24 jul de 2015
Oeste – ANIVERSÁRIO –AIBA comemora 25 anos de conquistas, mas tem erros que devem ser revistos

Por Antônio Oliveira

A Aiba comemorou neste 22 de julho seus 25 anos de fundação e atuação. De 16 agricultores que a integrava e uma área de pouco mais que 500 mil hectares cultivados naquela época, a instituição tem hoje 1.300 associados e a região planta mais de 2,3 milhões de hectares.

Em seu segundo mandato, o presidente da Aiba, Júlio Cézar Busato, por meio da Assessoria de Imprensa da entidade que dirige, faz um balanço da atuação da instituição ao longo destas mais de duas décadas.

 Cerrado Rural deu uma nova redação a esta entrevista, sem, claro, mudar a falta de Busato e faz, ao final dela, um comentário sobre os erros e acertos desta que é uma das maiores, mais organizadas e influentes corporação do agronegócio.

Júlio Busato, quando recebia o título de Cidadão Baiano da Assembléia Legislativa da Bahia,ALBA (Foto: ALBA)

Ao fazer, por meio de sua Assessoria de Comunicação, um balanço dos 25 anos de existência da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), criada em 22 de junho de 1990, o atual presidente da instituição, o empresário rural Júlio Busato, classificou como de “fundamental importância” a união dos representantes no agronegócio no oeste da Bahia.

– Estamos trabalhando juntos, dividindo as tarefas para que consigamos sucesso naquilo que estamos fazendo que é defender os interesses do agricultor do oeste baiano. Para isso, estamos orientando para que ele esteja legalizado nos aspectos trabalhista e ambiental, buscando melhoria da tecnologia e redução de custos das fazendas. São várias frentes de trabalho que temos tido nesta divisão de tarefas, dentro da atuação de cada uma das entidades, e os resultados disso estão começando a aparecer, iniciou sua avaliação.

Anda conforme Busato, cada uma dessas instituições, atuando dentro de suas competências, faz com que se consigam mais benefícios para o produtor rural.

– Na verdade, é a ajuda mútua e a divisão de tarefas, que é um processo praticamente automático. Existe uma sinergia entre elas e um apoio mútuo quando se faz necessário. Isso está sendo de fundamental importância e os frutos estão começando a aparecer, cada dia mais, pontuou.

O presidente falou também das principais mudanças vividas pela Aiba ao longo destes últimos 25 anos.

 No começo a Aiba foi fundada somente por irrigantes, quando tínhamos que  nos organizar, principalmente por conta das outorgas de água que, no primeiro momento, nós imaginamos que seria um entrave, um problema se fazer agricultura irrigada. Mas ao longo do tempo nós entendemos que isso era necessário principalmente na manutenção de nossos rios para que nós jamais corrêssemos o risco deles virem a secar. Isso seria um prejuízo enorme para os agricultores que têm seus sistemas de irrigação que são muito caros, disse.

Com isso, continuou, houve uma aproximação maior do governo do Estado, principalmente das secretarias de Meio Ambiente (Sema), Agricultura (Seagri), Infraestrutura (Seinfra) e Fazenda (Sefaz), e os irrigantes começaram a construir juntos esses 127 mil hectares irrigados de hoje.

– Depois disso, a Associação foi aberta para os demais produtores, ganhando força e representatividade. 25 anos depois, a Aiba é uma associação que responde por quase 4% de tudo o que é produzido de grãos e fibras no país, possui 1300 associados, tem 2,36 milhões de hectares representados, e assumiu uma excelente representatividade entre os governos municipal, estadual e federal, ampliando a comunicação e a reciprocidade. Hoje temos ações em conjunto com esses governos, quer seja na parte ambiental, social, tecnológica ou de infraestrutura e isso tem se mostrado de grande valia com excelentes resultados. Este é o caminho a ser seguido, comemorou.

Desta forma, Júlio Busato considera que a Aiba tem mais influência diante dos governos municipal, estadual e federal, o que facilita a articulação e solução de problemas que dizem respeito à produção rural no oeste da Bahia.

– Com certeza. Ao longo dos anos ela foi conquistando isso. É uma associação de pessoas que possuem integridade e responsabilidade com a região e isso é percebido pelos governos, afirmou.

