10 ago de 2021
Brasil – Soja – Qual a capacidade de dispersão dos adultos de H. armigera?

A lagarta Helicoverpa armigera é uma importante praga de diversas culturas, como tomate, algodão, feijão, grão de bico, soja, amendoim, sorgo, fumo e milho, além de plantas ornamentais e hortaliças. Esta praga ocorre em diversos países da Europa, Ásia, África, Austrália, América e Oceania, se estabelecendo em regiões de clima tropical ou temperado. Destaca-se por apresentar características como polifagia, diapausa facultativa, grande capacidade de dispersão e adaptação em diversos ambientes, além de alto potencial reprodutivo (Laurentis, 2017).

Figura 1. Lagarta de Helicoverpa armigera.

Fonte: Ávila et al., 2013. 

  1. armigera é considerada uma espécie altamente polífaga, ou seja, que apresenta a capacidade de se desenvolver em ampla gama de plantas hospedeiras. Suas larvas têm sido registradas se alimentando e/ou causando danos em mais de 100 espécies de plantas, sejam elas cultivadas ou não, compreendendo cerca de 45 famílias, incluindo Asteraceae, Fabaceae, Malvaceae, Poaceae e Solanaceae (Ávila et al., 2013). Além disso, outros hospedeiros alternativos presentes nos arredores das lavouras assumem papel decisivo na sobrevivência e dinâmica sazonal da praga, uma vez que dão suporte à manutenção de suas populações em determinada região (Fitt, 1989).

No Brasil, a primeira ocorrência da espécie foi oficialmente relatada em 2013, atacando várias culturas de importância econômica (Czepak et al., 2013). A grande capacidade de dispersão de H. armigera está estreitamente relacionada à habilidade que os adultos desta espécie apresentam de se dispersar facilmente em condições de campo, e manter-se nesse ambiente por muitas gerações, enquanto houver alimento.

Figura 2. Adulto de Helicoverpa armigera.

Fonte: Ávila et al., 2013.

Esta espécie é capaz de migrar a grandes distâncias, podendo, na fase adulta, percorrer uma distância de até 1.000 km (Pedgley, 1985). Isto é considerado um hábito natural da praga nesta fase, independentemente das condições climáticas e da presença ou não de hospedeiros na área. Ademais, esta espécie também apresenta alta capacidade de sobrevivência em condições ambientais diversas, tais como excesso de calor, frio ou seca (Fitt, 1989).

A migração é realizada no período noturno, por várias horas, a favor do vento e por centenas de quilômetros em apenas uma noite. Além do mais, o comércio internacional de plantas também pode contribuir para o transporte e dispersão de H. armigera para diferentes regiões do mundo.

Cada fêmea de H. armigera pode ovipositar entre 2.000 e 3.000 ovos, podendo levar dois a quatro dias até a primeira postura, sob condições térmicas de 25 ºC (Figueiredo et al., 2006). As fêmeas realizam a oviposição de forma isolada ou em pequenos agrupamentos, preferencialmente na face adaxial das folhas ou sobre os talos, flores, frutos e brotações terminais com superfícies pubescentes. O ciclo de ovo a adulto completa-se dentro de quatro a cinco semanas, podendo ocorrer várias gerações do inseto ao longo do ano.

Figura 3. Ovo de Helicoverpa armigera recém depositado.

Fonte: Ávila et al., 2013.

Portanto, o hábito alimentar polífago, em associação com uma alta capacidade de dispersão e adaptação a diferentes cultivos, tende a favorecer o sucesso da espécie H. armigera como praga agrícola e a sua vasta distribuição geográfica, o que justifica a rápida expansão desse inseto-praga no território brasileiro.

Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro  e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM



REFERÊNCIAS:

ÁVILA, Crébio José; VIVAN, Lúcia Madalena; TOMQUELSKI, Germison Vital. Ocorrência, aspectos biológicos, danos e estratégias de manejo de Helicoverpa armigera (Hubner)(Lepidoptera: Noctuidae) nos sistemas de produção agrícolas. Embrapa Agropecuária Oeste-Circular Técnica (INFOTECA-E), 2013.

CZEPAK, Cecília et al. Primeiro registro de ocorrência de Helicoverpa armigera (Hübner)(Lepidoptera: Noctuidae) no Brasil. Pesquisa Agropecuária Tropical, v. 43, p. 110-113, 2013.

DO SUL, CÂMPUS DE CHAPADÃO; MUCHALAK, FRANCIELE. BIOLOGIA COMPARADA DE Helicoverpa armigera E Spodoptera cosmioides EM Eucalyptus spp.

FIGUEIREDO, E.; AMARO, F.; GONÇALVES, C.; GODINHO, M.; SALVADO, EVA; ALBANO, S. Lagarta do tomate in AMARO, F. & MEXIA, A. Proteção integrada em tomate de indústria. Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas, 2006.

FITT, Gary P. The ecology of Heliothis species in relation to agroecosystems. Annual review of entomology, v. 34, n. 1, p. 17-53, 1989.

LAURENTIS, Valéria Lucas de. Helicoverpa armigera (Hübner)(Lepidoptera: Noctuidae): Táticas para o manejo integrado. 2017.

PANTOJA GOMEZ, Laura Maria. Dinâmica populacional, hibridação e adaptação a hospedeiros em Helicoverpa spp.(Lepidoptera: Noctuidade). Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

PEDGLEY, D. E. et al. Windborne migration of Heliothis armigera (Hübner)(Lepidoptera: Noctuidae) to the British Isles. Entomologist’s Gazette, v. 36, n. 1, p. 15-20, 1985.

Fonte: Mais Soja

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