O ensaio nacional de aveias forrageiras tem por objetivo avaliar e selecionar cultivares de aveias brancas e pretas quanto ao seu potencial forrageiro em diferentes regiões do Brasil

Autores: Joelson Karlinski¹; Filipe Gonçalves2; Lucas Saurin³; Jessica Pellizzon⁴; Nicolas dos Santos⁵; Nadia Canali Lângaro⁶

A aveia preta (Avena strigosa Schreb) e a aveia branca (Avena sativa L.) são espécies protetoras do solo, em função de sua taxa de cobertura, produção de matéria seca e de relação carbono-nitrogênio; sua utilização tem sido recomendada com frequência em sistemas de pastejo, em cultivos puros ou em consórcio com outras espécies (GUZATTI et al., 2015).

 

O ensaio nacional de aveias forrageiras (ENAF) tem por objetivo avaliar e selecionar cultivares de aveias brancas e pretas quanto ao seu potencial forrageiro em diferentes regiões do Brasil. O ENAF foi conduzido no campo experimental da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAMV) da Universidade de Passo Fundo (UPF).

O programa de pesquisa de aveia da UPF incluiu ao ENAF/2017, nas mesmas condições experimentais e somente em Passo Fundo, RS, cinco linhagens elite de seu programa de aveia preta: F2005/28-0A-6PB-1A-2, SD ALPHA 94005-7A0A-0A-2A-0A-0A, D1-3AP-1A-0PB-7PB-0A, F2008/2-1-3 e F2008/10-1-3. Objetivou-se avaliar competitivamente estes materiais, com vistas a seguir no ENAF 2018. Assim, os genótipos avaliados no ENAF/2017 foram: oito genótipos de aveia branca (FAPA 2, FUNDACEP FAPA 43, IPR 126, IPR Suprema, UPFA 137, UPFA D1-3AP, D1-3AP-1A-0PB-7PB-0A e a testemunha (T)  IPR Esmeralda); e oito genótipos de aveia preta (UPFA 21 Moreninha, IAPAR 61 (Ibiporã), UPFA 134, F2005/28-0A-6PB1A-2, SD ALPHA 94005-7A-0A-0A-2A-0A-0A, F2008/2-1-3, F2008/10-1-3  e a testemunha (T) IPR Cabocla); em conjunto com as cinco linhagens de aveia preta, três linhagem de aveia branca da UPF, supra citadas, num total de dezesseis  genótipos de aveia.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. Cada parcela foi constituída por seis linhas de 6 m de comprimento, com 0,20 m entre linhas. As quatro linhas centrais de plantas foram utilizadas para realização de cortes para avaliação de rendimento de matéria verde e seca. A semeadura foi realizada de forma mecânica e direta sobre restos culturais de soja, no dia 15 de maio de 2017, utilizando uma densidade de 350 sementes aptas/m2.

O primeiro corte foi realizado quando os genótipos apresentavam de 20 a 25 cm de estatura, com altura remanescente de aproximadamente 6 a 8 cm do solo. Os cortes subsequentes foram realizados quando os genótipos avaliados atingiram de 30 a 35 cm de estatura, deixando as plantas com uma altura de 7 a 10 cm. Os manejos (cortes) de plantas ocorreram entre os meses de agosto e outubro, com os intervalos variando em função da capacidade de rebrote de cada genótipo. Após os cortes foram realizadas adubações nitrogenadas em cobertura com 20 kg.ha^-1 de N, na forma de ureia.

 

A matéria verde colhida foi pesada em campo para estimar o rendimento de matéria verde (RMV, kg.ha^-1); após, em laboratório, a partir da obtenção de amostras de 100g, desidratadas em estufa a 70°C até manterem seu peso constante, foi determinado o rendimento de matéria seca (RMS, kg.ha^-1). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (F- teste) e as médias dos tratamentos, se significativas, foram comparadas pelo teste de Tukey (5%).

