05 jan de 2018
Brasil – Agricultura – Efeitos de diferentes coberturas de solo no crescimento da cultura de soja

Este trabalho objetiva avaliar o crescimento da cultura de soja, em SPD, sucedendo diferentes culturas

Autores: Antonio Gabriel da Costa Ferreira (1); Deucleiton Jardim Amorim (1); Raimundo Nonato Teixeira Oliveira (1); Lusiane De Sousa Ferreira (1); Edmilson Igor Bernardo Almeida (2); José Roberto Brito Freitas (2)

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização dos autores.

RESUMO

O Brasil espera colher 237,2 milhões de toneladas de grãos este ano, com forte crescimento de produção no Maranhão. A produtividade está relacionada com tecnologias de sistemas de produção, com destaque ao Sistema de Plantio direto (SPD) que afeta positivamente as características químicas, físicas e biológicas do solo, e oferece acúmulo de fitomassa e liberação de nutrientes pela decomposição da palhada.

 

Este trabalho objetiva avaliar o crescimento da cultura de soja, em SPD, sucedendo diferentes culturas. O ensaio foi realizado na Universidade Federal do Maranhão, campus Chapadinha.

O delineamento experimental foram blocos casualizados, com quatro repetições, com os sete tratamentos distribuídos em parcelas de 5 x 8 m: T1) soja (testemunha), T2) Crotalaria ochroleuca; T3) C. spectabilis + milheto ‘ADR 300’; T4) milheto ‘ADR 300’; T5) Brachiaria ruziziensis; T6) milho ‘GNZ 2005’ + B. ruziziensis; T7) milho ‘GNZ 2005’. Foram realizadas quatro medições, com oito plantas por parcela, aos 42, 49, 56 e 63 dias, sendo utilizada uma trena graduada em cm para a determinação da altura das plantas.

 

Na análise de variância realizada, verificaram-se os efeitos da palhada no desenvolvimento da soja. Houve diferença significativa na altura das plantas entre os tratamentos nos períodos avaliados. As coberturas de solo avaliadas, foram cruciais para o desenvolvimento da cultura da soja nas épocas de avaliação. A cobertura que proporcionou um melhor desenvolvimento da cultura da soja foi no tratamento 6, Milho ‘GNZ 2005’ + B. ruziziensis.

Termos de indexação: Maranhão, Produtividade, Sistema de Plantio direto (SPD).

 

INTRODUÇÃO

 

Os principais produtores mundiais de soja são os Estados Unidos, o Brasil e a Argentina, que, juntos, são responsáveis por 82% da produção mundial, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Para o Brasil, a produção estimada para a safra 2017/18, provavelmente fique em torno de 107 milhões de toneladas, enquanto que a produção total mundial de soja em grãos é estimada em 344,67 milhões de toneladas (USDA, 2015).

 

O Brasil espera colher 237,2 milhões de toneladas de grãos para a safra 2016/17, aumento de 27,1%. Serão 50,6 milhões de toneladas a mais sendo colhidas em cerca de 60,6 milhões de hectares do país. Para a soja, segundo a CONAB, o décimo levantamento de 2017, realizado em julho, consolida a performance recorde da safra brasileira apresentando um crescimento na área plantada de 1,9%, comparado com o observado na safra anterior, e uma produção de 113,9 milhões de toneladas, aumento de 19,4% para a produção nacional.

 

Os maiores estados produtores encontram-se nas regiões Centro–Oeste e Sul do Brasil, com destaque para o Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, que juntos, correspondem a 60% da produção nacional.

É relevante, também, o forte crescimento relativo observado no Maranhão, Tocantins, Piauí e na Bahia, que apresentaram aumento de 99,8%, 68,4%, 217,1% e 59,5, respectivamente, na produção dessa oleaginosa. Na Região Nordeste ocorreu incremento percentual de 7,6% da área plantada com a oleaginosa no país, Conab (2017).

O sucesso da produtividade da soja está relacionado com a inclusão de tecnologias de sistemas de produção, onde pode ser destacado o Sistema de Plantio direto (SPD), conceituado como uma técnica de cultivo conservacionista que se fundamenta no revolvimento mínimo do solo, em sua cobertura permanente e na rotação de culturas (Duarte Junior & Coelho, 2010).

 

Mesmo sendo de fundamental importância para a sustentabilidade agrícola, o SPD e a rotação de culturas são adotados, em sua plenitude, por uma minoria de produtores (Freitas, 2014), havendo assim, a necessidade de uma mudança na forma de pensar a atividade agrícola, a partir de um contexto socioeconômico, com preocupações ambientais (Mancin et al., 2009).

