mas, como são irregulares, ainda haverá áreas que continuarão sob forte estresse hídrico, registrando reduções nos potenciais produtivos de suas lavouras.

“As regiões do Matopiba, Goiás, leste do Mato Grosso e metade norte de Minas Gerais serão as que mais poderão registrar perdas”, avisa Marco.

Há locais que estão há mais de 17 dias sem receber uma só gota de chuva, e nada impede que continuem assim. Somente na segunda quinzena de janeiro é que há previsão de chuvas mais generalizadas para toda a metade norte do Brasil.

No Sul, ao contrário, a preocupação é com o excesso de chuvas, muitos produtores estão preocupados com os vários dias de tempo fechado e úmido, afetando no desenvolvimento das lavouras.

E como há previsão de mais chuvas para esses próximos 10 dias, a situação poderá se agravar em algumas propriedades.

Pryscilla Paiva, editora de Tempo do Canal Rural

 

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