27 set de 2017
Brasil – Agricultura – Café: com maior concorrência, BR deve focar em qualidade

Segundo o presidente da Abic, destaque deve ser o nível de qualidade do produto e não o volume; exportações brasileiras do grão recuaram este ano

Diante de um mercado global de café cada vez mais competitivo e com países produtores importantes ganhando espaço, a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) chama a atenção para a necessidade do setor ampliar a qualidade do grão nacional. “O mercado brasileiro tem tradição, mas estamos trabalhando para mostrar para a indústria e para o produtor que o destaque deve ser a qualidade, não o preço ou volume”, disse Ricardo Silveira, presidente da Abic, durante a entrega do prêmio Melhores da Qualidade 2017.

 

Ricardo Silveira destacou que acendeu uma luz amarela no setor cafeeiro nacional, na medida em que as exportações do Brasil recuaram neste ano até agora, enquanto os estoques de países compradores importantes continuam robustos. “O mercado começou a ficar mais atento a isso. O café brasileiro não tem mais toda essa hegemonia que costumava ter”, explicou.

A exportação brasileira caiu 7,4% nos primeiros oito meses de 2017 na comparação com igual período do ano passado, para 17,365 milhões de sacas de 60 kg, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

 

Em agosto, os estoques dos EUA recuaram 147,3 mil sacas, para 7,266 milhões de sacas, após atingir os níveis mais altos dos últimos 20 anos em julho (7,41 milhões de sacas), segundo a Associação de Café Verde (GCA, na sigla em inglês). Entretanto, analistas apontaram que as reservas devem voltar a subir em breve, à medida que a colheita avança em países produtores, principalmente Colômbia e da América Central.

 

Oferta interna – Silveira apontou que a oferta do grão no mercado interno continua apertada e isso tem preocupado as torrefadoras nacionais. Diante dos preços menos remuneradores, os produtores de café estão segurando o produto. “Isso é um comportamento natural do mercado. Mas a indústria fica preocupada”, disse.

Entre os fatores que tem colaborado com esse aperto na oferta estão os relatos de pragas nos cafezais, como a broca, que levaram os industriais a restringirem a compra de grãos brocados para atender uma resolução da Anvisa (RDC 14), que limita a quantidade de matéria estranhas no café. A orientação da Abic agora é que seus associados não comprem café com mais de 5% de broca, para evitar romper os limites impostos pela Anvisa. Algumas áreas de produção de café, entretanto, chegaram a relatar incidência da praga de até 20%.

 

Além disso, a safra brasileira de café em 2017, já praticamente toda colhida, deve ser menor do que a do ano passado. A produção deve alcançar 44,77 milhões de sacas de 60 kg, o que corresponde a uma queda de 12,8% em comparação com a safra do ano passado (51,37 milhões de sacas), segundo o terceiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

 

Silveira destacou, ainda, a perspectiva para a próxima safra, a ser colhida em 2018, que está sob risco por causa do clima desfavorável em regiões produtoras no Espírito Santo e Minas Gerais. “Agora o que podemos fazer é apenas esperar a chuva, para que a safra não seja prejudicada”. Mesmo assim, o presidente da Abic garantiu que a colheita do ano que vem não deve alcançar o desempenho bastante robusto que o mercado havia projetado.

 

Premiação e aplicativo – Na premiação Melhores da Qualidade 2017, a marca Pelé Torrado e Moído Tradicional Vácuo, da JDE, levou o primeiro lugar na categoria Tradicional. Na categoria Superior, o primeiro lugar foi da torrefadora DPS Gonçalves, com a marca Fraterno Grão Superior. Enquanto o grupo 3Corações levou o primeiro na categoria Gourmet, com o 3Corações Orgânico Vácuo.

 

A Abic também lançou durante o evento o aplicativo De Olho No Café, que permite que o consumidor verifique, em tempo real, pelo celular, as certificações conferidas pela entidade à cada marca. Desenvolvido pelo Instituto Totum, o aplicativo pode ser baixado gratuitamente nas lojas virtuais do iOS e Android. Para utilizar, basta o consumidor digitalizar o código de barras do produto com a câmera do telefone, ou digitar os números do código.

 

Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
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