Uma das características que têm marcado o perfil da Aiba nos últimos anos é sua atuação muito além da produção rural. Por meio de ações, em parceria com a sociedade e instituições públicas e privadas, a entidade tem colaborado com instituições sociais filantrópicas e com a questão do Meio Ambiente.

Uma revista própria foi um erro muito grande (Foto: Divulgação)
A Bahia Farm Show é uma das maiores conquistas da Aiba (Foto: Divulgação)

– O que está acontecendo hoje é que o agricultor entendeu sua responsabilidade social e ambiental para com a região onde ele vive. Ele está doando parte disso, está doando recursos voluntariamente para que as coisas aconteçam, melhorando a vida de milhares de pessoas, preparando-os para o futuro e para o mercado de trabalho. Isso se reflete no bem estar social. Quanto ao Meio Ambiente, tem as ações que temos feito com o PrevFogo onde o agricultor, voluntariamente, doa suas máquinas e cede seus funcionários que fazem treinamento de brigadistas. Esse trabalho é feito juntamente com as secretarias municiais de Meio Ambiente e o Inema. Isso tem tido um resultado muito interessante, explicou.

Júlio Busato falou também sobre o papel da Aiba no processo político da região, do Estado e do Brasil.

– A Aiba tem o papel de ser o grande canal de comunicação entre os agricultores do oeste e os governos, sejam eles quais forem; levando projetos, soluções e até participando das ações. As pessoas, às vezes, se enganam por achar que a Associação tem um cunho político, mas a Aiba e a política não podem ocupar o mesmo espaço porque entre os nossos 1300 associados, existem pessoas que possuem seus candidatos e partidos diferentes. O voto é um direito dele, que não pode ser influenciado pela Associação, e muito menos, sua diretoria assumir compromisso com qualquer candidato ou partido político para ter benefícios eleitorais passageiros. Da mesma forma, as diretorias não podem tentar ou querer se beneficiar da Associação para seus interesses políticos. Isso não cabe e não deve existir dentro da Aiba, disse Busato, possivelmente, numa referência aos rumores de que ele visa a candidatura a prefeito de Barreiras e, mais recentemente, que está com estreitas ligações políticas com a ex-prefeita de Barreiras, Jusmari Oliveira e seu esposo e ex-prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Oziel Oliveira.

Por fim, o presidente da Aiba deixou uma mensagem ao associado “que confia na Associação e que contribuiu para que ela chegasse aos 25 anos” – conforme questionou sua assessoria de comunicação.

– Eu diria que nós somos vencedores, somos vitoriosos. Seria muito bom que ela chegasse aos 50 anos servindo a nossos filhos e netos da mesma forma que tem cuidado de nossos interesses. Mas, para que isso aconteça, os produtores precisam participar mais da Aiba e entender melhor o trabalho que ela tem feito ao longo desses 25 anos. Eles precisam estar mais presentes e apoiar nossas ações. Se não estivermos unidos, se ficarmos lutando sozinhos, não vamos conseguir resolver os problemas que nos afligem e que surgem praticamente o tempo todo, sejam eles de ordem ambiental, trabalhista ou de infraestrutura. Somente com a união e com a participação efetiva de nossos associados é que vamos nos tornar cada vez maiores e melhores para enfrentar o futuro, concluiu.

Opinião de Cerrado Rural

 Não há nenhuma dúvida, e Cerrado Rural, ao longo de seus 12 anos de criação, sempre reconheceu e propagou isto cerrados do Norte e Nordeste afora – hoje região do Matopiba -, que a Aiba é uma das mais atuantes e modernas corporação do agronegócio no Brasil. Graças ao empenho e visão de futuro de  muitos líderes que a fundaram e a dirigiram ao longo destes 25 anos, o oeste da

Graças aos investimentos em pesquisas, juntamente com seus parceiros, a Aiba fez do oeste da Bahia uma das mais produtivas no mundo (Foto: Divulgação)
Graças aos investimentos em pesquisas, juntamente com seus parceiros, a Aiba fez do oeste da Bahia uma das mais produtivas no mundo (Foto: Divulgação)

Bahia chegou a posição de destaque no ranking nacional de produtores de grãos e algodão e tem altas produtividades, muitas vezes superiores a de regiões tradicionais  nacionais e internacionais de produção de fibras, soja e milho. Eles incentivaram e investiram na pesquisa, na inteligência, na união da categoria.

