10 dez de 2021
Brasil – Agricultura – Deriva de herbicida influencia o rendimento da soja na região central do Paraná

Autores: Paulo Henrique da Silva Nogueira¹; James Matheus Ossacz Laconski²; Fernanda Aparecida Stoklosa³; Wellington Pereira de Andrade; Anderson Ricardo Cardoso Fialho4; Daiane Secco4

Introdução

Pertencente à família Fabaceae, a soja (Glycine max) é uma leguminosa produzida em larga escala na maioria dos países produtores de grãos, sendo uma das culturas de maior importância econômica no agronegócio mundial (PEREIRA et al., 2011). Na safra 2020/2021 a produção mundial do grão chegou a 361,82 milhões de toneladas, tendo como principal país produtor o Brasil, com produção média de 134 milhões de toneladas (CONAB, 2021).

A produtividade da soja é medida pela interação da planta com o ambiente de cultivo, visto que altos rendimentos são alcançados quando as condições edafoclimáticas associadas aos tratos culturais, manejo nutricional e fitossanitário apresentam-se favoráveis em todos os estádios fenológico da cultura (PEREIRA et al., 2011). Diante disso, tratos culturais específicos com herbicidas com o intuito de modificar a estrutura da planta de soja promovendo maior engalhamento e rendimentos estão em evidência na literatura (Dranca et al., 2018; Pacentchuk et al., 2018; Marafon &Muller, 2020; Martins et al., 2020).

O herbicida 2,4-D é um regulador de crescimento análogo ao hormônio da auxina, utilizado para o controle de amplo espectro de plantas daninhas, em lavouras resistentes ao seu princípio ativo, porém em áreas convencionais pode prejudicar o desenvolvimento das plantas, impactando diretamente no seu rendimento final (REIS et al., 2010). No entanto, em pequenas concentrações ou deriva pode contribuir para o engalhamento e consequente aumento da produtividade da soja.

O estudo teve como objetivo avaliar a produtividade de diferentes cultivares de soja, expostas a deriva de herbicida pós-plantio na região central do Paraná.

Material e Métodos 

O estudo foi conduzido no campo experimental da Faculdades do Centro do Paraná (UCP), entre os meses de novembro de 2019 e abril de 2020. O campo experimental localiza-se na cidade de Pitanga, região Centro-Sul do Paraná. O município apresenta altitude média de 952 metros em relação ao nível do mar.

A área utilizada apresenta solo do tipo Latossolo Vermelho distroférico, e o delineamento em blocos ao acaso com três repetições foi utilizado para instalação dos tratamentos. Os tratamentos foram compostos pelas seguintes cultivares de soja: T1- BRS 433 com e sem deriva do herbicida (referência); T2- BRS 388; T3- BRS 399; T4- BRS 413; T5- BRS 433; T6- BRS 1001; T7- BRS003; T8- BRS 6909 e T9- SYN 1562. Cada unidade experimental ocupou área de 6,75 m² com dimensões de 2,25 metros de largura por 3 metros de comprimento, contendo cinco linhas de plantio.

Os tratos culturais iniciaram-se no dia 04/11/2019 com a adubação a lanço de 300 kg ha-1 de KCl, após dois dias todas as cultivares foram plantadas adotando o espaçamento de 45 cm entre linha e 11 plantas por metro linear. A adubação de base foi realizada com superfosfato simples (300 kg ha-1) e as sementes foram tratadas com fungicidas, inseticidas, cobalto, molibdênio, níquel e inoculantes Bradyrhizobium e Azospirillum.

Após a germinação e pré-formação das plântulas, houve a aplicação de herbicida no dia 20/11/2019 para limpar a área experimental, e nessa mesma data ocorreu deriva do herbicida 2,4-D sobre as parcelas, afetando seu desenvolvimento.

Diante disso, para que os danos fossem minimizados, no dia 19/12/2019 foram aplicados fertilizantes foliares a base de manganês (Mn), potássio (K), cobalto (Co), molibdênio (Mo) e níquel (Ni), hormônios (cinetina, ácido giberélico e ácido 4-indol3ilbutírico) além de 50 kg ha-1 de ureia (46% de N). Já no estádio R1 aplicou-se o produto MásterSoja na dose 2 L ha-1. A colheita foi realizada no dia 04/04/2021 e a produtividade das cultivares de soja foram avaliadas

As médias das produtividades das sojas foram submetidas à analise de variância
(ANOVA) e ao teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão 

As cultivares que receberam a deriva do herbicida 2,4-D, de maneira geral, apresentaram produtividades médias (100,2 sacas ha-1) superiores às médias da região (65 sacas ha-1) (Deral, 2020).

