20 nov de 2019
Brasil – Agricultura – 10 principais pragas da soja: percevejo-verde-pequeno

Desde a implantação até a colheita, a cultura da soja pode sofrer ataques de diversas pragas. O conhecimento do impacto dos insetos na lavoura é essencial para que as ações preventivas e as técnicas de manejo sejam implementadas adequadamente. O monitoramento e reconhecimento das principais pragas, associados às ferramentas disponíveis para manejo integrado de insetos são aspectos fundamentais para a proteção da lavoura. ­


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Os percevejos são considerados, dentre todos os insetos-praga que atacam a soja, os de maior potencialidade de provocar danos à cultura. Isso se deve, principalmente, ao seu hábito alimentar, pois conseguem atingir diretamente o grão a ser colhido. Dos percevejos que atacam a soja, a espécie Piezodorus guildinii se destaca pelos danos que pode causar.

O percevejo-verde-pequeno, P. guildinii é uma espécie que tem sido registrada frequentemente nas Américas Central e do Sul. No Brasil, esse percevejo era pouco encontrado até a década de 1970; posteriormente, tornou-se mais comum, ocorrendo desde o Rio Grande do Sul até o Piauí (PANIZZI et al., 2000).

A frequência dessa espécie varia conforme a região, de uma safra para outra e conforme as condições climáticas. É uma das espécies com maior potencial de dano em soja e por isso tem recebido uma atenção especial em áreas de ocorrência.


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Saiba mais sobre a praga

Essa espécie possui hábito sugador que injeta toxinas na planta. Seus ovos são colocados em número de 10 a 20 por vez, em fila dupla, com período de incubação de 3 a 9 dias. A postura pode ser feita nas folhas, ramos, vagens e caule, mas a vagem é o local mais comum.

A partir do terceiro instar iniciam-se os danos na cultura da soja. Os adultos vivem de 34 a 38 dias (machos) e 41 a 45 dias (fêmea). A espécie também pode contribuir para a infecção da planta por fungos e outras doenças por lesionar o tecido vegetal, deixando-o exposto ao ataque de pragas secundárias.

Um percevejo verde pequeno, com cerca de 10 mm de comprimento e na forma adulta, apresenta-se de cor verde amarelada, possuindo uma listra transversal marrom avermelhada na parte dorsal do tórax, próximo da cabeça. É possível, por transparência, ver-se na metade posterior do inseto, uma mancha escura que pode apresentar um fundo avermelhado. As ninfas apresentam-se, medindo apenas 1mm, com abdome volumoso, com a metade anterior do corpo pardo-escura ou negra e o abdome amarelo-avermelhado, com várias manchas negras.



Figura 1:Percevejo-verde-pequeno, Piezodorus guildinii, adulto (a), ovos (b), ninfa de primeiro (c) e quinto instar (d).

Fonte: Embrapa – J.J. da Silva.

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As posturas são bem características, com fileiras duplas de ovos pretos, sobre as vagens ou mais raramente nas folhas, nos caules e nos ramos, em número de 10 a 32.

Ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde a região tropical até as regiões de expansão recente do norte e nordeste do País. As ninfas possuem comportamento gregário, permanecendo próximas à postura.

Figura 2. Ciclo de desenvolvimento do percevejo-verde-pequeno, Piezodorus guildinii.

Fonte: Embrapa, Cividanes (1992).

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Danos

O dano estimado para 1 indivíduo de P. guildinii é de 0,21 g/dia. Considerando esse dano em 1 hectare será de 2,1 kg/ha/dia. Tomando como um período médio de ataque de 35 dias, o dano será de 73,5 kg/ha por percevejo/m².

O impacto desses percevejos pode causar perdas significativas no rendimento, na qualidade e no potencial germinativo da soja. São, também, responsáveis por reduções no teor de óleo, aumento na percentagem de proteínas e ácidos graxos livres nas sementes, e pela transmissão de patógenos e de distúrbios fisiológicos, como a retenção foliar que, normalmente, estão associados à atividade alimentar da espécie.

São consideradas plantas hospedeiras do percevejo-verde-pequeno as seguintes culturas de importância econômica: feijão, alfafa, ervilha, algodão e goiaba. Na cultura da soja ela completa três gerações e uma quarta geração é completa em leguminosas, tais como crotalária, feijão-guandu e várias espécies de anileiras.

Dessa forma, durante o inverno, o percevejo-verde-pequeno alimenta-se das leguminosas (anileiras), mas, em contraste com o percevejo-verde, N. viridula, não se reproduz nessa época. Após o inverno, uma quinta geração é completada nas anileiras, antes dos percevejos começarem a colonizar a soja no final da primavera. Em regiões mais frias, como no Rio Grande do Sul, P. guildinii utiliza hospedeiros alternativos como ervilhaca, nabo forrageiro e tremoço (SILVA et al., 2006).


