17 jan de 2022
Brasil – Agricultura – Estiagem: reincidência do problema climático e reincidência de falta de solução federal

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro/SC

O problema das estiagens tem se repetido. Cada vez com mais frequência. As últimas safras no Sul do país têm sido afetadas, e com isso nunca se consegue atingir o volume planejado e até plantado, com consequências negativas na colheita. Quando não é um produto, é outro; quando não é uma região, é outra; isso quando não afeta toda uma região de produção agropecuária no Estado. Nós catarinenses sabemos que uma seca, como falam os agricultores, não apenas atinge as lavouras, por falta de irrigação, mas também a criação pecuária, por falta de água.

É lamentável, que uma atividade tão importante e expressiva na economia, estadual e nacional, não tenha um conjunto de medidas governamentais para solucioná-la, ou pelo menos minimizá-la. O governo catarinense é que tem adotado providências e cada ano avançado com programas de incentivos para reduzir os riscos com estiagens, mas em nível federal, quase nada. Apenas subsídio de parte do custo das apólices do seguro agrícola, que não é obrigatório. Quando decide por alguma migalha de apoio, demora dois ou três anos para chegar aos atingidos.

 A visita da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, realizada na última semana em Chapecó, mais uma vez comprova isso. É verdade que não se pode anunciar medidas sem avaliação global da situação, precisa de planejamento, só que a estiagem tem se repetido e já deveria existir alguma política pública emergencial para atender esse problema. A ministra da Agricultura goza de bom conceito no atual governo, sempre tem sido referência positiva e de elogios da sua atuação, mas quando vem ao Estado atingido pela estiagem e minimiza os problemas, e diz publicamente que não veio com soluções e sim para ouvir e ver o que está acontecendo, e ainda diz que tem regiões pior do que a nossa, menosprezando os problemas dos catarinenses,  ela perde pontos perante os nossos agricultores.

O governo federal é moroso e as vezes incompetente, e ao invés de manifestar esperança, diz que vai estudar o assunto. Lamentável! Ainda bem que o governo catarinense está presente com ações concretas e que pelo menos evita o desestímulo total dos nossos agricultores. Talvez a ministra se esforce após visitar o MS que também está sendo afetado. Como é o Estado dela, e segundo se fala, neste ano vai ser candidata a senadora  ou a governadora, pode ser que dedique maior atenção, mas espera-se que para os demais estados também.

Mas temos o outro lado: os agricultores precisam se prevenir desses problemas climáticos.  Pelo menos na estocagem de água precisam se preocupar. Recursos para isso existem. A secretaria da Agricultura do Estado oferece linhas de crédito com custo zero, para que todos se previnam. Mas o que tem ocorrido é que quando acontece o problema, todos gritam e pedem apoio dos governos, mas não se previnem previamente. O governo é parte integrante do problema, mas não é o único culpado.

Portanto, precisamos de planejamento prévio para que na crise não haja desespero e críticas de todos os lados. O seguro é importante e continua sendo a única alternativa para pelo menos recuperar parte dos prejuízos dos planadores que não dispõe de irrigação, mas o armazenamento de água também deve ser uma preocupação presente para suprir as necessidades de criadores de suínos, aves e leite. Esperar tudo dos governos, não é o ideal. Pense nisso!

Fonte: Fecoagro/SC

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