Brasil – Soja – Inoculante turfoso requer uso de solução adesiva
A inoculação da soja é indispensável para a obtenção de altas produtividades. Através da simbiose entre planta e microrganismos, bactérias fixadoras de Nitrogênio do gênero Bradyrhizobium, capturam o Nitrogênio atmosféricos e o transformam em formas assimiláveis pela planta, fornecendo todo o Nitrogênio necessário para boas produtividades de soja.
Além disso, resultados de pesquisas demonstram que a inoculação da soja promove ganhos médios de produtividade de 8%, contribuindo para o aumento da rentabilidade da lavoura (Prando et al., 2019). Mesmo em áreas tradicionalmente cultivadas com soja, a reinoculação garante incrementos médios no rendimento de grãos, da ordem de 4,5 % a 8 % (Hungria et al., 2005).
Segundo Gitti; Roscoe; Rizzato (2019), há distintos tipos de inoculantes, incluindo formulações líquidas, géis e turfa, no entanto, o inoculante líquido e o turfoso são os mais utilizados na cultura da soja, em lavouras comerciais. Já com relação as formas de inoculação, é possível adquirir sementes já inoculadas industrialmente, realizar a inoculação na propriedade (On-Farm), realizar a inoculação via sulco de semeadura (inoculante líquido) e também, como forma complementar, a inoculação via pulverização (forma paliativa para mitigar os efeitos de falhas na inoculação, não substitui inoculação via semente ou sulco).
A nível de propriedade, a inoculação padrão (sementes), utilizando inoculantes turfosos é uma das formas mais popularizadas de inoculação. No entanto, ao utilizar inoculantes turfoso, alguns cuidados necessitam ser adotados para garantir a eficiência da inoculação.
Inoculação de sementes com inoculante turfoso
Como prática erroneamente popularizada, é comum a inoculação diretamente na caixa de sementes da semeadura. No entanto, nessa situação, com o movimento da semeadora, o inoculante turfoso tende a se concentrar no fundo da caixa de sementes (comportamento Ilustrado na figura 1). Com isso, tende a haver uma maior liberação de inoculante no início da semeadura (sementes do fundo da caixa), e uma baixa concentração de inoculante nas sementes da parte superior da caixa de sementes). Ou seja, pela ação da gravidade, o inoculante tende a descer na caixa de sementes, se concentrando nas primeiras passadas da semeadora.
Figura 1. Inoculação de sementes de soja utilizando inoculante turfoso e solução adesiva (a esquerda). Inoculação de sementes utilizando inoculante turfoso, simulando a inoculação direto na caixa de sementes da semeadora, sem o uso de substâncias adesivas (a direita).
Foto: Thomas Martin
Para mitigar esse efeito na distribuição de inoculante e aumentar a eficiência da inoculação, é recomendado a adição de substancias adesivas às sementes, possibilitando a adequada adesão do inoculante nas sementes. Caso não seja recomendada nenhuma substância adesiva pela fabricante do inoculante, é possível utilizar solução açucarada a 10%, na dose de 300 mL/50 kg de sementes, para auxiliar na adesão do inoculante turfoso à semente (Nogueira & Hungria, 2014). Deve-se realizar o tratamento de sementes (TS) com inseticidas e fungicidas e após secar, realizar a inoculação das sementes (separadamente).
Figura 2. Sementes de soja sem inoculação (esquerda); apenas inoculante turfoso (centro); inoculante turfoso aplicado após umedecimento das sementes com solução açucarada a 10% (direita) (A); má distribuição e sedimentação do inoculante aplicado sem solução açucarada (B).
Fotos: Marco Antônio Nogueira
Além do uso da substância adesiva, é fundamental atentar para a ordem do processo de inoculação a fim de evitar a interação com produtos químicos. Embora seja muito usual, não se recomenda a realização do “sopão”, ou seja, adição de inoculante e produtos do TS simultaneamente. Utilizando inoculante turfoso, o ideal é que dentro do possível, seja seguida a ordem: sementes; tratamento químico (inseticida + fungicida) e homogeneização; secagem das sementes; solução açucarada; adição da turfa e homogeneização; secagem das sementes.