13 fev de 2019
Brasil – Agricultura – Matopiba deve produzir quase 12% a menos de soja no país

Participação da região, que engloba a Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins, no total produzido no país também deve diminuir

Daniel Popov e André Anelli
A irregularidade de chuvas que tanto atrapalhou as safras do Sudeste, Centro-Oeste e Sul deve trazer grandes problemas para o Matopiba (Bahia, Tocantins, Maranhão e Piauí). Por lá espera-se uma redução na produção de quase 12% se comparada a safra anterior, segundo a Conab. A boa notícia é que a incidência de doenças foi menor em alguns estados como no Piauí, o que fez o produtor gastar menos com aplicações.

O Matopiba deve produzir ao todo 13,2 milhões de toneladas nessa safra, ou seja, 11,4% dos 115,3 milhões que o país produzirá nesta safra. No ano passado a região produziu quase 12% a mais (14,9 milhões de toneladas) e também tinha uma participação maior no Brasil, com 12,5%. Mas vale lembrar que mesmo com as quebras a região ainda está produzindo mais que a média histórica antes do ano passado, que foi uma temporada atípica e muito produtiva.

Piauí produz menos, mas nem tanto

A área plantada de soja, no Piauí, atingiu 758 mil hectares. aumento de 6,7% em relação à safra anterior. Mas a produtividade por hectare deve diminuir, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento, chegando a 50,5 sacas por hectare, contra as 59,5 da safra anterior. Por lá, os produtores plantaram mais cedo (a partir de 15 de outubro) e pegaram veranico entre dezembro e janeiro, bem na fase de enchimento de grão.

“A maior peculiaridade da safra 2018/2019 é a irregularidade nas chuvas. Ficou muito desuniforme, eram manchadas, dava para observar isso dentro de propriedades. Na nossa fazenda, por exemplo, tem diferenças de até 150 milímetros de um talhão para o outro”, diz o presidente da Aprosoja-PI, Alzir Neto.

Com isso a projeção para o estado é de uma safra menor, na casa de 2,2 milhões de toneladas, ante as 2,5 milhões de toneladas da temporada anterior, mas bem acima das safras anteriores, que não chegavam nem a 2 milhões de toneladas.

A irregularidade de chuvas não traz apenas desvantagens para a região, já que a baixa umidade em alguns períodos também diminuiu a incidência de pragas nas lavouras. Um dos exemplos é a ferrugem asiática, que no Piauí, não houve sequer uma ocorrência do fungo, até agora.

“Esse ano tem sido bem tranquilo. não temos nenhuma notícia, nenhum fato de casos extremos de pragas, doenças um algum outro fator extra que tenha prejudicado. a redução do potencial produtivo foi o período de 30 dias de irregularidades de chuvas”, conta o diretor executivo da Aprosoja-PI, Rafael Maschio.

Forte quebra na Bahia

A exemplo do Piauí, mas em uma situação mais preocupante aparece a Bahia. Por lá a quebra será muito mais significativa para o Matopiba, já que são esperadas uma quebra de 21,1%, nada mais, nada menos, que uma perda de quase 2 milhões de toneladas nesta safra, segundo a Conab. Isso significa que a produção de soja esperada será de 4,9 milhões de toneladas, ante as 6,3 milhões da safra 2017/2018.

“Esta redução esperada na produção, deve-se principalmente às condições climáticas desfavoráveis as quais poderão interferir na produtividade das lavouras. Os plantios estão distribuídos pelo vale do São Francisco e extremo oeste, e o plantio das lavouras estão finalizados, com estimativa de redução de 1,8% em relação à safra passada. Esta redução na área cultivada deve-se a perda de área para a cultura do algodão e falta de investimento em novas áreas devido à elevação dos custos de produção e aos entraves de escoamento da safra”, afirma a Conab.

Tocantins e Maranhão

Completando o quadro de quebras, que fará a região do Matopiba produzir XX% a menos nesta safra ante a anterior, aparecem o Tocantins e o Maranhão. Em Tocantins, segundo a Conab, a cultura teve sua colheita iniciada após a primeira quinzena de janeiro, mas a expectativa de maior produtividade (que existia no início da safra) foi substituída por apreensão dos produtores em todo o estado.

“Veranicos que ocorreram em dezembro e janeiro prejudicaram as lavouras em todas as fases de desenvolvimento, sendo as áreas mais arenosas e de cascalho as mais atingidas. Há relatos de produtores que tiveram que replantar extensas áreas na região sul do estado. Devido ao plantio espaçado, as lavouras se encontram em todos estádios de desenvolvimento, com a grande maioria em enchimento de grãos e maturação”, afirma a entidade.

Com isso a produção do estado será quase 1% menor, chegando a 3 milhões de toneladas.

No Maranhão as perdas serão um pouco maiores, de 3,7%, chegando a 2,8 milhões de toneladas, ante as 2,9 milhões do ano passado. Segundo a Conab as lavouras de soja da região conhecida de Balsas mostram perdas de rendimento em função da ocorrência de fortes veranicos, a exemplo do município de São Domingos do Azeitão que experimentou entre 40 e 42 dias de estiagem.

“Em algumas áreas onde ocorreu severa infestação de nematoides, os produtores como método de controle, alternam o sistema de manejo entre plantio direto e cultivo mínimo. O plantio da soja iniciou no final de dezembro, com previsão de término no início de fevereiro”, afirma a entidade.

 

Fonte: Projeto Soja do Brasil

 

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