03 jun de 2017
Brasil – Agricultura – Como os arranjos de planta podem interferir no manejo de pragas da soja?

Dentre as práticas de manejo da soja, o ajuste do arranjo espacial de plantas vem sendo avaliado pela Embrapa para verificar a influência que exercem na produtividade da soja, nos custos de produção e, consequentemente, na rentabilidade da cultura. Nessa perspectiva, para entender que impactos os diferentes arranjos de plantas provocam na infestação e no controle de insetos-praga na cultura da soja, um grupo de pesquisadores conduziu ensaios de campo em municípios de São Paulo, Paraná e Goiás, na safra 2012/2013. Os ensaios foram conduzidos em três municípios: em Botucatu (SP), em Londrina (PR) e em Rio Verde (GO). “Informações detalhadas desses impactos contribuem para a indicação de sistemas de semeadura que propiciem vantagens a curto, médio e longo prazo”, diz o pesquisador Adeney de Freitas Bueno, da Embrapa Soja.

 

Nos ensaios, foram avaliados quatro arranjos de semeadura – convencional, fileira dupla, plantio cruzado e reduzido – com duas cultivares de soja – crescimento tipo determinado e indeterminado. Os espaçamentos e as densidades de plantas foram diferentes, de acordo com as localidades.

De acordo com Bueno, os resultados mostraram que os percevejos não foram impactados pelos diferentes arranjos. E, apesar da tendência de menores infestações de lagartas por metro linear nos arranjos de semeadura cruzado e reduzido, o pesquisador diz ser preciso levar em conta os impactos desses diferentes arranjos sobre a tecnologia de aplicação dos inseticidas, que poderia ser prejudicada nesses espaçamentos menores. “Nada adiantaria ter uma tendência a menor infestação por pragas, se quando necessário for, a aplicação de inseticidas for ineficiente nesses novos arranjos ou demasiadamente prejudicada pela dificuldade de cobertura da área foliar”, explica Bueno.

 

Na avaliação do pesquisador, reduzir a qualidade da cobertura da pulverização, em especial dos inseticidas que agem por contato, na planta poderia inviabilizar o cultivo da cultura. “O manejo de pragas não pode ser olhado de forma isolada na proteção fitossanitária da soja”, ressalta. “Os impactos dos arranjos na incidência de insetos-praga, plantas daninhas e doenças precisam ser analisados de forma conjunta, para só assim, apontar um melhor ou pior arranjo”, conclui.

 

As propostas de diferentes arranjos têm duas vertentes: alterar a densidade de plantas em um mesmo espaçamento; e alterar o espaçamento entre linhas em uma mesma densidade. Bueno explica que a mudança no arranjo de planta impacta o microclima formado sob o dossel da cultura, o que está diretamente ligado à ocorrência de pragas. “Sabemos que uma lavoura com plantas mais próximas umas das outras (“adensadas”) pode aumentar a umidade relativa no dossel e, com isso, facilitar a ocorrência de entomopatógenos que matam essas pragas, controlando naturalmente a infestação. Por outro lado, esse dossel mais fechado pode dificultar o molhamento da planta na aplicação de agrotóxicos e com isso reduzir a eficiência dessas aplicações”, explica.

 

Por isso, na avaliação do pesquisador o manejo de pragas não pode ser avaliado isoladamente na proteção fitossanitária da soja. O impacto dos diferentes arranjos na incidência de insetos-praga, plantas daninhas e doenças precisa de uma análise global antes de se apontar um melhor ou pior arranjo.

Fonte: Embrapa Soja, Lebna Landgraf (Mtb 2903-PR)
Texto originalmente publicado em:
Embrapa
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