27 abr de 2018
Brasil – Agricultura – Nova armadilha para bicudo-do-algodoeiro

GGT é uma promissora ferramenta de captura e monitoramento de Anthonomus grandis em plantações de algodão

O algodão é uma das culturas de fibras mais importante do mundo, com uma média de 35 milhões de hectares plantados​ e movimentando aproximadamente US$ 12 bilhões por ano. É produzido em mais de 60 países dos cinco continentes, sendo que o Brasil está entre os cinco maiores produtores mundiais – juntamente com a China, Índia, Estados Unidos e Paquistão – e se destaca pela maior produtividade de algodão de sequeiro.

 

A principal praga dessa cultura nas Américas e causadora de perdas de até 70% da produção é o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis). Sua primeira detecção no Brasil foi em 1983 no Estado de São Paulo e no mesmo ano já haviam relatos na região Nordeste do país. As fêmeas ovipositam nos botões florais, onde após a emergência a larva se alimenta das fibras e sementes. Uma das indicações da presença do inseto na lavoura são as maçãs do algodão apresentarem perfurações externas devido ao hábito de alimentação e oviposição do inseto, assim como alteração na coloração e queda prematura.

 

A detecção precoce da ocorrência do bicudo é uma das melhores táticas de manejo. Para isso, normalmente é realizado o monitoramento com armadilhas de capturas de adultos. A distância entre as armadilhas instaladas em campo e a quantidade são determinadas após definição dos talhões de algodão de acordo com a análise do histórico de infestação na safra anterior. A partir do número de insetos capturados será determinado o programa de aplicação de inseticidas e as medidas a serem tomadas.

 

Até o momento, a armadilha comercial e o Tubo de Atração e Controle do Bicudo (BWACT) é a ferramenta utilizada para fazer o monitoramento e captura do bicudo, porém há algumas limitações como, por exemplo, o fato de que BWACT não é permitido em produção orgânica por conter inseticida. Dessa forma, visando analisar uma nova ferramenta para monitoramento e controle do bicudo, pesquisadores brasileiros realizaram experimentos em campos de algodão localizados em municípios dos Estados de Pernambuco e Mato Grosso, em um período de três safras (de abril de 2009 a março de 2012). A atividade da praga foi avaliada quanto às taxas de captura nos tubos em relação aos danos nos frutos e o número de adultos nas plantas.

 

A armadilha – denominada pelos autores de “Grandlure-and-glue tube” (GGT) – foi feita com um tubo reutilizável de PVC de cores diferentes (amarelo, verde e verde-fluorescente), sem inseticida, com cola entomológica e feromônio. Uma vez por mês, nove tubos (três de cada cor) eram instalados aleatoriamente em cada campo de pesquisa. Armadilhas BWACT também foram instaladas para parâmetro de comparação.

 

As análises laboratoriais e estatísticas permitiram verificar que o bicudo mostrou atividade durante o período de crescimento vegetativo e entressafra e que as GGTs obtiveram um número mais alto de captura de insetos e mostraram melhor correlação entre as capturas e o dano na plantação quando comparada com a captura das armadilhas BWACT, sendo possível identificar a praga em campo logo após o plantio. Além disso, foi possível constatar que apesar das armadilhas de todas as cores terem obtido bons resultados de captura do bicudo, a amarela sobressaiu-se.

 

GGT mostrou ser uma promissora ferramenta de armadilha reutilizável para os produtores de algodão convencional e orgânico. O levantamento da dinâmica populacional do bicudo do algodoeiro nas lavouras é de suma importância, pois permite diagnosticar a infestação da praga na área de cultivo e ser feito um manejo racional do inseto, podendo reduzir significativamente o potencial de infestação da praga e, consequentemente, reduzir os impactos econômicos e aumentar a produtividade.

Para saber mais:

Neves et al. (2018)

Fonte: Portal Defesa Vegetal.Net

 

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