28 nov de 2016
Oeste – Agricultura – Sobre o “decreto da morte do MATOPIBA” e o litígio envolvendo terras no oeste da Bahia

Olá amigos do Brasil que produz – este meu velho bordão, para quem ainda não sabe,  é traduzido como o Brasil dos campos produtivos, do agronegócio ou da agricultura familiar -, um grande abraço.

Uso este meu espaço de opinião nesta segunda-feira de insegurança institucional no Brasil; de otimismo na agricultura, com as primeiras doces travessuras de “La Niña” e de indignação na região do MATOPIBA com o radicalismo de uma consultoria paulista e com a irresponsabilidade de um jornal paulista que, baseado em informações dessa empresa de consultoria,  fez e publicou matéria maldosa sobre esta região agrícola, para algumas informações e opiniões. (ow, período que ficou grande).

Começo informando que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realiza nesta terça-feira, 29, sessão extraordinária para uma pauta de 90 processos. Entre os quais está o de número 0005310-55.2016.2.00.000, que vem a ser o processo que mantém a anulação de medida administrativa da Justiça de Formosa do Rio Preto, dando posse de mais de 300 mil hectares de terras, cultivadas há quase 30 anos por produtores de grãos, que as compraram, pagaram de acordo com os trâmites legais – segundo eles – , a uma só pessoa que alega ser essa imensa área de sua propriedade por meio de herança, coisa assim. Esse processo entrou na pauta de julgamento do CNJ há duas semanas, mas teve pedido de vistas da presidente do Conselho, ministra Carmem Lúcia.

Veja matérias sobre o assuntos nos links abaixo:

http://cerradoeditora.com.br/cerrado/funeral-de-uma-injustica-cnj-suspende-posse-de-latifundio-de-mais-de-200-mil-ha/

http://cerradoeditora.com.br/cerrado/conflitos-agrarios-suposta-grilagem-de-340-mil-ha-de-terras-no-oeste-da-bahia-sera-julgada-nesta-terca-feira-no-cnj/

http://cerradoeditora.com.br/cerrado/inseguranca-produtores-do-oeste-da-bahia-aguardam-decisao-da-cnj-e-repudiam-a-pecha-de-grileiros/

http://cerradoeditora.com.br/cerrado/regiao-da-coaceral-ministra-carmem-lucia-pede-vistas-e-processo-nao-e-julgado/

Sobre a matéria do jornal “Valor”, tentando promover o esvaziamento econômico da região do MATOPIBA, a repercussão no Brasil e na região foi muito grande e este site e o site paulista Notícias Agrícolas agiram veementemente para desarmar este esquema maldoso e preconceituoso.

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja, (Aprosoja Brasil) é uma das  instituições que reagiram a este fato negativo, chegando a pedir ao “Valor” direito de resposta para as instituições representativas do agronegócio no MATOPIBA. Esta nota de repúdio foi emitida aos veículos de comunicação na última sexta-feira, 25. O prazo para a publicação do direito de resposta era de 24 horas. Porém, até agora, quando redigimos este texto, 11h30, horário brasileiro de verão (10h30 para nós do MATOPIBA), o “Valor” não havia publicado a defesa solicitada pela Aprosoja Brasil. Apenas corrigiu o nome do presidente desta instituição:

“Diferentemente do que informou a reportagem “Matopiba está perto do limite, diz estudo”, publicada em 21 de novembro na página B12, o presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) é Marcos da Rosa e não Glauber Silveira” – foi a nota.

Mas a matéria denegrindo a imagem do MATOPIBA continua intacta lá no site do Jornal.

Já Agroicone, responsável pelo tal “estudo” que não vê viabilidade na expansão agrícola do MATOPIBA, depois das pressões e notas de repúdios da Aprosoja Brasil e das demais instituições representativas do agro na região agrícola do Norte e Nordeste do Brasil, emitiu nota negando que seu “estudo” conclui pela inviabilidade do MATOPIBA e disse não concordar com as colocações do jornal “Valor”. Entretanto, transcreveu em seu site a referida matéria e a mantém, até este momento desta terça-feira, em destaque no seu site.

Se isto revela que essa consultoria não merece crédito, comentário publicado em artigo do blog “Código Florestal”, deixa isto ainda mais evidente.

Diz o artigo:

“É preciso começar explicando que Arnaldo Carneiro Filho, responsável pelo estudo do Agroicone, é uma ambientalista que trabalhou por anos em ONGs como a TNC e o Instituto Socioambiental (ISA). Trabalhou em um dos maiores centros de formação e doutrinamento de ambientalistas radicais do Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Arnaldo é um cara bom e tecnicamente competentíssimo, mas carrega o velho e conhecido mind set anti-agro do ambientalismo radical, coisa difícil de se mudar.

A matéria do Valor que decretou a morte do Matopiba, talvez a última fronteira agrícola do Brasil, foi toda baseada em uma pesquisa conduzida por Arnaldo. O ambientalismo radical tem uma espécie de tara por matar fronteira agrícola.

