08 ago de 2023
Brasil – Sorgo – Quais as Principais Características do Sorgo?

O sorgo (Sorghum bicolor) é uma gramínea anual pertencente à família Poaceae, com ampla adaptação a diferentes ambientes, de acordo com Ribas (2008), o ciclo de desenvolvimento do sorgo pode ser dividido em três partes: da emergência aos 30 dias, dos 30 dias até o início do florescimento, e do florescimento até a maturação fisiológica.

O autor destaca que da emergência até os 20 dias, a planta de sorgo é muito frágil. Devido às escassas reservas nas sementes, é essencial tomar cuidados especiais até que a plântula se estabeleça e o sistema radicular esteja desenvolvido. Entre os 20 aos 30 dias, as plantas iniciam um rápido crescimento, aumentando significativamente a taxa de absorção de nutrientes do solo. Em torno dos 30 dias após emergência, para a maioria das cultivares comerciais, é o momento apropriado para se fazer a adubação nitrogenada e potássica em cobertura (Ribas, 2008).

Dos 30 aos 70 dias, ocorre o acúmulo de matéria seca e nutrientes na planta, ocorre também a diferenciação floral, ao final dessa fase, surge uma panícula, e o florescimento se inicia, direcionando os nutrientes acumulados nas folhas e colmos para o desenvolvimento das panículas.  Aproximadamente aos 90 dias após a emergência, a planta atinge sua maturidade fisiológica, sendo que o momento ideal para colheita varia dependendo do tipo de cultivar e sua finalidade de uso.

 Figura 1. Cultivo de Sorgo.

Foto: Maurício Siqueira dos Santos.

Segundo Magalhães et al. (2003), o sorgo é uma planta com mecanismo fotossintético C4, resposta fotoperiódica de dia curto e apresenta altas taxas fotossintéticas. Para um bom crescimento e desenvolvimento, a maioria das cultivares de sorgo requer temperaturas superiores a 21°C. Além disso, o sorgo é mais tolerante ao déficit hídrico e umidade no solo em comparação a maioria dos outros cereais cultivados, o que permite que seu cultivo seja realizado em uma ampla variedade de condições de solo.

De acordo com Menezes (2021), o sorgo destaca-se como uma das culturas mais cultivadas no mundo, devido à sua versatilidade, podendo ser utilizada como grãos, forragem, biomassa, etanol e vassoura, além disso, apresenta alta digestibilidade para alimentação animal e humana.  Rosa, afirma que o sorgo tem suas origens na África e em parte da Ásia, é uma cultura muito antiga, sendo que no Brasil seu processo de expansão teve início na década de 1970, principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia e Paraná, expandindo-se ao longo dos anos para as demais regiões.

Embrapa, afirma que os sorgos são classificados em cinco grupos distintos, sendo eles: Granífero, Sacarino, Forrageiro, Vassoura e Biomassa. Dos cinco grupos, o sorgo granífero, destaca-se com maior expressão econômica, estando entre os cereais mais cultivados no mundo.

Figura 2. Tipos de Sorgo mais cultivados no Brasil.

Fotos: Cicero Menezes & Rafael Parrella (2021).

De acordo com os dados de Urubatan Klink do XXXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, apresentados pela Embrapa (2022), os estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo lideram a produção de sorgo no país atualmente. Há previsão de que até o ano de 2027, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ocorra um aumento significativo de 78,7% na área plantada, chegando a 124 mil hectares. Destacando que para possibilitar esse crescimento, é essencial o desenvolvimento de híbridos eficientes e altamente adaptados a áreas encharcadas/várzea, visto que o sorgo pode ser uma ótima opção de rotação de culturas com o arroz, o que contribui para reduzir plantas daninhas como o arroz vermelho em áreas de cultivo de arroz.

Menezes (2023), afirmam que o cultivo de sorgo vem ganhando destaque nas últimas safras, impulsionado por instabilidades climáticas e pelos problemas do complexo do enfezamento do milho, que prejudicam o cultivo de milho, além disso, o sorgo apresenta maior tolerância à seca, e possui um custo de produção aproximadamente 40% menor em comparação ao milho. A Embrapa (2008), destaca que o potencial de rendimento de grãos de sorgo granífero pode ultrapassar 10 t/ha e 7 t/ha, respectivamente em condições favoráveis no verão e em plantios de sucessão, contudo, destaca que as condições em que geralmente o sorgo é cultivado, não permitem a expressão de todo seu potencial.



