14 maio de 2017
Brasil – Agricultura – Desenvolvimento e produção do milho em preparos de solo e adubação orgânica de base

Nesse estudo foi avaliado o efeito de sistemas de preparo do solo e de adubações mineral e orgânica na semeadura sobre a produtividade do milho híbrido DKB 390 YDG.

Autores: Jeferson Carlos de Oliveira Silva, Adelar José Fabian, Luis Fernando de Mendonça Siqueira, Witer Moreira Guimarães, Gabriel Alberto Ceballos

Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.
Trabalho disponível nos Anais do Evento e publicado com o consentimento dos autores.

Palavras-chave: potencial tecnológico; adubação orgânica; preparo de solo.
A cultura do milho no Brasil na primeira safra 2014-2015, ocupou uma área de 6.156,1 mil hectares onde foram produzidas 30.244,1 mil Mg de grãos com produtividade média de 4.913 kg ha-1 (CONAB, 2015). A cultura do milho é dinâmica, por ser um cereal utilizado tanto na alimentação humana como animal.

Este cultivo exige tecnologias que visam a produtividade e a preservação do solo e água, procurando manter os cultivos subsequentes e crescentes na mesma área. O uso intensivo do solo em vários cultivos por ano, é cada vez mais comum, aumentando a produção e a oferta de alimentos.

 

Assim se faz necessário a adoção de boas práticas de manejo do solo e tratos culturais, para manter a sustentabilidade da produção (FERREIRA, 1997). Nesse estudo avaliamos o efeito de sistemas de preparo do solo e de adubações mineral e orgânica na semeadura sobre a produtividade do milho híbrido DKB 390 YDG.

O estudo foi conduzido no bioma cerrado no segundo ano de manejo, safra 2014/2015, em Uberaba – MG, a 795 m acima do nível do mar. O clima do local, segundo classificação de Köppen é do tipo (Aw), precipitação e temperatura média anual de 1870 mm e 21 °C, respectivamente. O solo da área é um LATOSSOLO VERMELHO Distrófico com textura franco-argilo-arenosa.

 

O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso (DBC) nos preparos de solo, com quatro repetições, e em faixas de adubação, com esquema de parcela subdividida. Os tratamentos principais foram nove sistemas de preparo do solo: semeadura direta com uso de planta de cobertura do solo (Braquiaria ruziziensis); semeadura direta sem uso de plantas de cobertura; preparo biológico (crotalária juncea, feijão guandu, nabo forrageiro, Braquiaria ruziziensis); uso de cobertura do solo (Braquiaria ruziziensis) com incorporação com grade; escarificador; subsolador; arado; grade; grade+arado.

Os tratamentos secundários foram duas faixas de adubação de semeadura: mineral e orgânica. A área total do experimento foi de 0,72 ha (120 m x 60 m). Cada parcela de preparo teve as dimensões de 10,0 m x 12,0 m. As parcelas foram divididas em faixas (subparcelas) com 5,0 m de largura cada, onde foram aplicadas as adubações.

 

A semeadura do milho híbrido DKB 390 YDG foi realizada em 4 linhas espaçadas a 0,50 m e 6 m de comprimento. Considerou-se como área útil para as avaliações os 4 m2 centrais. Os preparos de solo foram realizados de 01 de agosto a 02 de novembro de 2014. A semeadura foi realizada no dia 07 de novembro de 2014 e a colheita no dia 13 de março de 2015.

Durante a semeadura do milho, na faixa mineral, foi incorporado pela semeadora,de acordo com a interpretação da análise de solo, 357 kg ha-1 do fertilizante 8-28-16 (NPK). Na faixa orgânica foi aplicada a mesma quantidade de nutrientes equivalente a 3.717,47 kg ha-1 do fertilizante orgânico, aplicado em dose única a lanço após a semeadura e 51,06 kg ha-1 de Cloreto de Potássio para atender a carência de Potássio do fertilizante orgânico.

 

A adubação de cobertura foi igual para ambas as faixas e parceladas em duas ocasiões sendo a primeira com 217,00 kg ha-1 de Uréia a lanço no estádio V4, e a segunda com 115,74 kg ha-1 de Sulfato de Amônio incorporado ao solo no estádio V6.

Para a avaliação da produtividade as espigas da área útil foram colhidas, debulhadas e pesadas. A umidade dos grãos foi ajustada a 0,13 kg kg-1. Os dados foram submetidos à análise de variância, teste F, a 5 % de probabilidade. Os dados foram submetidos à análise de variância, teste F, a 5 % de probabilidade, e quando verificado efeito significativo, procedeu-se a comparação de médias pelo teste de Scott-Knott a 1 % de probabilidade. Observamos pelo teste F que não houve interação entre preparos de solo e tipo de adubação.

