19 fev de 2018
Brasil – Agricultura – Novamente o milho em discussão

Por Ivan Ramos – diretor executivo da Fecoagro

 

O assunto é recorrente nesse espaço. E será sempre, pois enquanto não resolvermos o problema de abastecimento de milho em SC, deve voltar à discussão tantas vezes forem necessárias. Há quem diga que nunca vamos resolver esse nosso problema de falta de milho, pois estamos com capacidade de industrialização de carnes e de leite bem maior do que nossa produção de grãos. Esse comparativo é matemático, mas ainda há espaço pelo menos para redução dessa dependência.

 

O elo da cadeia do milho e das carnes em SC está sempre discutindo, e porque não, muitas vezes divergindo nas opiniões. Evidentemente que essa situação de falta de milho com preços razoáveis para as duas partes, produtor e consumidor em nosso Estado, tem pontos positivos e negativos. Como dizia o ex-governador Esperidião Amin, trata-se de um bom problema. Bom porque se está faltando milho é porque temos estrutura de transformação em carnes e isso tem valor agregado ao produtor. Também é bom para o produtor de milho que sempre terá mercado garantido. Ruim para quem depende do milho e nunca sabe como será no ano seguinte.

 

O Governo do Estado tem se esforçado para minimizar essa deficiência do grão mantendo programas de incentivos ao plantio com expressivos subsídios na semente e no calcário visando e aumento da produtividade. Em 2016 idealizou outro programa para o médio e grande produtor catarinense onde em parceria com as cooperativas subsidiava sementes e insumos de alta tecnologia para aumentar a produtividade e garantia preços remuneradores com compra antecipada. Naquele ano, funcionou razoavelmente bem. Aumentou pouco a área de plantio e a produtividade melhorou bem.

 

Já no ano passado, não saiu do papel. As agroindústrias, principais compradoras do milho ao quiseram participar, na expectativa de que preço iria cair. E caiu, mas também desestimulou plantio. Associado ao comportamento do clima inadequado, a produtividade foi afetada e, consequentemente, a produção. Ainda persiste a sistemática dos consumidores de milho, de só comprarem na época da colheita, sem planejamento de compra antecipada, mesmo sabendo que sempre necessitarão do produto.

 

Enquanto não tivermos a consciência que precisamos incentivar com preços na hora do plantio, e não apenas na colheita, ficaremos nessa indefinição de plantio e de preços. O produtor faz contas e quando vê que no plantio de outra cultura é mais rentável, muda a decisão de plantio, daí ficamos nós de SC buscando no Centro Oeste, importando do Paraguai e Argentina e pagando bem mais do que se tivesse garantido melhor remuneração aos produtores em SC. Com isso perde o Tesouro do Estado que deixa o ICMS para os outros estados.

 

O problema do milho volta ser discutido em nível nacional no dia 21, a partir de Concórdia, um dos principais centros consumidores do produto. O Canal Rural vai promover um Fórum com especialistas não apenas na produção e produtividade, mas também em logística e armazenagem que fazem parte do processo. Espera-se que todos os segmentos envolvidos participem e discutam, pois afinal, o milho continua sendo o grão de ouro em SC e precisa ser debatido permanentemente. Ignorar isso, tanto pelos produtores como pelos consumidores é não querer resolver o problema. Pense nisso.

 

Fonte: Fecoagro

 

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