Os sistemas de manejos conservacionistas, aliado à manutenção da cobertura com palha, podem afetar positivamente as características químicas, físicas e biológicas do solo, interferindo por sua vez na distribuição das raízes, com reflexos no crescimento da parte aérea, interagindo consequentemente, no rendimento de grãos da espécie em cultivo (Santos et. al., 2006).

 

A cobertura vegetal deficiente deixa o solo mais suscetível à ocorrência de erosão, bem como ao aparecimento de plantas indesejáveis (Carneiro et al., 1994). Sem a presença de plantas capazes de ciclar nutrientes aumenta também o potencial de perda destes por lixiviação, principalmente de N na forma de nitrato (NO3-). Por isso a importância do cultivo de plantas de cobertura de solo e manutenção da palha no período de entressafras, a fim de oferecer ao solo, e as culturas em sucessão, acúmulo de fitomassa e liberação de nutrientes pela decomposição da palhada.

A escolha das espécies em rotação de culturas é essencial, uma vez que os resíduos vegetais sobre o solo podem proporcionar tanto efeitos positivos como negativos sobre o crescimento de plantas de inverno ou de verão, estabelecidas em sucessão.

 

No caso de soja cultivada sob determinados resíduos vegetais remanescentes de inverno (aveia branca, cevada e trigo), têm sido verificados rendimentos maiores do que sob outros resíduos, por exemplo: colza e linho (Santos & Roman, 2001). Além disso, estatura de plantas, altura de inserção dos primeiros legumes e número de grãos por planta de soja, também podem ser afetadas positiva ou negativamente pelos resíduos vegetais (Santos et al., 1998).

 

Diversas espécies de plantas de cobertura vêm sendo utilizadas em solos do Cerrado a fim de proporcionar o acúmulo de fitomassa e taxa de cobertura do solo, dentre elas destacam-se algumas gramíneas e leguminosas. No entanto, e principalmente devido às condições dos Cerrados brasileiros, isso é mais difícil em função do clima que proporciona rápida decomposição e dificuldade de produção na entressafra (Muraishi et. al., 2005), diferentemente da Região Sul que possui temperaturas mais amenas, o que garante uma decomposição mais lenta da palhada.

 

Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o crescimento da cultura de soja semeada no sistema semeadura direta, em sistema de sucessão, plantio direto, sobre a palha de diferentes culturas de cobertura do solo.

MATERIAL E MÉTODOS

 

O ensaio foi realizado em uma área experimental da Universidade Federal do Maranhão, campus Chapadinha, cujas coordenadas são 3° 44’ 30’’S, 43º 21’ 37’’W e 105 m de altitude.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos casualizados, com quatro repetições, uma em cada bloco, em que os sete tratamentos foram distribuidos em parcelas de 5 x 8 m da seguintes forma:

T1) soja (testemunha);

T2) Crotalaria ochroleuca;

T3) C. spectabilis + milheto ‘ADR 300’;

T4) milheto ‘ADR 300’;

T5) Brachiaria ruziziensis;

T6) milho ‘GNZ 2005’ + B. ruziziensis;

T7) milho ‘GNZ 2005’.

Todos os tratamentos foram conduzidos sob Sistema de Plantio Direto (SPD).

As espécies vegetais foram semeadas em linhas espaçadas de 0,9 m (milho e milho + B. ruziziensis) ou 0,225 m (demais culturas). No consórcio, a semeadura das culturas foi simultânea, com uma linha de B. ruziziensis em cada entrelinha do milho. No T3, as quantidades utilizadas de sementes puras e viáveis foram de 10 kg ha-1 para o milheto e de 20 kg ha-1 para a C. spectabilis. As sementes das duas espécies foram misturadas e distribuídas em todas as linhas de semeadura.

A cultivar de soja plantada foi a BRS 333 RR, e empregou-se uma semeadora tratorizada, regulada de modo a obtendo uma população de 260.000 plantas por hectare, com espaçamento entre linhas de 0,5 m. E os demais tratos culturais foram realizados de acordo com as indicações técnicas para a soja na região.

 

O crescimento da soja começou a ser avaliado aos 42 dias após a semeadura, sendo avaliadas oito plantas demarcadas por parcela. Foram realizadas quatro medições, com intervalos regulares de uma semana entre cada medição, sempre com as mesmas plantas, aos 42, 49, 56 e 63 dias, sendo utilizada uma trena graduada em cm para a determinação da distância entre o nível do solo e o ápice da planta.

