02 maio de 2018
brasil – Agricultura – Avaliação do desenvolvimento vegetativo do milho submetido a doses e fontes de nitrogênio em Parauapebas, Pará

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes doses e fontes de Nitrogênio no desenvolvimento vegetativo da cultura do milho na mesorregião Sudeste Paraense

Autores: Tiago de Souza Santiago(2); Alison Veloso da Costa Cunha(3); Debora Novotck Carvalho da Silva(4); Márcia Everlane de Carvalho Silva(5); Joás de Carvalho Almeida(6); Ricardo Shigueru Okumura(7)

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização dos autores.

RESUMO

O manejo de adubação tem demonstrado-se como um fator estratégico ao desempenho adequado da cultura do milho. Objetivou-se com este trabalho, avaliar o crescimento vegetativo de plantas de milho submetidas a diferentes doses e fontes de Nitrogênio. O experimento foi conduzido em Argissolo Vermelho-Amarelo, em condições de campo, em Parauapebas – Pará, no ano agrícola 2016/2017.

 

O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados e esquema fatorial 5×2, sendo cinco doses de Nitrogênio (0, 45, 90, 135 e 180 kg ha-1) e duas fontes nitrogenadas (ureia e sulfato de amônio), com quatro repetições. Foi semeado o híbrido duplo BR 205 e a adubação de cobertura ocorreu quando as plantas apresentavam-se com quatro folhas totalmente expandidas. Foram avaliadas as variáveis biométricas: altura de planta, altura de espiga e diâmetro de colmo.

 

A análise de regressão não apresentou efeito significativo da adubação nitrogenada para o diâmetro de colmo e altura de espiga, independente das fontes e doses utilizadas. Todavia, as doses para ureia apresentaram-se com resposta quadrática para altura de planta pelo teste de regressão (Ŷ = 183,43 + 0,36x + 0,0016x²), sendo que o maior comprimento (203,68 cm) foi proporcionado pela aplicação de 112,5 kg ha-1 de N.

 

A ureia proporcionou maiores ganhos em relação ao sulfato de amônio, para todos os atributos estudados. A ausência de resposta significativa deste trabalho pode estar relacionada à breve restrição hídrica verificada nos dias após a adubação e ainda às perdas de Nitrogênio inerentes ao manejo, como a lixiviação e volatilização.

Termos de indexação: Zea mays. Ureia. Sulfato de amônio.

INTRODUÇÃO

O cultivo de milho (Zea mays) no Brasil apresenta elevada importância seja em aspectos econômicos, como a contribuição nas exportações de grãos, quanto sociais, relacionada à ampla utilização e participação da cultura na renda dos pequenos produtores e por compor a dieta básica da classe pobre da população (Fornasieri Filho, 2007). Entretanto, para assegurar tal posição, pressupõe-se que as variáveis determinantes à produção sejam bem compreendidas e manejadas, a exemplo da fertilização nitrogenada, que disponibiliza o nutriente exigido em maior quantidade pela planta de milho e que compõe várias enzimas, aminoácidos, proteínas e pigmentos fotossintetizantes, o que lhe confere um papel fisiológico essencial ao desenvolvimento do vegetal, seja da parte aérea ou radicular (Malavolta, 2006). Todavia o que se observa, em sua maioria, é um manejo inadequado dos fertilizantes, o que pode resultar em poluição ambiental e maior custo de produção devido as perdas (Argenta et al., 2003) o que ressalta a necessidade da obtenção de informações acerca da eficiência da adubação nitrogenada para boas práticas de manejo para a cultura do milho.

Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes doses e fontes de Nitrogênio no desenvolvimento vegetativo da cultura do milho na mesorregião Sudeste Paraense.

 

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na área experimental do Centro Tecnológico da Agricultura Familiar (CETAF), situado na cidade de Parauapebas – PA, localizado na mesoregião Sudeste do Pará, com as seguintes coordenadas geográficas: 06º 03’ 30” de latitude Sul e 49º 55’ 15” de longitude a Oeste, no período de dezembro de 2016 a março de 2017.

 

O solo foi classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo (Embrapa, 2013), com histórico de calagem realizado 36 meses antecedentes à semeadura. Realizou-se a amostragem do solo na profundidade de 0,0 a 0,2 m conforme Silva (2009) e a partir da análise química, obteve-se os seguintes resultados: pH(H2O) = 6,0; P(Mehlich) = 2,0 mg dm-3; K+ = 0,19 cmolc dm-3; Ca2+ = 4,2 cmolc dm-3; Mg2+ = 0,9 cmolc dm-3; H+Al3+ = 2,2 cmolc dm-3; Soma de bases = 5,29 cmolc dm-3; Capacidade de troca catiônica (pH 7,0) = 7,49 cmolc dm-3; Capacidade de troca catiônica efetiva = 5,29 cmolc dm-3; Saturação por bases = 70,63% e Matéria orgânica = 3,6%. Os dados meteorológicos referentes ao período de execução do experimento foram obtidos junto à Universidade Federal rural da Amazônia e estão representados na Figura 2.

