Por Ivan Ramos – diretor executivo da Fecoagro
São frequentes as reclamações de empresários e da população de modo geral de que o Brasil é um país enrolado na burocracia. Nem mesmo o advento da informática com tecnologias avançadas em instantaneidade nas comunicações consegue superar os entraves que se encontra no dia a dia, quando se depende de alguma liberação de licenças, autorizações ou documentos similares e que são controlados por órgãos públicos.
Infelizmente no Brasil se parte do princípio que todos são desonestos, e por isso se criam controles que emperram os negócios e o fluxo natural das coisas. É bem verdade que se surgem normas, são para proteger os corretos, mas isso não pode significar sentar em cima de processos e ignorar o reflexo em toda uma cadeia de negócios, de empregos, e de arrecadação para manter a máquina pública.
Um exemplo recente denunciado na semana passada está provocando revolta do setor de importação de grãos para a agroindústria catarinense. Em reunião realizada Pinhalzinho, lideranças do agronegócio e políticos identificaram que a burocracia federal esta’ infernizando os importadores de milho e de trigo. Os órgãos de controle na aduana brasileira estão atrasando importações e provocando sérios prejuízos à cadeia produtiva de carnes e de farinhas em SC. Todos nós sabemos que trazer milho do Paraguai custa bem menos do que vir do Centro-Oeste por questões logísticas, mas as dificuldades para entrar no Brasil via Dionísio Cerqueira em SC tem dado muita dor de cabeça e prejuízo aos empresários do setor.
A demora de até 20 dias para liberar um caminhão com grãos importados é inconcebível, num país que precisa agilizar a atividade econômica para sair da crise. Pelos relatos de que isso ocorre pela falta de estrutura nos órgãos de controle na fronteira, é a mais clara evidência que falta gestão pública dos responsáveis pelo Poder. Além disso, se reclama de certa soberba de funcionários públicos que cuidam disso, ignorando que a redução de negócios afeta a toda uma cadeia produtiva e, por consequência, a arrecadação de tributos no país.
Muitos esforços estão sendo feitos na área administrativa e política em nível federal e com pouca sensibilidade nos órgãos de controle. Será que um dia vamos ter uma máquina pública que acompanhe a velocidade do desenvolvimento dos negócios no mundo? Será vamos ter autoridades e políticos com poder e que entendam essa situação e mudem a rota desse comportamento? Será que não existe um quadro funcional qualificado e interessado em atender as necessidades de cada setor, para agilizar os negócios nesse país?
Esse ano é de eleições e teremos o momento certo para mudar as pessoas elegendo as que têm mais comprometimento para que essas alterem os procedimentos, com o desenvolvimento, e não apenas com o corporativismo de algumas categorias, que ficam sentadas em cima de direitos adquiridos por influência política. Está na hora da mudança, de pessoas e de conceitos. Pense nisso.
Fonte: Fecoagro