01 mar de 2016
Oeste – Agricultura – MATOPIBA – Depois do Prodecer, Japão pode investir no agronegócio e estrutura na região

Abreu: “Este é um momento histórico na relação entre as duas nações e inaugura um novo tempo para a região do Matopiba” (Fotos: Mapa)
“Este é um momento histórico na relação entre as duas nações e inaugura um novo tempo para a região do Matopiba”. A declaração é da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu, por ocasião da assinatura, entre Brasil e Japão, nesta segunda-feira, 29, em Palmas (TO), de um acordo de cooperação que permitirá investimentos japoneses no Matopiba. Este ato se deu durante o “Diálogo Brasil-Japão – Intercâmbio Econômico e Comercial em Agricultura e Alimentos”, promovido pelo Mapa.

Kátia Abreu lembrou ainda que o Brasil abriga a maior população japonesa no exterior, com 1,5 milhão de pessoas.

– Essa amizade proporciona uma enorme oportunidade de negócios para os dois países – disse ela.

Uma das lideranças políticas, diplomáticas e empresariais presentes no evento, o presidente da Mitsui & Company (empresa do ramo de ferrovias), Shinji Tsuchia, lembrou que o Brasil é o maior exportador mundial de café, suco de laranja e açúcar e o segundo maior de carne bovina e que a maior parte das terras agricultáveis no mundo está na América do Sul.

– O Brasil será o grande produtor agrícola mundial, atendendo a demanda global – disse.

Ainda de acordo com ele, como a maior produção de milho e soja está acima do paralelo 16, há necessidade de investimentos de infraestrutura e logística no Matopiba a fim de facilitar o escoamento e reduzir o chamado “custo Brasil”. Neste sentido, de acordo com o executivo, estão sendo feitos estudos em conjunto com o governo brasileiro.

Reunião Matopiba Japão 29.02.16 JS (45)
O ministro ,Hiromichi Matsushima afirmou que as bacias do Tocantins e Araguaia são as mais propícias para o cultivo de grãos.
Já o ministro para assuntos da Agricultura, Floresta e Pesca do Japão, Hiromichi Matsushima, reconheceu que as bacias dos rios Tocantins e Araguaia são as mais propícias para o cultivo de grãos.

Sua declaração foi seguida da manifestação do Governo japonês em investir em infraestrutura no Matopiba.

Receptividade do Tocantins

Reforçando esse interesse, o governador do Tocantins, Marcelo Miranda, destacou que o agronegócio do Tocantins é competitivo e audacioso.

Na ocasião, Marcelo apresentou dados sobre o potencial do estado que favorecem investimentos na produção de grãos.

– Do potencial hídrico da região do Matopiba, 42% encontra-se no Tocantins – destacou Marcelo Miranda.

Ele explicou ainda que o Estado conta com cerca de 4,5 milhões de hectares de áreas irrigáveis e capacidade considerável de aumentar a sua produção, sem comprometer a oferta de água para as culturas existentes.

O Governador tocantinense lembrou ainda que o Estado já dispõe de uma infraestrutura logística capaz de favorecer o escoamento da produção com as menores distâncias, por meio dos portos de Itaqui e Vila do Conde, ambos no Estado do Maranhão.

– Essas plataformas proporcionam muito mais economia no escoamento da nossa produção, por meio dos portos maranhenses, com relação ao porto de Santos, em São Paulo – lembrou.

Miranda, a esquerda de Abreu, lembrou Tocantins dispõe de uma infraestrutura logística capaz de favorecer o escoamento da produção com as menores distâncias, por meio dos portos de Itaqui e Vila do Conde.
Miranda, a esquerda de Abreu, lembrou Tocantins dispõe de uma infraestrutura logística capaz de favorecer o escoamento da produção com as menores distâncias, por meio dos portos de Itaqui e Vila do Conde.
Outro fator que privilegia o Tocantins, lembrado por Marcelo Miranda, é o fato de o Estado ser o único do Matopiba a fazer parte da região Amazônica, o que, segundo o Governador, permite incentivos fiscais por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

Escoamento da produção

Um dos governadores presentes, Flávio Dino, do Maranhão, cuja região sul integra o Matopiba, expôs, em sua oratória, o potencial do Porto de Itaqui, com seu Terminal de Grãos (Tegram), como de fundamental importância para o processo de desenvolvimento e logística do Matopiba.

