01 mar de 2016
Oeste – VERANICO – Situação no Tocantins é preocupante e mobiliza governo e produtores
Coapa pede a união de todos os seus cooperados. (Foto: Ascom/Coapa)

É cada vez mais preocupante a situação em que se encontram as lavouras de soja em todo o Tocantins, em consequência do desequilíbrio do tempo entre o início de plantio da safra – outubro/2015 –, até o presente momento, quando os grãos estão secando no pé sem atingir seu final de ciclo.

Produtores rurais esperavam que o excesso de chuvas que caiu na região entre dezembro e janeiro compensasse a escassez hídrica dos nos meses naturais de plantio. Frustração total: veio um novo veranico colocando quase tudo a perder no campo. Já se vão quase dois meses sem chuvas.

A região de Pedro Afonso, na sua região centro-norte, uma das maiores produtoras de grãos do Estado, é a que tem mais sofrido com essa adversidade climática, o que fez com que a Prefeitura de seu município-polo  da região – decretasse, no dia 22 deste mês, “situação de emergência nas áreas produtivas afetadas pela estiagem”. O Decreto justifica que a falta de chuvas provocou o stress hídrico das lavouras e pastagens do município, causando prejuízos aos produtores de soja e pecuaristas.

Após Pedro Afonso, outros municípios desta e de outras regiões no sul e sudeste  do Tocantins também decretaram situação de emergência. São eles, até neste dia, Talismã, Ipueiras, Santa Maria, Silvanópolis, Brejinho de Nazaré, Alvorada, Santa Rosa,  Rio dos Bois, Miracema do Tocantins, Tupirama e Santa Rita.

A situação também tem preocupado o Governo do Tocantins. Acionado pela redação deCerrado Rural, o Gabinete do Governador respondeu, por meio de sua Secretaria de Comunicação Social, que o governador Marcelo Miranda já determinou aos setores competentes que avaliem e emitam parecer sobre essa situação no Estado e que o secretário do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária (Seagro), Clemente Barros, já solicitou, inclusive, levantamento junto a Conab que tem a competência de fazer acompanhamento dos fenômenos ocorridos durante o ciclo das culturas afetadas pela estiagem.

– Outro levantamento, também já solicitado, que dará suporte ao Governo Marcelo Miranda, é a avaliação do índice de chuvas no Estado, especialmente nas regiões produtoras, a ser repassado pelo Imetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – disse o Governo do Estado.

Conforme o Chefe do Executivo estadual, de posse de dados oficiais e técnicos, uma equipe do Governo fará análise, a fim de avaliar e de pontuar as medidas a serem adotadas.

Coapa se movimenta

Enquanto isto, em Pedro Afonso, a Cooperativa Agroindustrial do Tocantins (Coapa), reuniu-se, no dia 27 deste mês, com aproximadamente 60 associados que cultivam grãos na região e que estão perdendo a safra de soja devido a escassez de chuvas.

União, foi a palavra mais citada entre os cooperados; o presidente da instituição Ricardo Khouri; e demais membros dos conselhos de Administração e Fiscal; diretorias executivas e das equipes das áreas comercial, técnica e do armazém.

A cúpula da Coapa tranquilizou os cooperados, informando-os que estão sendo desenvolvidas estratégias para tentar minimizar os prejuízos, sobretudo no que diz respeito às renegociações com instituições financeiras e empresas de fornecedoras de insumos agrícolas.

Também foi informado que estão sendo realizados levantamentos para mensurar a área afetada pela seca e a quantidade de grãos perdidos.

– Vamos ficar juntos. Caititu que anda só, virá comida de onça – disse o presidente da Coapa, Ricardo Khouri, ao destacar a importância da união dos cooperados durante este momento de  dificuldades.

O mesmo foi reforçado pelo superintende José Rander Lopes, o gerente comercial Nelzivan Carvalho Neves e vários cooperados.

Providências do Governo

Secretário Clemente Barros : A escassez da chuva trouxe atraso no plantio. (Foto: Ascom/SEagro)
Secretário Clemente Barros : A escassez da chuva trouxe atraso no plantio. (Foto: Ascom/SEagro)

As ações do Governo do Tocantins, com vistas a encontrar meios de amenizar a situação dos produtores rurais prejudicados pela adversidade climática, já estão em desenvolvimento por meio da Fundação Universidade do Tocantins (Unitins), em parceria com a Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária.

Juntas, elas realizam estudo técnico com a análise da situação pluviométrica parcial no estado do Tocantins, ocorrida durante o ano hidrológico de 2015/2016.

Este estudo, de acordo com a Seagro, foi realizado pelo Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos (Nemet/RH), da Unitins, numa parceria com a Secretaria de Estado e faz parte do monitoramento de tempo e clima diário realizado pelo Nemet/RH) e os dados utilizados estão disponíveis pela  Internet com domínio público, por meio das ferramentas dos órgãos oficiais de meteorologia no País.

Ainda conforme a Seagro, as adversidades climáticas estão entre as maiores causadoras de queda na produtividade das lavouras e esse efeito foi intensificado pela ação do El Niño, fenômeno considerado um dos mais fortes dos últimos anos e que continua atuando nas condições do clima no mundo todo.

No Tocantins, afirma a Seagro, provocou um desequilíbrio no calendário das águas, que tem períodos de chuva bem definidos, acontecendo entre os meses de outubro e maio.

Déficit hídrico ocorreu em todo o Estado

Segundo o estudo supracitado, em todo o Tocantins o semestre mais chuvoso compreende os meses de outubro a março, com valores máximos ocorrendo geralmente nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, representando 90% da precipitação média anual que se enquadra em um regime de chuvas nitidamente tropical.

O estudo revela ainda que, de forma geral, observa-se em toda a bacia a ocorrência de um trimestre com baixos índices de precipitações nos meses de junho, julho e agosto, cujo volume não totaliza 10,0 mm, contribuindo com mens de 1% para o total anual.

Nove estações automáticas e duas convencionais pertencentes ao Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) contribuíram para a avaliação do reime pluviométrico parcial no Tocantins. São elas as de Pedro Afonso, Araguaína, Porto Nacional, Taguatinga, Palmas, Campos Lindos, Formoso do Araguaia, Araguaçu, Dianópolis, Araguatins e Santa Rosa do Tocantins.

O estudo técnico elaborado pelo Nemet/RH conclui que o período chuvoso 2015/2016 manteve as condições de déficits consideráveis em todas as regiões do Tocantins.

– A escassez da chuva trouxe atraso no plantio, e em algumas propriedades, a necessidade de replantar áreas e diminuição de área. E a situação continua desfavorável para o agricultor tocantinense, ainda não sabemos a dimensão exata da perda, pois este dado só será possível com o 6º levantamento da Safra de Grãos 2015/2016 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que deverá ser divulgado na próxima semana (nesta semana) – considerou Clemente Barros, titular da Seagro.

Já para o meteorologista do Nemet/RH, José Luiz Cabral da Silva Júnior, o El Ñino segue em pleno desenvolvimento a previsão de término do fenômeno e somente em junho.

– O último trimestre de 2015 foi atípico, marcado pela falta de chuva, em janeiro, também atípico com um volume maior e a tendência para fevereiro, março e abril é que continue abaixo do nível climatológico. Para o setor agrícola, os prejuízos são inevitáveis –  prevê.

(Da redação de Cerrado Rural e com informações da Ascom/Coapa e Secom/TO)

 

 

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