 

O sistema de cultivo foi o convencional, com semeadura realizada no dia 11 de dezembro de 2016, por meio de semeadora adubadora de quatro linhas individuais, em espaçamento entre linhas de 0,75 m e de 0,16 m entre plantas nas linhas de plantio, a fim de estabelecer uma população final estimada de 83.333 plantas ha-1. A adubação de semeadura foi baseada nas recomendações de adubação para o Estado do Pará (Cravo et al., 2010). A cultivar semeada foi a BR 205, cujas características são: híbrido duplo, de ciclo precoce, tolerante à toxidez de alumínio e ao estresse hídrico.

 

Tratamentos e amostragens

O delineamento experimental adotado foi o de blocos completos casualizados, em esquema fatorial 5 x 2, com quatro repetições, sendo cinco doses de Nitrogênio: 0; 45; 90; 135 e 180 kg ha-1 aplicadas em cobertura (quando as plantas apresentaram quatro folhas totalmente expandidas) combinadas a dois tipos de fontes de N, sendo ureia e o sulfato de amônio. As parcelas experimentais foram constituídas por cinco linhas de plantas com 5,0 m de comprimento, sendo as três linhas centrais, a área útil para avaliação.

 

Para a biometria da parte aérea (Figura 1), os atributos avaliados foram: altura de espiga (AE), altura de planta (AP) e diâmetro de colmo (DC) quando as plantas estavam no estádio fenológico de pleno florescimento masculino (VT). Foram avaliadas dez plantas por parcela. Utilizou-se de trena métrica para a mensuração do comprimento do colmo desde o nível do solo até a inserção da espiga para AE e do nível do solo à última folha totalmente expandida para AP, conforme Silva & Silva (2002). Para o diâmetro de colmo, foram feitas leituras de dez plantas em cada parcela, no segundo entrenó do colmo da base para o ápice, com auxílio de paquímetro digital.

 

Análise estatística

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste Tukey a 5% de probabilidade e Teste de Regressão, com as curvas de análise ajustadas ao modelo quadrático ou linear baseado em respostas dentro cada variável, por meio do software estatístico SISVAR (Ferreira, 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Avaliando os resultados contidos na Figura 1, não houve diferença significativa entre as fontes e doses de N utilizadas para as variáveis: altura de espiga e diâmetro de colmo. Resultados semelhantes foram observados por Casagrande & Fornasieri Filho (2002) ao avaliarem doses de N e épocas de aplicação, no qual não verificaram diferenças significativas para as características agronômicas do milho safrinha. Deparis et al. (2007) em seu estudo com espaçamento e adubação nitrogenada e potássica em cobertura também não verificaram efeito significativo para as variáveis estudas. Oliveira & Caires (2003), não observaram diferença estatística para altura de plantas de milho e altura de inserção da espiga conforme o incremento de kg ha-1 de N em cobertura. Por outro lado, Lana et al. (2009) verificaram que a aplicação de doses crescentes de nitrogênio em cobertura proporcionou incremento na altura de plantas, altura de inserção da espiga e massa de mil grãos. Schiavinatti et al. (2011) verificaram que os colmos de menor diâmetro eram aqueles submetidos às maiores doses de N em cobertura e ressaltam na fase de crescimento vegetativo há maior demanda do nutriente para a desenvolvimento de tecidos do vegetal.

Figura 1. Biometria da parte aérea de plantas de milho BR 205 submetidas a diferentes doses e fontes de Nitrogênio. Parauapebas, 2017.

As doses de N influenciaram a altura média de plantas somente para a ureia (Ŷ = 183,43 + 0,36x + 0,0016x²), sendo a altura máxima observada (203,68 cm) proporcionada pela aplicação de 112,5 kg ha-1 de N. Verifica-se ainda, que a ureia foi a fonte de N que proporcionou maiores ganhos a todas as variáveis estudadas, o que confirmou características biométricas desejáveis, visto o diâmetro de colmo estar relacionado a capacidade de resistir ao tombamento e a maior altura de inserção de espigas apresenta vantagens na operacionalidade da colheita mecanizada ao apresentar menores perdas na operação, conforme Possamai et al. (2001).

A ausência de resposta para a maioria das variáveis, possivelmente está associada aos atributos que configuram baixa eficiência dos fertilizantes em cobertura, tais como a volatilização, lixiviação e imobilização do Nitrogênio. A fonte ureia, embora tenha muitas vantagens como a alta solubilidade e taxa de absorção foliar, baixo custo de transporte, compatibilidade à vários fertilizantes e defensivos, fácil manipulação, baixa acidificação do solo e ser prontamente disponível para as plantas, também apresenta elevada higroscopicidade, o que lhe torna bastante susceptível às perdas de N pelos processos lixiviação e volatilização (Lara Cabezas et al., 1997).