A cultivar BRS 1001 apresentou a maior produtividade média,128 sacas ha-1, seguida pelas cultivares BRS 1003, BRS 6909 e SYN 1562, as quais diferiram (p<0,05) da cultivar referência BRS 433 (Figura 1).

As demais cultivares BRS 388, BRS 399, BRS 413 e BRS 433 também apresentaram produtividades médias altas, porém não diferiram (p<0,05) da BRS 433 referência (Figura 1).

Foi verificado que as cultivares acometidas pela deriva do herbicida 2,4-D modificou sua morfologia desenvolvendo duas hastes principais, o que potencializou o rendimento final de algumas cultivares. Essas diferenças no arranjo morfológico, devido ao efeito dos herbicidas, promovendo o engalhamento lateral das cultivares e consequente aumento em rendimentos, podem ser características especificas de cada cultivar (Filho et al., 1992). Martins et al. (2020) verificou incremento médio de 312 kg ha-1 em cultivares submetidas a aplicação do herbicida lactofen. Além disso, acreditase que a suplementação nutricional e hormonal realizada 29 dias após o evento de deriva, auxiliou na superação dos danos causados às plantas.

Conclusão 

A deriva do herbicida 2,4-D influenciou no desenvolvimento morfológico das plantas de soja e consequentemente na produtividade média de algumas cultivares.

Essas cultivares quando suplementadas pós estresse, podem recuperar-se e expressar altos tetos produtivos.

Informações sobre os autores: 

  • ¹ Engenheiro Agrônomo. E-mail: paulo.nogueira@ucpparana.edu.br

  • ² Engenheiro Agrônomo, Mestrando do programa de Pós Graduação em Agronomia da Universidade Estadual do Centro Oeste. E-mail: james_matheus@hotmail.com

  • ³ Estudante de Engenharia Agronômica da faculdade UCP. E-mail: stoklosafernanda@gmail.com
  • Professores do curso de Engenharia Agronômica da Faculdade do Centro do Paraná. E mail: ricardocfialho@gmail.com; daiane_secco@hotmail.com

Referências

Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Análise Mensal: Soja. 2021. Disponível em: <www.conab.gov.br.>. Acesso em: 22/06/2021.

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL (DERAL): Prognóstico cultura da soja. 2020.

DRANCA,A.C; HELVIG,E.O; MACIEL,C.D.G; CARBONARI,C.A; VELINI,E.D: Associação de herbicidas com fertilizantes foliares e regulador vegetal em soja. Pesquisa Aplicada & Agrotecnologia. Guarapuava-PR. v.11. n.3. P.69-80. 2018.

FILHO, C. F. D; CORSO, G. M.; ANDRADE, V. D. M. Efeitos do herbicida lactofen sobre três cultivares de soja: I. Alterações morfológicas externas e internas de folhas. Plantas daninhas, v. 10, n. 1, p. 1-1, jan./1992.

MARAFON,L; MULLER,A.L: Utilização de lactofen para a redução do porte de planta de soja. Cultivando o Saber. V.13. n.3. 2020.

MARTINS,I.A; MOREIRA,S.G; BRUZI,A.T; PIMENTEL,G.V; MARCHIORI,P.E.R: Lactofen and kinetin in soybean yield. Pesquisa Agropecuária. V.50. Goiania. 2020.

PACENTCHUK,F; SANDINI,I.E; RODRIGUES,J.D; ONO,E.O: Produtos à base de triazol como redutores de crescimento da cultura da soja. Revista de Ciências Agrárias. Vol.42. n.2. 2018.

PEREIRA,R.G; ALBUQUERQUE,A.W; SOUZA,R.O; SILVA,A.D; SANTOS,J.P; BARROS,E.S; MEDEIROS,P.V.Q: Sistemas de Manejo do solo: soja [Glycine max (L.)] consorciada com Brachiaria decumbens (STAPF)¹. Pesquisa Agropecuária Trop. Goiânia. V.41. p. 44-51. 2011.

REIS,C; SANTOS,T.S; ANDRADE,A.P; NEVES,A.F: Efeitos de fitotoxidade do herbicida 2,4-D no milho em aplicação pré e pós-emergência. Revista de Biologia e ciência da Terra. Vol.10. n.1. p.25-33. 2010.

Fonte: Mais Soja

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