 

As médias da altura obtida através das oito avaliações por parcela, totalizando 28 unidades experimentais por medição, foram submetidas à análise de variância, para verificação dos efeitos das coberturas de solo em cada medição. A comparação de médias entre os tratamentos foi feita pelo teste Duncan ao nível de 5% de significância, utilizando o software estatístico InfoStat, versão 2016.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Os valores referentes à estatística descritiva podem ser observados na (tabela 1). Pode-se observar que a diferença entre as médias da medição 3 e 4 foram menores que as demais, devido ao fim do estágio vegetativo de desenvolvimento da cultura, com os maiores desvios padrões observados (D.E.), mas também bem próximos. Todas as medições apresentaram mediana bem aproximada da média o que culminou em uma baixa assimetria, indicando uma distribuição normal, pressuposto básico à análise de variância.

Tabela 1. Estatística descritiva dos tratamentos para cada medição realizada.

A análise de variância foi realizada para cada período de medição, podendo-se verificar os efeitos da palhada em cobertura no desenvolvimento da soja, sendo que houve diferença significativa na altura das plantas entre os tratamentos nos quatro períodos avaliados, diferentemente de (Freitas, 2014) que não

obteve resultados significativos para altura de plantas em rotação de culturas com soja utilizando a cultivar BMX Potência RR.

 

Já na primeira medição feita pode-se verificar que entre todos os tratamentos, em valores absolutos, a testemunha obteve uma altura inferior às demais coberturas, o que já era esperado, entretanto houve uma recuperação do tratamento ao longo das observações apesar do baixo desenvolvimento inicial. Contudo, apenas o tratamento 6 (Milho ‘GNZ 2005’ + B. ruziziensis) foi significativamente superior aos demais tratamentos, sendo observadas diferenças menores ao final das medições (Tabela 2).

Tabela 2. Comparação de médias de alturas de plantas pelo teste Duncan (p>0,05) para cada medição.

Nas demais medições o tratamento 6 (Milho ‘GNZ 2005’ + B. ruziziensis) manteve-se com o melhor desempenho com relação as alturas médias de plantas por parcelas (Figura 1), seguido de perto pelo tratamento 5 (Brachiaria ruziziensis) e pelo tratamento 7 (Milho ‘GNZ 2005’), ao fim das medições apenas, isto é justificado pois o tratamento 6 é constituído de um consórcio entre os tratamentos 5 e 7.

No entanto nem todos as coberturas de solo mantiveram o mesmo desempenho ao longo do tempo no desenvolvimento da cultura da soja. Vale ressaltar que a altura de planta, assim como a inserção de vagens da soja, é determinada pela genética da variedade, sendo influenciado por condições como a fertilidade do solo, o clima, a época de semeadura e da latitude (BORÉM, 2000).

 

Figura 1. Variação média da altura de plantas nos tratamentos ao longo das medições.

 

Este resultado é justificado pela pesquisa desenvolvida no Paraná por Franchini et al. (2011) que concluíram que a soja apresenta respostas positivas à rotação de culturas, particularmente quando cultivada no verão em sucessão ao cultivo de milho. Mas para Monteiro et al. (2011) em um estudo sobre plantas de cobertura no Piauí, observou que nos tratamentos em que foram utilizadas as plantas de cobertura em pré-safra na soja e consorciada com o milho, estas não expressaram diferenças na fitomassa, o que se deu na soja, segundo o autor, foi em razão da área já apresentar elevada quantidade de milheto, o que anulou o tratamento com o milho.

 

Segundo Freitas (2014) os efeitos positivos da rotação de culturas sobre a produtividade da soja podem

ser atribuídos à recuperação da qualidade do solo devido a maior produção de fitomassa da parte aérea e raízes pelas culturas antecessoras, e neste caso, a consorciação das culturas de cobertura no tratamento que melhor se sobressaiu (Milho ‘GNZ 2005’ + B. ruziziensis) favoreceram ainda mais o desenvolvimento da cultura.

 

CONCLUSÕES

 

De modo geral, as coberturas de solo avaliadas, no sistema de manejo do solo SPD, foram cruciais para o bom desenvolvimento da cultura da soja em todas as épocas de avaliação, mesmo para a testemunha, em que houve um bom desenvolvimento ao fim do estágio vegeta-tivo da soja, igualando-se estatisticamente as coberturas de Crotalaria ochroleucaC. spectabilis + milheto ‘ADR 300’ e Milheto ‘ADR 300’.