Outro fator para os resultados obtidos pode ter sido o breve veranico observado nos 15 dias após a adubação, com cerca de 18,6 mm dia-1 (Figura 2), que pode ter influenciado de forma negativa a absorção do nutriente. Lara Cabezas et al.(1997) observaram que a irrigação de 28 mm efetuada após a adubação nitrogenada de cobertura não foi efetiva em inibir a volatilização de amônia hidrolisada da ureia. O que afirma a relevância da chuva ao manejo de fertilizantes nas condições de campo, a exemplo do efeito da incorporação dos adubos aplicados em cobertura e por fim, reduzir as perdas.

Figura 2. Distribuição diária da Precipitação Pluvial (mm dia-1) durante o período de dezembro de 2016 a março de 2017, medida na Estação Meteorológica da UFRA, Campus de Parauapebas. Em destaque, os dias da semeadura, adubação e colheita.

CONCLUSÕES

A partir dos resultados pode-se observar que não há efeito significativo para as variáveis altura de espiga e diâmetro de colmo, independente das doses e fontes utilizadas.

As doses de N da fonte ureia influenciaram a altura de plantas no teste de regressão (Ŷ = 183,43 + 0,36x + 0,0016x²), com altura máxima estimada (203,68 cm) proporcionada pela aplicação de 112,5 kg ha-1 de N, enquanto que o sulfato de amônio apresentou-se não significativo, com média de 202,08 cm de comprimento.

 

Para todas as variáveis estudadas, a fonte ureia proporcionou resultados maiores em relação ao sulfato de amônio.

A ausência de resposta significativa deste trabalho pode estar relacionada à breve restrição hídrica verificada nos dias após a adubação e ainda às perdas de Nitrogênio inerentes ao manejo, como a lixiviação e volatilização.

AGRADECIMENTOS

Ao apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Prefeitura Municipal de Parauapebas e Universidade Federal Rural da Amazônia.

 

REFERÊNCIAS

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CASAGRANDE, J. R. R. & FORNASIERI FILHO, D. Adubação nitrogenada na cultura do milho safrinha. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 37:33-40, 2002.

CRAVO, M. S.; VIEGAS, I. J. M.; BRASIL, E. C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado do Pará. 1.ed. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2010. 262p.

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EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 3.ed. Brasília: Centro Nacional de Pesquisa de Solos, 2013. 353p.

FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, 35:1039-1042, 2011.

FORNASIERI FILHO, D. Manual da cultura do milho. Jaboticabal: Funep, 2007. 576p.

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POSSAMAI, J. M.; SOUZA, C. M.; GALVÃO, J. C. Sistemas de preparo do solo para o cultivo do milho safrinha. Bragantia, 60:79-82, 2001.

 

LANA, M. C. WOYTICHOSKI JÚNIOR, P. P.; BRACCINI, A. L.; SCAPIN, C. A.; ÁVILA, M. R.; ALBRECHT, L. P. Arranjo espacial e adubação nitrogenada em cobertura na cultura do milho. Acta Scientiarum. Agronomy, 31:433-438, 2009.

LARA CABEZAS, W. A. R.; KORNDORFER, G. H.; MOTTA, S. A. Volatilização de N-NH3 na cultura de milho: II. Avaliação de fontes sólidas e fluídas em sistema de plantio direto e convencional. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 21:489-496, 1997.

MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. Piracicaba: Editora Ceres. 2006. 631p.

 

SCHIAVINATTI, A. F.; ANDREOTTI, M.; BENETT, C. G. S.; PARIZ, C. M.; LODO, B. N.; BUZZETI, S. Influência de fontes e modos de aplicação de nitrogênio nos componentes da produção e produtividade do milho irrigado no cerrado. Bragantia, 70:925-930, 2011.

SILVA, F. C. Manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. 2.ed. Brasília: Embrapa.

Informações dos autores:  

(1) Trabalho executado com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

(2) Acadêmico do curso de Agronomia; Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA); Parauapebas, Pará; Bolsista PIBIC/CNPq;

(3)Engenheiro Agrônomo;

(4)Acadêmica do curso de Agronomia; UFRA; Bolsista PIBIC/FAPESPA;

(5)Acadêmica do curso de Agronomia; UFRA;

(6)Acadêmico do curso de Agronomia; UFRA;

(7)Professor adjunto; UFRA;

Disponível em: Anais do XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE AGRONOMIA, Fortaleza – CE, Brasil,2017.

 

Fonte; Mais Soja

 

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