Mas a Aiba também cometeu e comete erros, como o que Busato tenta desfazer no acima descrito: o uso da Associação por parte de alguns de seus executivos e da parte de políticos, digamos alienígenas (com domicílio eleitoral e atuação profissional/empresarial em outras regiões), para projeção política e eleitoral. O próprio presidente Júlio Busato andou com algumas ações que deixaram claro que ele visava se projetar a um cargo eletivo no futuro, talvez a prefeitura de Barreiras. Tentou, depois, apagar esta impressão, é verdade.

A Aiba, em si, não pode empunhar bandeiras partidárias. Mas deve empunhar as que representam a vontade de praticamente toda a sociedade e sem medo de cara feia, como faz outras instituições na região e Brasil afora – vão a luta pelo o que é melhor para a região. Uma dessas bandeiras é a do movimento separatista, que maioria de seus líderes e produtores defendem, mas que, com medo da repressão dos palacianos de Salvador, eles passaram a ter medo. Ora, a Aiba tem moral para pedir que respeitem  os ideais da região, sem que, com isso, rompa relações ou assuma posição de oposição ao atual governo baiano que, como o anterior, tem reprimido e até chantageado para que o oeste não levante esta bandeira.

O oeste da Bahia é um estado a parte com tudo para caminhar sozinho, por meio de sua arrecadação e com os fundos e convênios a que todo o Estado tem direito, sem que para isto seja preciso onerar os cofres federais, como alegam os antiseparatistas e a região têm lideres capazes de assumir sua governadoria, seu Legislativo e  o Congresso Nacional.

A Aiba tem sido tão submissa aos governos do PT baiano, que, embora com toda sua força, não soube impor, como seria de direito desta região, o secretário da Agricultura aqui da região. Fica o governo tendo-nos sempre como vitrine.

E mais, ainda falando de política, do agronegócio – sem usar suas instituições representativas –  deveria sair, assim como deveria sair do empresariado urbano e dos profissionais liberais um candidato com potencial para tentar barrar o curso de uma politica caduca que só tem atrapalhado o desenvolvimento econômico de Barreiras.

De volta ao tema:

As outras administrações foram marcadas pelo elitismo e arrogância de alguns de seus diretores, o que afastava a instituição da imprensa e de parte da sociedade – e até mesmo dos produtores rurais, associados ou não. Na atual, que se elegeu e assumiu derrubando a arrogância, continua repetindo este erro. Menos que em administrações que o antecedeu, justiça seja feita.

A gestão Busato também tem cometido erros na relação da Aiba com a imprensa regional, afastando maioria dos veículos regionais da instituição, com muitos “vingando-se” nos ataques à instituição e seus dirigentes, muitas vezes sem fundamento. Muitas vezes num claro “marronzismo”.

Esta entrevista, concedia à sua Assessoria de Imprensa também é um erro muito grande. Por que não convocou a imprensa para uma coletiva?

Erros que estão na arrogância e na falta de experiência em assessoria de comunicação por parte de um ou outro na sua Ascom (Assessoria de Comunicação), que discrimina um o ou outro profissional de imprensa e veículos de comunicação; na

Uma revista própria foi um grande erro da atual gestão da Aiba (Foto: Divulgação)
Uma revista própria foi um grande erro da atual gestão da Aiba (Foto: Divulgação)

criação de mais dois veículos de comunicação – um programa de rádio e uma revista – subestimando e atrapalhando o faturamento dos veículos comerciais – ele concorre com os veículos na capação de anúncios, é uma luta desigual -, que sempre deram espaço para a divulgação das ações da instituição, mesmo que esta só gasta em publicidade uma vez por ano. House organ (veículos da casa) são muito mais caros e não têm o retorno que os veículos independentes, comerciais têm. Esta é a verdade.

Erros em superestimar a mídia nacional e subestimar a regional, que vive in loco os problemas da agricultura regional, reportando e apontando-os para as autoridades.

Erros que podem ser revistos.

Mas, apesar de tudo isto, a Aiba, de Humberto Santa Cruz, passando por Valter Horita e, hoje, de Júlio Busato, é só conquistas e projeção do oeste da Bahia nos cenários nacionais e internacionais do agronegócio.

Nossos parabéns.

Pronto, perdi a ternura e falei. (Antônio Oliveira)

 

Fonte: Cerrado Editora e Ioeste

 

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