14 nov de 2018
Bahia – Agricultura – Quilombo contemplado pelo Bahia Produtiva recebe visita internacional
Quem olha a Baía de Todos-os-Santos pode não imaginar que, do outro lado do mar, há mais do que belas praias. Localizado em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, o Quilombo do Tereré guarda história, cultura e tradição, alinhado a questões étnicas. O local também tem a característica marcante da produção rural, estabelecida no cultivo da mandioca e do dendê, que garante renda para parte das 487 famílias que moram lá.
Na segunda-feira (12), o Tereré foi visitado por uma comitiva de jornalistas internacionais que dialogam com o universo da agricultura familiar e da alimentação saudável, além de chefs de cozinha, que puderam acompanhar de perto o processo produtivo da farinha de mandioca, beiju e extração do dendê.
Contemplado no Edital Quilombola, do projeto Bahia Produtiva, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), a Associação do Quilombo do Tereré receberá um aporte de R$377 mil para requalificação da casa de farinha de mandioca que hoje funciona de maneira artesanal. “Essa modernização vai nos ajudar muito. Sairemos da produção de 1 mil quilos por dia para 50 mil”, afirma o presidente da associação, Anatelson das Neves.
A agricultora Maria Nilza dos Santos mora no quilombo desde 1984. De lá para cá, segundo ela, sempre plantou mandioca, colheu, raspou, sessou e torrou. Agora, com mecanização alinhada ao processo de beneficiamento, a agricultora diz que “será uma maravilha, pois nós necessitamos mesmo. Vamos aumentar a produção e ter mais renda com certeza absoluta”.
Olhar de fora 
Depois de desembarcar na capital paulista para participar do Mesa São Paulo 2018, maior evento de gastronomia do Brasil, realizado entre 9 e 11 de novembro, os jornalistas de seis nacionalidades diferentes (Colômbia, Espanha, EUA, Itália, Portugal e França) vieram conhecer in loco um pouco do sabor da Bahia, que tem como protagonista os ingredientes da agricultura familiar.
“O jornalista não sabe a origem do produto. Ele está muito mais acostumado a entrar num restaurante e experimentar um prato finalizado e olhar a técnica e o gosto, mas sem saber qual a história que tem por de trás. Aproximá-los da base e mostrar como tudo é feito o entendimento dele é outro”, destaca um dos diretores da Revista Prazeres da Mesa, Georges Schneider.
Ciclo do alimento 
Repórter do jornal Português Público, Rita Machado observou que as experiências vivenciadas serviram de aprendizado para se inteirar do ciclo que o alimento passa até chegar à mesa. “Esta visita é importante para nós, jornalistas, para sabermos de onde vêm os produtos de origem que são usados em restaurantes de luxo, que tivemos em São Paulo, pois lá falaram muito do que vimos hoje aqui no Tereré. O que eu achei mais interessante nessa viagem foi conhecer as pessoas, conhecer a rotina, ver os processos manuais e depois provar a comida”.
O dendê extraído de maneira artesanal no Tereré foi um dos ingredientes da moqueca de peixe e camarão, preparada pelo chef de cozinha Fabrício Lemos, que serviu os pratos para os visitantes com arroz branco e farinha feita no quilombo. “Nossa missão é pegar os ingredientes simples e deixar que toda essência dele não se perca e vá até o final. O objetivo é aproximar os agricultores familiares do consumidor final. A gente fala de onde vem o produto, indica onde encontrar e qual cooperativa beneficiou”, explica o chef.
Fonte: Ascom/SDR
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