Ao avaliar isoladamente os fatores, os tipos de preparos de solo e de adubação se mostraram estatisticamente desiguais. A produtividade do milho não foi influenciada pela fonte de adubação na semeadura. Entretanto ocorreu diferença (P > 0,05) entre os preparos de solo, sendo que os tratamentos uso de cobertura do solo (braquiária ruziziensis) com incorporação com grade; escarificador; subsolador; arado; grade; grade+arado não diferiram entre si produzindo entre 7,35 Mg ha-1 e 9,14 Mg ha-1 que é superior a média regional e nacional.

 

A menor produtividade foi obtida no tratamento semeadura direta sem uso de plantas de
cobertura (pousio) que produziu 4,06 Mg ha-1. Essa técnica ainda é muito comum nas áreas onde não se aplicam os princípios básicos do plantio direto onde a área permanece em pousio após a colheita da cultura de verão.

No preparo biológico e na semeadura direta com uso de planta de cobertura do solo (braquiária ruziziensis) obtivemos produtividades intermediárias (5,99 Mg ha-1 e 5,57 Mg ha-1, respectivamente). Isso provavelmente se deve ao fato de ser o primeiro ano com o uso do sistema em que as espécies utilizadas ainda não proporcionaram os benefícios esperados.

 

O não revolvimento do solo possibilita certo nível de compactação que restringe o pleno
desenvolvimento da cultura. Isso ocorre quando os valores de resistência a penetração se acham acima de 4 Mpa. Este adensamento de solo resulta na dificuldade da planta em desenvolver seu sistema radicular, absorver água e nutrientes, obtendo baixas produtividades.

Os tratamentos com revolvimento de solo proporcionam o rompimento da camada compactada, além de incorporarem os resíduos vegetais. Isso possibilita o aumento dos macroporos após o preparo com maior infiltração de água, maior facilidade para o desenvolvimento radicular, proporcionando melhor desenvolvimento da planta.

 

Não houve diferença significativa (P > 0,05) na produtividade do milho em função das fontes de adubação (mineral ou orgânica), sendo uma possível alternativa aos pequenos e médios agricultores, assim como já é realidade em usinas sucroalcooleiras que reutilizam os resíduos orgânicos integralmente nas lavouras, reduzindo gastos com adubação mineral.

Utilizando área experimental e tratamentos semelhantes, Bastos (1999), chegou à conclusão de que a adubação com composto orgânico após 13 anos da primeira aplicação, consegue não só manter a produtividade como também elevá-la a altos patamares. Em nossos estudos a aplicação ocorreu em apenas dois anos. Maia (1999) avaliando a variação da produtividade do milho obtida em 14 anos de aplicação contínua, tanto de adubação orgânica quanto mineral, verificou que houve respostas diferenciadas da produtividade do milho bem como resposta às adubações.

 

Os preparos de solo afetaram a produtividade de milho no segundo ano de cultivo. A adubação orgânica pode substituir a adubação mineral na semeadura, sem prejudicar a produtividade, sendo uma opção sustentável e ecológica. Não houve interação entre os preparos de solo e a fonte de adubação.

Apoio: IFTM campus Uberaba. EPAMIG.

À FAPEMIG pelo apoio à pesquisa no estado de Minas Gerais.

Referências

BASTOS, C.S. Sistemas da adubação em cultivo de milho exclusivo e consorciado com feijão, afetando a produção, estado nutricional e incidência de insetos fitófagos e inimigos naturais. Viçosa, UFV.117f. 1999. (Dissertação de Mestrado em Fitotecnia).

 

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. – v. 2, n.12 (2015) – Brasília : Conab. ISSN 2318-6852. Safra 2014/2015. Disponível em: < http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_09_11_10_42_03_boletim_graos_setembro_2015.pdf> . Acesso em 20 de julho de 2016.

FERREIRA, L.M. As interações entre a fração mineral e a fração orgânica em solos da região de Bauru-SP. São Paulo, Universidade de São Paulo, 217p. 1997. (Tese de Doutorado).

 

MAIA, C.E. Reserva e disponibilidade de Nitrogênio pela adição continuada da adubação orgânica e da mineral na cultura do milho em um Podzólico Vermelho-Amarelo câmbico. Viçosa, UFV, 1999. 55 f. (Dissertação de Mestrado em Fitotecnia) Universidade Federal de Viçosa, 1999.

Informações dos autores:

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba,

Estudante de Engenharia Agronômica, Bolsista PET Agro, Uberaba – MG 

Disponível em:  Anais XX Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água – RBMCSA. Foz do Iguaçu, PR. 2016.

 

 

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