– O Porto de Itaqui é o porto do Matopiba. É o local de saída dos produtos agrícolas que ficam mais ao norte do país e, portanto, significa menos custos para exportação para os produtores e empresários da região – frisou.

Ainda conforme o Governador maranhense, estão previstos investimentos da ordem de R$ 1,3 bilhão no porto, no período de 2016-2017.

– Os recursos, da iniciativa privada e pública, já estão garantidos – assegurou Dino.

A Bahia, que tem sua região oeste integrado ao Matopiba, foi representada pelo vice-governador João Leão e pelo secretário de Agricultura, Vitor Bonfim. Ele ressaltou o potencial agrícola da região que compõem o território do Matopiba na Bahia.

– A safra do oeste da Bahia confirma a força produtiva do agronegócio baiano, reconhecida em nível nacional e internacional. No algodão, consolida-se como segundo maior produtor nacional, e sua alta qualidade é plenamente reconhecida. Na oleaginosa e no milho, tornou-se o principal fornecedor do Norte e do Nordeste – afirmou o secretário.

Com mais de 6 milhões de hectares irrigáveis, o Matopiba apresenta inúmeras oportunidades na área de produção de alimentos. Foi o que mostrou, ainda, a ministra Kátia Abreu aos japoneses reunidos em Palmas.

– Para expandirmos a irrigação, precisamos R$ 114 milhões para 2.280 Km de redes de energia para a região – estimou.

Ela informou também que a Conab vai construir quatro armazéns para grãos, com capacidade de 88 milhões de toneladas e investimentos de R$ 100 milhões. Além disso, está prevista a instalação de duas Ceasas no Matopiba, no valor total de R$ 24 milhões; dois centros de tecnologia de agricultura e baixo carbono nos municípios de Luís Eduardo (oeste da Bahia) e Bom Jesus (sul do Piauí), com parcerias públicas e privadas e implantação de um centro tecnológico em silvicultura e agricultura de baixo carbono.

Durante o encontro foram criadas a Frente Estadual Parlamentar da Região do Matopiba e Frente Municipalista dos Prefeitos da Região de Matopiba. As frentes vão trabalhar pela busca de investimentos e de políticas públicas para o desenvolvimento da região.

Presenças

Lideranças empresdariais e políticas do Japão e Brasil.
Lideranças empresdariais e políticas do Japão e Brasil.
O Evento atraiu mais de 600 pessoas para o auditório Cuica, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), contou com a presença dos governadores dos quatros estados do Matopiba – Flávio Dino (Maranhão), Marcelo Miranda (Tocantins), Wellington Dias (Piauí) e do vice-governador da Bahia, João Leão, que representou o governador Rui Costa; secretários de estado; deputados; prefeitos; secretários do Mapa; representantes do setor produtivo; da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A delegação do Japão estava formada por cerca de 70 empresários e autoridades do governo, como o embaixador Kunio Umeda, o vice-ministro de Assuntos Internacionais do Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão, Hiromich Matushima, o diretor-presidente da Mitsubishi Corporation do Brasil, Aiichiro Matsunaga, e o presidente da S. C. Toyota do Brasil, Toshifumi Araki.

Investimentos em infraestrutura

A programação do encontro teve prosseguimento durante o período da tarde, quando a ministra Kátia Abreu destacou o crescimento econômico da região.

– Nos últimos três anos, a produção agrícola no Matopiba cresceu 49%, enquanto a do Brasil aumentou 11% – comparou.

Avaliando os resultados do Seminário, o vice-ministro de Assuntos Internacionais do Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão, Hiromichi Matsushima, disse que a reunião foi importante para se conhecer a região e para a concretização dos investimentos futuros.

Um dos temas foi a previsão e análise climática no Matopiba. O diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Divino Moura, informou que o número de estações meteorológicas na região vai passar este ano de 34 para 45.

– As estações vão fornecer informações em tempo real e diretamente no computador de qualquer brasileiro. Toda agricultura deve ter apoio do tempo e previsão do clima para se evitar perdas agrícolas – disse.