É engraçado como os ambientalistas radicais, não sabendo como dirigir o desenvolvimento em bases sustentáveis, simplesmente o matam. Já que uma região ambientalmente rica e economicamente pobre não tem como ficar economicamente rica sem ficar ambientalmente pobre, é melhor que fique economicamente pobre, é melhor que não se desenvolva, é melhor que os investimentos sejam feitos em outras regiões já antropizadas. Foi exatamente isso que os ecocanalhas fizeram na Amazônia.

A área disponível para agricultura no Matopiba levantada por Arnaldo e relatada pelo Valor é pequena porque o estudo só considerou as áreas de pasto com alta aptidão agrícola. O estudo ignorou propositalmente o potencial de expansão da produção em outras áreas onde o risco climático ainda é relativamente baixo e ainda é legalmente possível.

A área disponível para expansão agrícola no Matopiba, de fato, não é tão grande como muita gente imagina. Aliás, nunca foi. Mas ainda há muito mais área para a expansão da agricultura por lá do que os ambientalistas radicais gostariam que houvesse.

O estudo do Agroicone ainda não foi publicado e o fato das conclusões terem “vazado” para imprensa é bem sugestivo. As declarações que Arnaldo Carneiro deu ao Valor não refletem a realidade. Refletem apenas aquilo que o ambientalismo radical gostaria que fosse realidade.

Puro lixo ideológico. Lixo eco-ideológico. Tem muito disso por aí. O velho Código Florestal era um lixo eco-ideológico. Não entrou para o rodapé da história?

O Matopiba não morreu. O Matopiba continua lá, onde sempre esteve. Pulsando, com sempre esteve. Desafiando, como sempre fez. Barato com sempre foi. Quem quiser investir lá hoje provavelmente encontrá terras mais baratas ainda depois da matéria do Valor. A hora talvez seja justamente agora.

Mas fiquem atentos: O Matopiba não é lugar para amadores. Fronteira não é lugar para amadores. Se você é um agricultor meia boca ou frouxo fique onde está ou vá para Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais ou São Paulo. Fronteira tem risco. Fronteira é longe. Fronteira é desconhecida. Fronteira é para quem tem sangue no olho. Fronteira é lugar para homem, não é lugar para menino”

Eu diria que este blog matou a pau. E nem precisou arrancar uma galha de mutamba no Cerrado.

Bom amigos, para finalizar, nossa redação recebeu agora pela manhã a posição do presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), com sede em Barreiras, no oeste da Bahia e atuação nesta região e na região de Guanambi, onde faz um trabalho de retomada da cotonicultura nesta que já foi o maior produtor desta fibra na Bahia.

“Prezado Antonio Oliveira, bom dia!

A respeito de notícia veiculada no jornal Valor Econômico, na edição da última segunda-feira (21), intitulada de ‘Matopiba está perto do limite, diz estudo’, o presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Celestino Zanella, reitera a ‘Nota de Esclarecimento sobre a capacidade de expansão do Matopiba’, divulgada pela Associação de Agricultores e Irrigante da Bahia (Aiba), na última quarta-feira, 23.

Nota de Esclarecimento sobre a capacidade de expansão do Matopiba

A Associação de Agricultores e Irrigante da Bahia (Aiba) recebeu com surpresa o resultado de uma pesquisa realizada pela consultoria Agroicone e publicada no jornal Valor Econômico, na edição da última segunda-feira (21), intitulada de “Matopiba está perto do limite, diz estudo”. Nos causa estranheza dois fatos: os números apresentados, que divergem totalmente dos dados oficiais; e a ausência de uma fonte regional na matéria, que possa falar com conhecimento de causa de quem vive a rotina local.

Os números apresentados não condizem com a realidade do Matopiba. A Associação acredita veementemente que tal equívoco tenha ocorrido em função de os pesquisadores e as fontes ouvidas desconhecerem a realidade da região, e se basearem em dados prematuros, tomando como base apenas os últimos quatro anos, cuja produtividade foi comprometida em função de problemas climáticos ocasionados pelo fenômeno El niño.

Ao contrário do que foi divulgado, a área total cultivada em todo Matopiba é de 73 milhões de hectares, sendo 66,5 milhões de hectares no bioma cerrado. Somente no Oeste da Bahia, há mais de 3 milhões de áreas de cerrado agricultáveis disponíveis para serem incorporadas às áreas produtivas já existentes. Tudo isso, respeitando o Código Florestal, cuja legislação ambiental é uma das mais rígidas do mundo.

De acordo com o último levantamento da Conab e do IBGE, a região Nordeste do país superou o Sudeste em produção de alimentos. Das 18,6 milhões de toneladas produzidas, boa parte é oriunda do Matopiba, o que reforça a tese de que esta fronteira agrícola encontra-se em franca expansão.

Levando em consideração essas informações, a Aiba convida o Instituto Agroicone e o Jornal Valor Econômico a conhecerem melhor a região e o seu potencial, bem como o nosso banco de dados, que contém o histórico de mais de duas décadas e não apenas dos anos recentes, que é insuficiente para construir tal diagnóstico.”

Bom, grande abraço a todos e viva o MATOPIBA que haverá de dar sua grande contribuição a segurança alimentar do mundo.

Antônio Oliveira

 

Cerrado Editora

 

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