De acordo com Cardoso, o sorgo granífero possui, geralmente porte mais baixo, em torno de 1,0 até 1,5 m para facilitar os tratos culturais e a colheita mecânica. Devido a seu porte mais baixo, a população de plantas é mais alta, sendo em torno de 160 a 200 mil plantas ha-1Menezes (2015), afirma que uma vantagem adicional do sorgo é sua baixa suscetibilidade a micotoxinas, um problema comum na cultura do milho, conferindo ao sorgo, uma ampla aceitação para a composição de rações destinadas a animais, como suínos e aves. Além disso, o cultivo de sorgo granífero em sucessão às culturas de verão, principalmente a soja, na chamada safrinha, tem se mostrado uma estratégia promissora para garantir uma oferta de grãos a baixo custo, podendo ser cultivado em épocas mais tardias quando o volume de chuvas não é suficiente para suprir as exigências no cultivo do milho.

As cultivares de sorgo são aptas para produção de rebrota e o seu aproveitamento, para produção de grãos, forragem ou cobertura de solo, pode ser viável desde que a temperatura e umidade do solo sejam favoráveis ao seu desenvolvimento (Machado & Bermudez, 2020). A adaptabilidade do sorgo a condições de temperaturas elevadas e baixas precipitações, fazem dele uma ótima opção para regiões com baixa disponibilidade hídrica, sendo uma alternativa para diversificar a produção agrícola de acordo com seu propósito.


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Referências:

CARDOSO, D. A. D. B. MANUAL DA CULTURA DOI SORGO. KWS. Disponível em: < https://www.kws.com/br/media/download-informativo/kws_manual-sorgo_digital.pdf >, acesso em: 04/08/2023.

EMBRAPA. PRODUÇÃO DE SORGO NO BRASIL SOBE MAIS DE 36% EM APENAS UMA SAFRA. XXXIII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, Embrapa, 2022. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/73811127/producao-de-sorgo-no-brasil-sobe-mais-de-36-em-apenas-uma-safra >, acesso em: 04/08/2023.

EMBRAPA. SORGO GRANÍFERO. Embrapa, 2008. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/25592/1/Sorgo-granifero.pdf >, acesso em: 04/08/2023.

EMBRAPA. SORGO. Embrapa Agrossilvipastoril. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agrossilvipastoril/sitio-tecnologico/trilha-tecnologica/tecnologias/culturas/sorgo >, acesso em: 04/08/2023.

MACHADO, J. R. A.; BERMUDEZ, F. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA O CULTIVO DO MILHO E SORGO NA REGIÃO SUBTROPICAL DO BRASIL: SAFRAS 2019/20 E 2020/21. Cap. Cultivares. Associação Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG, 2020. Disponível em: < https://www.agricultura.rs.gov.br/upload/arquivos/202011/23092828-informacoes-tecnicas-para-o-cultivo-do-milho-e-sorgo-na-regiao-subtropical-do-brasil-safras-2019-20-e-2020-21.pdf >, acesso em: 04/08/2023.

MAGALHÃES, P. C. et al. FISIOLOGIA DA PLANTA DE SORGO. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Comunicado Técnico 86, Embrapa, Sete Lagoas – MG, 2003. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPMS/16163/1/Com_86.pdf >, acesso em: 04/08/2023.

MENEZES, C. B. MELHORAMENTO GENÉTICO DE SORGO. Embrapa, Brasília – DF, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/229446/1/Melhoramento-genetico-de-sorgo.pdf >, acesso em: 04/08/2023.

MENEZES, C. B. SORGO GRANÍFERO: E STENDA SUA SAFRINHA COM SEGURANÇA. Documentos 176, Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG, 2015. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1020186/1/doc176.pdf >, acesso em: 04/08/2023.

MENEZES. NOVAS CULTIVARES DE SORGO E DE MILHO COM ELEVADO POTENCIAL PRODUTIVO CHEGAM AO MERCADO. Embrapa, 2023. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/80386601/novas-cultivares-de-sorgo-e-de-milho-com-elevado-potencial-produtivo-chegam-ao-mercado >, acesso em: 04/08/2023.

RIBAS, P. M. CULTIVO DO SORGO. Embrapa Milho e Sorgo, Sistemas de produção, 4° ed., 2008. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/491913/4/plantio.pdf >, acesso em: 04/08/2023.

ROSA, W. J. CULTURA DO SORGO, EMATER – MG. Disponível em: < https://www.emater.mg.gov.br/download.do?id=17023 >, acesso em: 04/08/2023.

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Redação: Vívian Oliveira Costa, Eng. Agrônoma pela Universidade Federal de Santa Maria.

Fonte: Mais Soja

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