Morreu ontem
Um homem das cavernas
Dentro de sua escuridão
Procurando a si sem lanterna
Um carvoeiro capeta
Que amedrontava em silêncio
Sem os chocalhos
Do demônio Pologo
Um homem sem sorte no jogo
Sem êxito ou logro
Um homem fantasiado de pesadelo
Serpenteando sem serpentinas nem cetins
Os becos e bueiros
Da velha Barreiras
Um homem sem o riso de Irá
Que dirá o dinheiro de Badu
Um homo erectus reto em sua profunda gruta
Que amedrontava sem grunhidos nem alarde
Um homem na tarde
De sua periférica Vila Brasil
De febre? De tifo?
De dengue, nego Bil?
Numa cidade entre serras
De merengue ou deboche?
Dos nervos sem frevo
Do axe chato de sobreviver?
No ermo da pátria amada Brasil
No solo, sem colo nem consolo
Ao sol do terra mae gentil
Morreu ontem o nego Bil
Um anônimo, um avesso nazaro
Oculto não em seus lençóis
Escondido em seus porões
Sepultado na quarta feira de cinzas
Em plena ressaca coletiva
Esquecido da folia
Sozinho no compacto bloco
De si mesmo
Sem cordas nem cordeiros
Um lobo na pele de si mesmo
Morreu ontem
Um traste
Um azarado nazaro
Um raso Lázaro
Atolado em seus escombros
Ressuscitado agora nesta
Nesta folha branca
Nesse lençol claro
Enrolado em rede de nazaro
Que se quiseres podes
Amassar ou rasgar
Como suas amarrotadas vestes
ZDA