Nas tabelas 1 e 2 podem-se verificar os resultados respectivamente de RMV e RMS avaliados do primeiro ao terceiro cortes. Para RMV, no primeiro destacou-se a F2008/2-1-3 (6515 kg.ha^-1) não diferindo significativamente de UPFA 21 – Moreninha (6390 kg.ha^-1) e F2008/10-1-3 (6137 kg.ha^-1); a média geral de RMV do primeiro corte foi de 4886 kg.ha-¹. No segundo corte destacou-se UPFA 134 (5452 kg.ha^-1) e SD ALPHA 94005-7A-0A-0A-2A-0A-0A (5380 kg.ha^-1), tendo a média geral de 4407 kg.ha-¹. No terceiro corte destacou-se UPFA D1-3AP (7000 kg.ha^-1); a média geral de RMV do terceiro corte foi de 3823 kg.ha^-1.

 

Tabela 1. Rendimento de matéria verde (RMV, kg.ha^-1) no primeiro, segundo e terceiro cortes de aveias do ensaio nacional de aveias forrageiras (ENAF), em Passo Fundo, RS, 2017. FAMV/UPF, 2017.

Tabela 2. Rendimento de matéria seca (RMS, kg.ha^-1) no primeiro, segundo e terceiro cortes de aveias do ensaio nacional de aveias forrageiras (ENAF), em Passo Fundo, RS, 2017. FAMV/UPF, 2017.

Para RMS no primeiro corte destacou-se a cultivar F2008/2-1-3 (1355 kg.ha^-1) que não diferiu significativamente de SD ALPHA 94005-7A-0A-0A-2A-0A-0A (1267 kg.ha^-1), UPFA 21 – Moreninha (1254 kg.ha^-1) e F2008/10-1-3 (1254 kg.ha^-1); a média geral de RMS do primeiro corte foi de 995 kg.ha-¹. No segundo corte F2008/2-1-3 (975 kg.ha-1) e UPFA D1-3AP (949 kg.ha^-1) tiveram as melhores produções, a média geral de RMS para o segundo corte foi 786 kg.ha-¹.  No terceiro corte destacou-se UPFA D1-3AP (1294 kg.ha^-1) que não diferiu de Iapar 61 (Ibiporã) (1061 kg.ha-1); a média geral de RMS do terceiro corte foi de 683 kg.ha-¹.

 

Na tabela 3 são apresentadas as médias de rendimento total de matéria verde (RTMV) e rendimento total de matéria seca (RTMS). No RTMV destacaram-se os genótipos UPFA D1-3AP (16869 kg.ha^-1), UPFA 137 (15942 kg.ha^-1) e D1-3AP-1A0PB-7PB-0A (15682 kg.ha-1). A média geral de RTMV do primeiro corte foi de 13116 kg.ha-¹. Quanto ao RTMS destacou-se novamente UPFA D1-3AP (3181 kg.ha^-1), F2008/2-1-3 (3060 kg.ha^-1) e D1-3AP-1A-0PB-7PB-0A (3002 kg.ha^-1). A média geral de RTMS, que considera a soma dos três cortes foi de 2457 kg.ha-¹.

Tabela 3. Rendimento total de matéria verde (RTMV) e seca (RTMS) de aveias do ensaio nacional de aveias forrageiras (ENAF), em Passo Fundo, RS, 2017. FAMV/UPF, 2017.

Referências:

GUZATTI, G.C.; DUCHINI, P.G.; SBRISSIA, A.F.; RIBEIRO-FILHO, H.M.N. Aspectos qualitativos e produção de biomassa em pastos de aveia e azevém cultivados puros ou consorciados e submetidos a pastejo leniente. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, vol.67, n. 5, 2015.

Informações dos autores:  

¹ Técnico Agropecuária e Acadêmico de Agronomia, auxiliar de pesquisa, Universidade de Passo Fundo;

² Acadêmico de Agronomia, auxiliar de pesquisa, Universidade de Passo Fundo;

³ Técnico em Agropecuária e Acadêmico de Agronomia, auxiliar de pesquisa, Universidade de Passo Fundo;

⁴ Acadêmica de Agronomia, bolsista da Fundação Pró – Sementes (FPS), convênio FUPF-FPS, Universidade de Passo Fundo;

⁵ Acadêmico de Biologia auxiliar de pesquisa, Universidade de Passo Fundo;

⁶ Engenheira Agrônoma, Doutora em Agronomia, Profª da FAMV – Universidade de Passo Fundo.

Disponível em: Anais do XXXVIII REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE AVEIA, Ijui – RS, Brasil, 2018.

 

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