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Estudos em campo demonstram que a atividade alimentar de P. guildinii em soja aumenta de 7,3% do segundo ao quarto instar para 16,9% no quinto instar e 34,7% na fase adulta (KUSS-ROGGIA, 2009). Os parâmetros biológicos de P. guildinii podem variar dependendo do tipo de alimento e, se ocorre ou não, troca no alimento de ninfas para adultos.

Além disso, P. guildinii apresenta comportamentos de inserção e retirada dos estiletes que podem causar maior lesão às paredes celulares, em comparação às outras espécies (DEPIERI; PANIZZI, 2011). Sabe-se que o modo de inserção e a retirada dos estiletes estão associados a diferentes graus de destruição de tecidos (HORI, 2000).

Panizzi et al. em estudo realizado a respeito dos efeitos dos danos de Piezodorus guildinii no rendimento e qualidade da soja concluíram que os estádios de desenvolvimento e enchimento de vagem são mais críticos ao ataque de P. guildinii.

Tabela 1 – Rendimento, número de vagens e perda de vagens, em plantas não infestadas (testemunha) e infestadas com dois P. guildinii adultos/planta em cinco estádios do desenvolvimento da soja. Ponta Grossa, PR, (20 plantas/tratamento).

Fonte: Anais do I Seminário Nacional de Pesquisa de Soja – Vol. II.

Acesse o trabalho completo clicando aqui. 


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Manejo e controle da praga

O nível de ação, a partir do qual o controle químico dos percevejos deve ser realizado, é de 4 percevejos adultos ou ninfas com mais de 0,5 cm, observados na média das amostragens pelo pano de batida. Para o caso de campos de produção de semente, esse nível deve ser reduzido para 2 percevejos por batida. Embora os percevejos possam estar presentes na cultura, em diferentes períodos do desenvolvimento da planta, causam problemas apenas na fase de desenvolvimento de vagens e enchimentos de grãos.

A ocorrência em alta população durante o período vegetativo é comum, mas não constituem um risco para o rendimento de grãos da cultura e também não será esta a população que, a partir do final da floração, irá colonizar a lavoura.

Em função do uso de cultivares de soja pertencentes a diferentes grupos de maturação, as primeiras lavouras colhidas, servem como inoculo de percevejos para as lavouras vizinhas mais tardias que ainda estão desenvolvendo vagens e grãos. Sendo assim, recomenda-se muita atenção com este tipo de lavoura, pois a intensa e rápida migração dos insetos, pode causar danos irreversíveis à cultura.

Recomenda-se que o mesmo produto ou um grupo de produtos, não seja utilizado repetidas vezes, ou que se aumente a dose de produtos, pois esses procedimentos poderão intensificar o problema.


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Uma alternativa econômica de controle é a utilização de sal de cozinha (cloreto de sódio) com metade da dose de inseticida recomendado para sua região. Esta alternativa consiste na mistura do inseticida com uma solução de sal a 0,5%, ou seja, 500 g de sal para cada 100 litros de água colocados no tanque pulverizador, mas em caso de aplicação aérea, esta concentração aumenta para 0,75%.

O primeiro passo é fazer a salmoura separada, que deve ser misturada à água do pulverizador que, por último, receberá o inseticida. Após o uso, o equipamento de pulverização e todas as partes que tiveram contato com esta solução, devem ser lavados com água e sabão neutro, evitando assim a corrosão do sal.

Como controle biológico, utiliza-se a T. basalis, ocorrendo naturalmente nas lavouras, sendo que o uso inadequado de inseticidas reduz drasticamente sua população, prejudicando sua eficiência no controle do percevejo. O T. basalis deve ser utilizado em áreas onde o controle de lagartas foi realizado com produtos biológicos ou seletivos.


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Para manter altas populações do parasitoide nas lavouras e manter a praga abaixo do nível de ação no período de desenvolvimento e formação das sementes, recomenda-se a liberação do adulto de T. basalis na quantidade de 5000/ha. Podendo ser realizado através de ovos parasitados, em cartelas de papelão, sendo neste caso 3 cartelas por hectare, colocadas nas plantas dois dias antes da emergência do adulto.

T. basalis não deve ser utilizado quando:

  1. Não houver percevejos na cultura, pois o parasitoide necessita de hospedeiro;
  2. A população de percevejos já estiver próxima do nível de dano econômico (4 percevejos/pano);
  3. Tenha sido pulverizado produto não seletivo.

É preferencialmente recomendado para áreas contínuas de microbacias hidrográficas. Nessas, a presença de vegetação nativa é fundamental para servir de refúgio e facilitar o restabelecimento do equilíbrio entre as pragas e os inimigos naturais.

 

Fonte: Mais Soja

 

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