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Resiliência para enfrentar as mudanças climáticasDiante de um futuro que aponta para aumento de temperaturas e eventos extremos, os pesquisadores buscam caminhos para tornar a agricultura menos vulnerável. Ao mesmo tempo em que a atividade agrícola contribui para as emissões de gases de efeito estufa, também pode ser fortemente afetada pelas mudanças climáticas.Na expressão do pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental Alessandro Araújo, um sistema de cultivo está “envelopado” pelo clima. “Compreender como atuam sobre as plantas variantes como água, temperatura, radiação solar e toda a física do clima é fundamental para inferirmos qual será a resposta que esses organismos vão dar em um futuro com alterações climáticas”, declara o cientista.Desde maio de 2019, mais de 80 instrumentos, instalados em uma torre de observação micrometeorológica e espalhados no solo de uma das áreas de SAF Dendê, em Tomé-Açu, fornecem diariamente para o centro de pesquisa da Embrapa em Belém (PA) informações sobre o microclima na área do experimento. São dados como radiação solar, precipitação, temperatura e umidade do ar, velocidade e direção do vento, além de umidade e temperatura do solo, que vão permitir relacionar os efeitos das variações do meio físico sobre o desenvolvimento das plantas. “Sabemos que a combinação de várias espécies em um SAF provê resiliência econômica ao agricultor, na medida em que ele pode colher o ano todo, mas não apenas. Os SAFs também podem oferecer resiliência climática, de resistência às mudanças climáticas, sejam elas naturais ou antropogênicas”, ressalta o pesquisador.Além de ajudar a modelar cenários futuros, o monitoramento micrometereológico também traz informações sobre a dinâmica do uso da água e a interação entre as plantas dentro do sistema agroflorestal onde o dendê está inserido. “A maior parte da água no solo é utilizada pelas plantas no processo de transpiração. Com o monitoramento, estamos observando as estratégias que o dendê utiliza na busca por água e nutrientes no solo, informações necessárias para aprimorar o manejo do sistema”, esclarece Araújo.De acordo com o pesquisador, os primeiros resultados devem sair depois de três anos de avaliação. “É um tempo mínimo para afirmar que determinadas características se mantêm e não foram resultados de um ano atípico”, explica. A torre de observação micrometeorológica em Tomé-Açu integra o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), uma cooperação entre diversas instituições científicas que pesquisam os efeitos do clima na região amazônica. |
Inovação tecnológica e socialA sustentabilidade da dendeicultura na agricultura familiar da Amazônia é um dos desafios do portfólio de projetos que a Embrapa tem para a região. São 75 projetos em parceria com uma rede de instituições públicas e privadas, que buscam desenvolver, ampliar e incentivar novos modelos de desenvolvimento por meio da integração da ciência, tecnologia e inovação com as políticas públicas, mercado e com a sociedade.O pesquisador Judson Valentim, da Embrapa Acre, líder do Portfolio Amazônia, diz que a região ainda convive com o paradoxo de contar os maiores estoques mundiais de recursos naturais e os piores índices de desenvolvimento humano do Brasil. “Esse paradoxo de pobreza da população convivendo com a riqueza de recursos naturais é insustentável”, afirma.A inovação tecnológica e social e a reformulação das políticas públicas são as principais vertentes para vencer o desafio de conciliar desenvolvimento econômico com inclusão social e melhoria da qualidade de vida da população e a conservação ambiental na região.Para conhecer mais o Portfólio Amazônia, clique aqui. |