Evidenciado pelos resultados referentes à altura média das plantas, observou-se que a cobertura que proporcionou um melhor desenvolvimento da cultura da soja foi aquela utilizada no tratamento 6, Milho ‘GNZ 2005’ + B. ruziziensis, a qual demonstrou uma boa adaptação às condições edafoclimáticas da região.

 

REFERÊNCIAS

 

BORÉM, A.. Escape gênico: os riscos do escape gênico da soja no Brasil. Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento, Brasilia, 2000, v. 10, p. 101-107.

CARNEIRO, J.O.F.; BORGES, E.P. Avaliação de diferentes doses e formas de aplica-ção de herbicidas no manejo de milheto (Penisetum americanum). Maracajú: Fundação MS para Pesquisa e Difusão de Tecnologias Agropecuárias, 1994. 3p. (Informativo Técnico, 10/94).

CONAB, COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da Safra Brasileira-Grãos, Safra 2016/2017, 10°Levantamento, Julho de 2017.

DUARTE JUNIOR, J. B.; COELHO, F. C. Rotação de Culturas. Manual Técnico, 22. Programa Rio Rural: Niterói, RJ, 2010. 13 p.

FRANCHINI, J.C.; COSTA, J.M.; DEBIASI, H.; TORRES, E. Importância da rotação de culturas para produção agrícola sustentável no Paraná. Embrapa Soja: Londrina: Embrapa Soja. Documento/Embrapa Soja ISSN 1516-781X; n. 327, 2011,52p.

FREITAS, M. E. de; Rotação e sucessão de culturas com ênfase em oleaginosas de outono-inverno em plantio direto, 2014. 90 p. Tese (Doutorado em agronomia) – Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados – MS.

MANCIN, C.R.; SOUZA, L.C.F.; NOVELINO, J.O.; MARCHETTI, M.E.; GONÇALVES, M.C. Desempenho agronômico da soja sob diferentes rotações e sucessões de culturas em sistema de plantio direto. Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá, v. 31, n.1, p.71-77, 2009.

MONTEIRO, M. M. de S.; PACHECO, L. P.; LEANDRO, W. M. et al. Produção de fitomassa por plantas de cobertura no cerrado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 33., 2011. Anais. Uberlândia: SBCS: UFU, ICIAG, 2011. CD-ROM

MURAISHI, C.T.; LEAL, A.J.F.; LAZARINI, E.; RODRIGUES, L.R. & GOMES JUNIOR, F.G.G. Manejo de espécies vegetais de cobertura de solo e produtividade do milho e da soja em semeadura direta. Acta Sci. Agron., 27:199- 207, 2005.

SANTOS, H. P. dos; LHAMBY, J. C. B.; SPERA, S. T. Rendimento de grãos de soja em função de diferentes sistemas de manejo de solo e de rotação de culturas. Ciência Rural, Santa Maria v.36, n.1, p.21-29, jan-fev, 2006.

SANTOS, H.P. dos et al. Efeito de culturas de inverno em plantio direto sobre a soja cultivada em rotação de culturas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.33, n.3, p.289-295, 1998.

SANTOS, H.P. dos; ROMAN, E.S. Efeitos de culturas de inverno e rotações sobre a soja cultivada em sistema de plantio direto. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, Porto Alegre, v.7, n.1, p.59-68, 2001.

USDA – United States Department of Agriculture. Disponível em: < http://www.usda.gov >. Acesso em 15 jul. 2017.

Informações dos autores:      

(1)Graduando em Agronomia – Centro de Ciências Agrárias e Ambientais-CCAA; Universidade Federal do Maranhão – UFMA, Campus IV; Chapadinha, Maranhão;

(1)Graduando em Agronomia-CCAA; UFMA; Campus IV; Chapadinha, Maranhão;

(1)Graduando em Agronomia – CCAA; UFMA; Campus IV; Chapadinha, Maranhão;

(1)Graduando em Agronomia-CCAA; UFMA; Campus IV; Chapadinha, Maranhão;

(2)Docente-CCAA; UFMA; Campus IV; Chapadinha, Maranhão;

(2)Docente – CCAA; UFMA; Campus IV; Chapadinha, Maranhão;

Disponível em: Anais do XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE AGRONOMIA, Fortaleza – CE, Brasil,2017.

 

Fonte: Mais Soja

 

 

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