Os investimentos em infraestrutura e logística no Brasil foram destacados durante o evento pelo secretário do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Maurício de Carvalho. Ele explicou aos japoneses o que está sendo feito em rodovias, ferrovias e hidrovias.

De acordo com ele, cerca de 7.400 km em 17 rodovias, por exemplo, serão concedidos à inciativa privada em todo o país, entre 2015 e 2018. Doze projetos de concessão no Matopiba estão em fase de estudos

O “Diálogo Brasil-Japão” reuniu grandes empresas japonesas que já estão atuando no Brasil e querem ampliar os investimentos. São elas: Mitsui & Company, que comercializa produtos siderúrgicos, alimentícios e insumos agrícolas; a S.C. Toyota, do grupo Toyota (do ramo automobilístico), que investe no plantio de soja, armazenamento e transporte; Mitsubish Corporation do Brasil – maior trading do Japão do setor de energia e alimentos como o café –; e a Ajinomoto, uma das grandes empresas japonesas de alimentos processados, como condimentos.

Na oportunidade, foram criadas as Frente Estadual dos Deputados do Matopiba e da Frente Municipalista dos Prefeitos da região e um diálogo empresarial sobre intercâmbio econômico e comercial em agricultura e alimentos que, além de empresários brasileiros e japoneses, terá a presença de gestores dos ministérios dos Transportes, Planejamento e Portos da Receita Federal, Embrapa e embaixada dos dois países.

O Matopiba

A região se destaca pela produção de grãos como soja, milho, arroz e algodão. Possui uma área área de 73 milhões de hectares, com 377 municípios e mais de 25 milhões de habitantes. A região tem mais de 324 mil estabelecimentos agrícolas. Atualmente responde por 10% da produção de grãos do país. O Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário somou R$ 1,3 trilhão em 2014.

No ano passado, foi criado o Plano de Desenvolvimento Econômico do Matopiba por meio de decreto da Presidência da República. É um instrumento de planejamento para modernização, competitividade, incremento de renda, mobilidade social e sustentabilidade. Os três principais eixos do plano são infraestrutura, inovação e desenvolvimento tecnológico e o fortalecimento da classe média rural.

Declaração de Palmas

Durante o evento, os gestores dos estados que integram a região do Matopiba e a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, assinaram a Declaração de Palmas, que visa buscar meios de incentivar investimentos em atividades agropecuárias e, automaticamente, o desenvolvimento socioeconômico na região.

Prodecer

O Brasil já teve importante parceria com o Japão na área de produção de alimentos: o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro de Exploração dos Cerrados (Prodecer) que, permitiu dotar os cerrados de Minas Gerais, Maranhão e Bahia de toda estrutura para a exploração econômica dessas regiões.

Foi um dos melhores modelos de reforma agrária do mundo, quando o homem foi assentado tendo como critério, experiência em agricultura, apoio financeiro, moradia máquinas e implementos para a produção.

O Prodecer abriu fronteiras nestas três regiões.

(Da redação de Cerrado Rural, mais informações das assessorias de imprensa do Mapa, governos do Tocantins e da Bahia)

Nota do editor

Mais uma vez, o governador Rui Costa, da Bahia, não compareceu a um evento de tamanha importância para a região, como foi o de ontem, em Palmas. Ele foi representando pelo vice, João Leão.

Acredito o seguinte: se ele quer protestar por alguma coisa que não acha correta ou injusta com o seu Estado, ou com a região oeste, no caso, tem lá suas razões se o alvo de seu protesto é a ministra Kátia Abreu por estar concentrando esses grandes eventos do Matopiba em Palmas, capital do Tocantins, base eleitoral da Ministra.

Está certo que Palmas, entre todas as principais cidades do Matopiba é a mais centralizada e estruturada, porém a região alvo de uma agência federal de desenvolvimento não é apenas o Tocantins.

Barreiras e Luís Eduardo, no oeste da Bahia; Balsas, no sul do Maranhão e Bom Jesus e Uruçui, no sul do Piauí, também reúnem condições de sediar esses eventos. Se falta conforto, faz parte do contexto e não devem ser discriminadas.

A proposta a Agência Matopiba é equalizar o desenvolvimento socioeconômico. (Antônio Oliveira)

 

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