31 out de 2024
Brasil – Soja – Inoculante turfoso requer uso de solução adesiva

A inoculação da soja é indispensável para a obtenção de altas produtividades. Através da simbiose entre planta e microrganismos, bactérias fixadoras de Nitrogênio do gênero Bradyrhizobium, capturam o Nitrogênio atmosféricos e o transformam em formas assimiláveis pela planta, fornecendo todo o Nitrogênio necessário para boas produtividades de soja.

Além disso, resultados de pesquisas demonstram que a inoculação da soja promove ganhos médios de produtividade de 8%, contribuindo para o aumento da rentabilidade da lavoura (Prando et al., 2019). Mesmo em áreas tradicionalmente cultivadas com soja, a reinoculação garante incrementos médios no rendimento de grãos, da ordem de 4,5 % a 8 % (Hungria et al., 2005).

Segundo Gitti; Roscoe; Rizzato (2019), há distintos tipos de inoculantes, incluindo formulações líquidas, géis e turfa, no entanto, o inoculante líquido e o turfoso são os mais utilizados na cultura da soja, em lavouras comerciais. Já com relação as formas de inoculação, é possível adquirir sementes já inoculadas industrialmente, realizar a inoculação na propriedade (On-Farm), realizar a inoculação via sulco de semeadura (inoculante líquido) e também, como forma complementar, a inoculação via pulverização (forma paliativa para mitigar os efeitos de falhas na inoculação, não substitui inoculação via semente ou sulco).

A nível de propriedade, a inoculação padrão (sementes), utilizando inoculantes turfosos é uma das formas mais popularizadas de inoculação. No entanto, ao utilizar inoculantes turfoso, alguns cuidados necessitam ser adotados para garantir a eficiência da inoculação.


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Inoculação de sementes com inoculante turfoso

Como prática erroneamente popularizada, é comum a inoculação diretamente na caixa de sementes da semeadura. No entanto, nessa situação, com o movimento da semeadora, o inoculante turfoso tende a se concentrar no fundo da caixa de sementes (comportamento Ilustrado na figura 1). Com isso, tende a haver uma maior liberação de inoculante no início da semeadura (sementes do fundo da caixa), e uma baixa concentração de inoculante nas sementes da parte superior da caixa de sementes). Ou seja, pela ação da gravidade, o inoculante tende a descer na caixa de sementes, se concentrando nas primeiras passadas da semeadora.

Figura 1. Inoculação de sementes de soja utilizando inoculante turfoso e solução adesiva (a esquerda). Inoculação de sementes utilizando inoculante turfoso, simulando a inoculação direto na caixa de sementes da semeadora, sem o uso de substâncias adesivas (a direita).

Foto: Thomas Martin

Para mitigar esse efeito na distribuição de inoculante e aumentar a eficiência da inoculação, é recomendado a adição de substancias adesivas às sementes, possibilitando a adequada adesão do inoculante nas sementes. Caso não seja recomendada nenhuma substância adesiva pela fabricante do inoculante, é possível utilizar solução açucarada a 10%, na dose de 300 mL/50 kg de sementes, para auxiliar na adesão do inoculante turfoso à semente (Nogueira & Hungria, 2014). Deve-se realizar o tratamento de sementes (TS) com inseticidas e fungicidas e após secar, realizar a inoculação das sementes (separadamente).

Figura 2. Sementes de soja sem inoculação (esquerda); apenas inoculante turfoso (centro); inoculante turfoso aplicado após umedecimento das sementes com solução açucarada a 10% (direita) (A); má distribuição e sedimentação do inoculante aplicado sem solução açucarada (B).

Fotos: Marco Antônio Nogueira

Além do uso da substância adesiva, é fundamental atentar para a ordem do processo de inoculação a fim de evitar a interação com produtos químicos. Embora seja muito usual, não se recomenda a realização do “sopão”, ou seja, adição de inoculante e produtos do TS simultaneamente. Utilizando inoculante turfoso, o ideal é que dentro do possível, seja seguida a ordem:  sementes; tratamento químico (inseticida + fungicida) e homogeneização; secagem das sementes; solução açucarada; adição da turfa e homogeneização; secagem das sementes.


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Referências:

GITTI, D. C.; ROSCOE, R.; RIZZATO, L. A. TECNOLOGIA E PRODUÇÃO: SAFRA 2018/2019. Fundação MS, Maracaju – MS, 2019. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-Safra-20182019.pdf >, acesso em: 28/10/2024.

HUNGRIA, M. et al. REINOCULAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DA SOJA. Resultados de Pesquisa da Embrapa Soja, 2005. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/471039/1/Reinoculacaoeadubacaonitrogenadanaculturadasoja.pdf >, acesso em: 28/10/2024.

NOGUEIRA, M. A.; HUNGRIA, M. BOAS PRÁTICAS DE INOCULAÇÃO EM SOJA. 40ª Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul – Atas e Resumos, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/126872/1/Boas-Praticas-de-Inoculacao.pdf >, acesso em: 28/10/2024.

PRANDO, A. M. et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium E Azospirillum NA SAFRA 2019/2020 NO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica, n. 166, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/220542/1/CIrc-Tec-166.pdf >, acesso em: 28/10/2024.

Foto de capa: Lebna Landgraf.

Fonte: Mais Soja

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